Sobreviventes da bomba atômica do Japão pedem que Trump não abandone Tratado com a Rússia

© AP Photo / Laboratório Nacional de Los Alamos A nuvem de cogumelo do Ivy Mike (codinome dado ao teste) se eleva acima do Oceano Pacífico sobre o Atol Enewetak nas Ilhas Marshall em 1 de novembro de 1952
A nuvem de cogumelo do Ivy Mike (codinome dado ao teste) se eleva acima do Oceano Pacífico sobre o Atol Enewetak nas Ilhas Marshall em 1 de novembro de 1952 - Sputnik Brasil
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O pedido foi feito após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar no sábado que seu governo estava se preparando para retirar-se do Tratado de Forças Nucleares Intermediárias devido às violações do acordo pela Rússia.

Pelo menos cinco grupos de sobreviventes da bomba atômica (Hibakusha) assinaram uma carta de protesto contra a embaixada dos EUA em Tóquio alertando o presidente Donald Trump contra a retirada do Tratado de Forças Nucleares Intermediárias (INF), segundo o jornal japonês Asahi Shimbun.

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Hibakusha é um termo japonês usado para designar as vítimas dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, que mataram pelo menos 129.000 pessoas e deixaram inúmeras pessoas cegas ou com danos permanentes por radiação.

Na carta, os sobreviventes advertiram especificamente que, se Washington deixar o Tratado INF, "o ímpeto global pelo desarmamento nuclear desaparecerá enquanto a probabilidade de uma guerra nuclear vai aumentar".

Referindo-se ao Tratado da ONU sobre a Proibição de Armas Nucleares, que deve entrar em vigor no ano que vem, os sobreviventes da bomba atômica pediram a Trump que "não volte atrás".

A carta foi emitida após o presidente do Conselho de Ligação Hibakusha do Centro do Movimento da Paz da Prefeitura de Nagasaki, Koichi Kawano repreender Trump por seus planos de retirar-se do Tratado INF.

"Sucessivos presidentes dos EUA tiveram reuniões com seus colegas soviéticos e russos, mesmo que fossem pólos opostos em algumas questões. Mas o presidente Trump não tem essa atitude, e estamos ficando mais desesperados e ansiosos", disse.

As palavras foram endossadas pelo vice-presidente do Conselho de Sobreviventes da Bomba Atômica de Nagasaki, Minoru Moriuchi que argumentou que, além da possível retirada dos EUA do Tratado INF, Tóquio e japoneses comuns fazendo vista grossa para a questão também representam um problema e uma ameaça à paz mundial.

"Uma vez que uma guerra nuclear ocorra, ela pode colocar em risco toda a humanidade. (…) Estou profundamente frustrado que o governo e o povo japonês não estejam fazendo nada contra isso", afirmou Moriuchi.

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O prefeito de Nagasaki, Tomihisa Taue, por sua vez, disse que pediu que a Rússia e os EUA "negociem com calma e não voltem o relógio à era da Guerra Fria".

Na segunda-feira, o porta-voz do Pentágono, coronel Rob Manning disse que a posição do Secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, sobre uma possível saída dos EUA do Tratado INF é similar à posição do presidente Donald Trump sobre o assunto.

A declaração foi divulgada alguns dias depois que o presidente Trump disse que Washington provavelmente deixaria o Tratado INF por causa das contínuas violações do documento pela Rússia. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a retirada obrigaria Moscou a tomar medidas para garantir sua segurança.

Nos últimos anos, a Rússia e os EUA acusaram-se repetidamente de violar o tratado, que foi assinado pela URSS e pelos EUA em 1987.

O documento estipula a eliminação de mísseis nucleares e convencionais e seus lançadores com faixas de 500 a 1.000 quilômetros e 1.000 a 5.500 quilômetros.

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