Análise: EUA podem estar modificando estratégia de dissuasão nuclear

© REUTERS / Lucy NicholsonLançamento de míssil balístico intercontinental, EUA
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Donald Trump anunciou recentemente que pretende retirar seu país do tratado INF, acusando a Rússia de estar violando o acordo, mas a saída poderia pôr em perigo a estratégia de dissuasão nuclear: "pode estar sendo modificada e, se isso ocorrer, nós entramos em terreno desconhecido", opina analista.

Mais cedo, o presidente dos EUA, Donald Trump, assegurou que sairia do Tratado INF (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário), assinado com a URSS em 1987, justificando sua possível saída do acordo devido à suposta violação por parte de Moscou.

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Datado de 1987, o Tratado INF previa a eliminação de mísseis balísticos e de cruzeiro, nucleares ou convencionais, cujo alcance correspondesse a intervalos entre 500 e 5.500 quilômetros.

Segundo declarou à Sputnik o especialista em relações internacionais Alberto Hutschenreuter, o abandono unilateral do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário implicaria uma preocupação constante com as repercussões, "que sempre serão negativas".

"Trata-se de regimes internacionais (Rússia e Estados Unidos), que controlam um segmento muito sensível de segurança estatal, tais como armas de destruição em massa, de modo que qualquer situação de ambas as partes implica uma preocupação", alertou Hutschenreuter.

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No entanto, ele esclareceu que não é de surpreender a ameaça da saída americana, porque "já há algum tempo os Estados Unidos vêm abandonando tratados importantes". Em particular, o especialista lembra que em 2001, o governo de George W. Bush abandonou o Tratado sobre Mísseis Balísticos (ABM), assinado em 1972 com a URSS para impedir a proliferação de armas nucleares.

"Então, especialistas já estão começando a se preocupar com a dissuasão nuclear, considerando os avanços importantes ligados a novos armamentos", explicou Hutschenreuter.

Na opinião do analista, "tanto os EUA como a Rússia estão muito à frente de outros países com armas de destruição em massa, portanto todos os tratados assinados entre estes dois poderes são muito importantes".

Por esta razão, "a desculpa de Washington de que estão indefesos frente ao desenvolvimento de outros países do Oriente Médio ou da Ásia me parece infundada, uma vez que o poder deste país é esmagador contra qualquer país exceto da Federação da Rússia", esclareceu.

Além disso, nas palavras do analista, o fato de os Estados Unidos continuarem adotando decisões unilaterais sem consenso e sem negociação dificulta o apoio:

"É muito difícil para a China e a Rússia seguirem os Estados Unidos nesta questão, exceto por seus vassalos estratégicos como o Reino Unido."

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Ao comentar as acusações de Trump para justificar a saída do acordo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou categoricamente que a Rússia tenha cometido qualquer violação do tratado. Ele alertou que a retirada dos Estados Unidos "tornará o mundo em um lugar mais perigoso" e que Moscou deve tomar medidas preventivas para "restabelecer o equilíbrio".

Nessa conexão, segundo Hutschenreuter, a questão de "aproximação" das forças da OTAN ao território da Rússia fará com que o país aumente sua defesa. "Hoje, alguns países da OTAN, como os do Báltico que fazem fronteira com a Rússia, representam ameaça, apesar de não terem armas estratégicas", concluiu o analista.

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