Desavença entre Trump e Macron pode estar por detrás dos protestos violentos na França?

© Sputnik / Irina Kalashnikova / Acessar o banco de imagensAções de protesto maciços contra aumento de preços do combustível em Paris, em 24 de novembro de 2018
Ações de protesto maciços contra aumento de preços do combustível em Paris, em 24 de novembro de 2018 - Sputnik Brasil
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Sábado passado foi o segundo dia a fio em que os franceses saíram às ruas por quase todo o país para protestar contra o aumento dos preços da gasolina e do diesel. A Sputnik analisa que motivos ocultos poderiam ter provocado tal levantamento popular.

Em seu artigo especial para a Sputnik, o autor do blogue Crimson Alter, Ivan Danilov, traça paralelos com as chamadas revoluções coloridas "clássicas" com esses eventos, e sublinha que as forças interessadas nesse levantamento tentam "encaixar" a figura de Emmanuel Macron, presidente francês, no papel do ex-presidente ucraniano derrubado em fevereiro de 2014 na sequência de um golpe de Estado na Ucrânia.

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Entretanto, opina o colunista, Macron é muito diferente pela sua personalidade, ou seja, demonstra que "não tem medo de sangue e violência", o que será seu maior trunfo para continuar no poder.

De acordo com Danilov, as ações de protesto em massa, os confrontos com a polícia e o uso de um símbolo especial — coletes amarelos — poderia ser interpretado como uma "verdadeira rebelião popular contra um presidente impopular". Porém, o jornalista vê nisso uma alegada intervenção externa, argumentando-o com uma série de "coincidências suspeitas" que ocorreram após as declarações de Macron em relação à criação de um exército europeu e à restauração da soberania europeia.

"Pelo visto, suas intenções foram levadas muito a sério, e Washington decidiu tomar as medidas necessárias", opina o autor.

Assim, analisa Danilov, hoje em dia fica evidente que os problemas do presidente francês adquiriram, em primeiro lugar, um caráter econômico. Por exemplo, na opinião da agência Bloomberg, a detenção do presidente da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, no Japão, foi um golpe pessoal contra Macron. Ghosn, acusado de fraude financeira bilionária, embora tenha um relacionamento complicado com o presidente francês, pode "assombrar" muito a reputação de Macron, que também é acusado de ignorar e até favorecer a corrupção na empresa.

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Para entender melhor o contexto da situação, analisa ele, é importante tomar em consideração mais um fato.

"Atualmente, na Europa está atuando ativamente a mão direita e o chefe de fato da anterior campanha eleitoral de Trump, Steve Bannon, que foi muitas vezes acusado de tentar minar a União Europeia. Em seu recente discurso na Universidade de Oxford, o próprio Bannon mostrou diretamente sua atitude negativa para com Macron e o acusou de trair os interesses da França", escreve Danilov.

Ao mesmo tempo, sublinha o autor, não se pode descartar que Bannon "é um grande especialista em campanhas políticas nas redes sociais" e sabe bem trabalhar através de "métodos subversivos" dirigidos contra o establishment político.

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"Pode parecer que a ligação entre as ações de protesto e massa, o bloqueio de estradas, as barricadas e a posição de Macron quanto à independência europeia em relação aos EUA é uma invenção. Isso não é de descartar, porém é pouco provável, pois o próprio presidente dos EUA, Trump, expôs diretamente no Twitter sua postura quanto àquilo que na verdade está se passando na França", reflete o jornalista.

Donald Trump, por sua vez, realmente postou ontem (25) o seguinte tweet:

"Os grandes e violentos protestos na França não tomam em consideração o quão ruim os EUA têm sido tratados pela União Europeia quanto ao comércio e aos pagamentos justos e razoáveis pela nossa ÓTIMA proteção militar. Ambos os tópicos devem ser resolvidos já."

Na opinião de Danilov, essa mensagem deixa bem clara a postura da administração estadunidense, na qual o presidente ressalta que se a Europa está precisando de proteção, então terá que pagar.

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Neste caso, resume o autor, a França está perante uma escolha: "dar continuidade à transformação da França em uma colônia da UE", pois é isto que Macron pretende fazer, ou continuar com "o estatuto da França como uma colônia dos EUA", com as despesas ainda aumentadas para satisfazer as "ambições de Donald Trump".

Toda a situação em torno dos protestos franceses mostra mais uma vez, ressalta o colunista, que o Ocidente unido deixou de existir e que os "antigos aliados" passaram a usar uns contra os outros "armas" que anteriormente usavam exclusivamente contra inimigos externos.

"Em um certo sentido, começou uma guerra civil política transatlântica, e quanto mais tempo as partes em confronto estejam ocupadas uma com a outra, melhor para todo o mundo, que já está bem farto tanto das ambições geopolíticas estadunidenses, quanto das europeias", concluiu.

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