O chanceler chinês se encontrou na quinta-feira passada (27) com seu homólogo sírio Walid Muallem às margens da Assembleia Geral da ONU e afirmou que Pequim aprecia muito as relações sírio-chinesas e "não se absterá" da recuperação da Síria, segundo cita a agência Xinhua.
Porém, ressalta o colunista do Vzglyad Mikhail Moshkin, Pequim manteve laços coma a Síria mesmo durante a guerra, e Damasco, segundo afirmou em março de 2016 o presidente Bashar Assad, espera que "o processo [de recuperação] se baseará na ajuda dos três principais Estados que apoiaram a Síria durante a crise: a Rússia, a China e o Irã".
Além disso, Pequim considerou a Síria como uma das "interfaces" da iniciativa Nova Rota da Seda: a China planeja criar um dos roteiros do sistema de transporte euroasiático através do Irã e Iraque para a Síria e seus portos mediterrâneos.
Quanto à parceria político-militar entre os dois países, esta remonta à época de Mao Tsé-Tung, nota o colunista, acrescentando que Pequim ajudou no desenvolvimento do programa de mísseis sírio.
Neste contexto, se vê como lógica a visita de navios da Marinha chinesa à costa síria em 2013, quando a guerra estava no auge e faltavam dois anos até o início da operação russa: assim, a China "marcou sua presença", mas de uma forma cautelosa, frisa Moshkin.
"A China ficou observando em que resultaria o confronto entre Damasco e a oposição síria, por um lado, e entre a Rússia e os EUA, por outro lado. Agora a China começou a anunciar estar pronta para prestar ajuda humanitária. É uma tática comum chinesa", opinou o analista.
Quanto maior era sucesso do exército sírio, apoiado pela Força Aeroespacial russa, na luta contra os terroristas, tanto mais ativamente Pequim prometia participar da recuperação da Síria, diz o artigo. Assim, em 2017 o governo chinês anunciou planos de investir cerca de 2 bilhões de dólares na construção de um parque industrial no país árabe. Mais tarde, foi informado que a gigante chinesa de equipamentos para redes de comunicação Huawei poderia se encarregar de restaurar as telecomunicações sírias.
"Primeiro, a China está interessada em entrar na Síria para recuperar a infraestrutura. Pois quem possui infraestrutura, vias ferroviárias, possui o país. Segundo, Pequim tem interesse na exploração dos campos de petróleo sírios", apontou Maslov.
Neste ponto irá de certo modo competir com a Rússia, sublinha, que "sofreu as maiores despesas e baixas na Síria", e que também está interessada na recuperação, sendo esta vantajosa para Moscou do ponto de vista geopolítico.
"A recuperação da Síria significará que os países que participem do processo reconhecerão que o ‘regime de Assad' deve permanecer pelo menos até às próximas eleições […] Assim, a participação chinesa da recuperação também é uma questão política e não apenas econômica", comentou ao Vzglyad Konstantin Simonov, diretor do Fundo de Segurança Energética Nacional.
Resumindo, o autor do artigo ressalta que, tal como Pequim, Moscou tem seus interesses econômicos na Síria, de que falou o presidente Putin durante sua Linha Direta anual.