Nesta segunda-feira (3), no decorrer do 5º Fórum de Cooperação China-África, que decorre em Pequim entre 3 e 4 de setembro, o presidente chinês, Xi Jinping, anunciou a disponibilidade do governo para perdoar uma parte da dívida dos países africanos ao país. É precisamente o possível endividamento do continente, relembremos, que costuma gerar maior crítica por parte dos analistas. Aliás, Pequim até chega a ser acusado de travar uma política "neocolonialista" em relação a esse continente.
"Os processos na economia global são muito complexos. É fácil os especialistas poderem encontrar dois extremos contraditórios no mesmo fenômeno. Em minha opinião, a política da China na África é, provavelmente, uma chance única para desenvolver a infraestrutura. Claro que processos complexos também pressupõem a existência de desafios, que costumam ser resolvidos durante a própria realização das iniciativas", opina o economista.
De acordo com ele, uma das razões principais do grande engajamento da China nos projetos africanos se explica pela necessidade chinesa de "se desenvolver". Assim, a concorrência na África é evidentemente mais baixa, comparando com a União Europeia e, claro, com os EUA, enquanto o número de necessidades que possam ser satisfeitas por Pequim é maior.
"Os créditos, por parte de qualquer país, colocam a economia dos países africanos em uma situação de risco. Aqui é importante responder à pergunta sobre o que é melhor — não assumir um empréstimo por medo da ‘armadilha da dívida' e não construir uma ferrovia ou rodovia, um sistema de irrigação, um hospital, etc… Ou, mesmo assim, é melhor acordar um crédito e criar um bem para a população", analisa ele.
Nesse respeito, o economista relembra a medida anunciada ontem (3) por Xi Jinping, de perdão de parte das dívidas, o que, pelo visto, vai dar um fôlego às economias que não estão em condições de pagar a Pequim no momento.
Dado que recentemente muitos projetos chineses na África têm sido relacionados com infraestruturas sociais e missões de paz, o especialista reconhece que Pequim não é apenas motivado pelo "altruísmo".
"Sim, se trata inclusive de um [projeto] de imagem pública. E isto é normal. A maioria dos países desenvolvidos têm seus próprios programas de assistência aos países em desenvolvimento e pobres", explica o interlocutor da Sputnik Brasil.
Analisando o peso crescente de Pequim no continente, Lukonin assegura que medidas semelhantes por parte do Ocidente não vão demorar, pois este não planeja ceder posições econômicas e geopolíticas ao seu novo "inimigo" na guerra comercial.
"Claro [que os EUA vão também apresentar projetos]. Hoje em dia, o principal confronto se trava no campo midiático. Mais tarde, aparecerão as medidas práticas. Por exemplo, hoje as autoridades estadunidenses anunciaram um investimento extra no valor total de quase 60 bilhões de dólares para alocar por todo o mundo, inclusive em projetos de infraestrutura", citou.