A jornalista espanhola visitou um campo de férias que afirma dar preparação militar e educação patriótica a crianças e jovens. Ele se localiza no antigo acampamento soviético Líder, nos arredores de Kiev, não tem site oficial, mas convida crianças e adolescentes de 7 a 16 anos através do Facebook ou de pessoas conhecidas.
O campo de férias é capaz de alojar cerca de 200 adolescentes em turnos de 20 dias. O pessoal usa uniformes militares e treina os meninos em natação, atletismo, tiro ao alvo, montagem e desmontagem do rifle automático AK-47 e outros exigentes exercícios físicos.
Tudo isso ocorre, relata a jornalista, ao som de hinos nacionalistas, música no estilo hardcore ou punk rock ucraniano. Os adolescentes treinam também marcha militar, cantando slogans nacionalistas. Ao início da noite, acontecem diferentes apresentações com canções e bandeiras nacionalistas, tochas acesas, adolescentes vestidos de fardas militares e balaclavas, ao mesmo tempo que levantam o braço com a mão aberta para cima, comunicou El Confidencial.
"Estamos dando educação patriótica à juventude nas condições da guerra no Leste da Ucrânia. É muito importante educar as crianças para que elas se tornem patriotas e possam defender o seu país em caso de necessidade", contou Ivan Granatkin.
Um outro funcionário do campo comentou à jornalista que eles estão preparando os meninos para resistência à Rússia. Segundo ele, tendo tal agressor ao lado, a Ucrânia se virá obrigada a entrar em guerra mais cedo ou mais tarde, acrescentando que sonha ver essas crianças e adolescentes se tornarem soldados.
Já há quatro anos que milhares de crianças e adolescentes ucranianos passam o verão nestes campos de preparação militar, onde não existem as habituais normas educativas e pedagógicas, escreve Ethel Bonet no seu artigo.
"Mesmo que o conflito na Ucrânia seja resolvido, o perigo permanecerá, visto que as jovens gerações são formadas em um clima de ódio em relação a quem está no outro lado. A preparação militar reforçada de crianças e adolescentes representa uma bomba-relógio para o futuro ucraniano", escreve a jornalista.
Em fevereiro de 2015, as partes em conflito assinaram os acordos de paz de Minsk para acabar com os combates na região, mas a situação permaneceu tensa, com as duas partes acusando-se mutuamente de violações do cessar-fogo.