Pelo menos cinco grupos de sobreviventes da bomba atômica (Hibakusha) assinaram uma carta de protesto contra a embaixada dos EUA em Tóquio alertando o presidente Donald Trump contra a retirada do Tratado de Forças Nucleares Intermediárias (INF), segundo o jornal japonês Asahi Shimbun.
Na carta, os sobreviventes advertiram especificamente que, se Washington deixar o Tratado INF, "o ímpeto global pelo desarmamento nuclear desaparecerá enquanto a probabilidade de uma guerra nuclear vai aumentar".
Referindo-se ao Tratado da ONU sobre a Proibição de Armas Nucleares, que deve entrar em vigor no ano que vem, os sobreviventes da bomba atômica pediram a Trump que "não volte atrás".
A carta foi emitida após o presidente do Conselho de Ligação Hibakusha do Centro do Movimento da Paz da Prefeitura de Nagasaki, Koichi Kawano repreender Trump por seus planos de retirar-se do Tratado INF.
"Sucessivos presidentes dos EUA tiveram reuniões com seus colegas soviéticos e russos, mesmo que fossem pólos opostos em algumas questões. Mas o presidente Trump não tem essa atitude, e estamos ficando mais desesperados e ansiosos", disse.
As palavras foram endossadas pelo vice-presidente do Conselho de Sobreviventes da Bomba Atômica de Nagasaki, Minoru Moriuchi que argumentou que, além da possível retirada dos EUA do Tratado INF, Tóquio e japoneses comuns fazendo vista grossa para a questão também representam um problema e uma ameaça à paz mundial.
"Uma vez que uma guerra nuclear ocorra, ela pode colocar em risco toda a humanidade. (…) Estou profundamente frustrado que o governo e o povo japonês não estejam fazendo nada contra isso", afirmou Moriuchi.
Na segunda-feira, o porta-voz do Pentágono, coronel Rob Manning disse que a posição do Secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, sobre uma possível saída dos EUA do Tratado INF é similar à posição do presidente Donald Trump sobre o assunto.
A declaração foi divulgada alguns dias depois que o presidente Trump disse que Washington provavelmente deixaria o Tratado INF por causa das contínuas violações do documento pela Rússia. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a retirada obrigaria Moscou a tomar medidas para garantir sua segurança.
Nos últimos anos, a Rússia e os EUA acusaram-se repetidamente de violar o tratado, que foi assinado pela URSS e pelos EUA em 1987.
O documento estipula a eliminação de mísseis nucleares e convencionais e seus lançadores com faixas de 500 a 1.000 quilômetros e 1.000 a 5.500 quilômetros.