No dia 3 de dezembro, a Bloomberg informou ter obtido um documento da Comissão Europeia com um roteiro detalhado para a valorização do euro, acrescentando que o projeto seria apresentado por Bruxelas no final desta semana.
"Há espaço para o euro desenvolver ainda mais seu papel global e atingir seu pleno potencial, refletindo o peso político, econômico e financeiro da zona do euro", diz o documento.
Além disso, é citada no documento a retirada unilateral do presidente norte-americano, Donald Trump, do Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA), e a retomada das sanções contra o Irã, que acabaram atingindo os interesses das empresas do bloco europeu.
Outro intuito do projeto é buscar uma alternativa ao sistema global de transferências financeiras, SWIFT, que, embora esteja localizado na Europa, é de fato subordinado aos EUA. No início do mês, o sistema de transferências desconectou as instituições financeiras iranianas, mesmo que os signatários do JCPOA, incluindo a UE, tenham reiterado seu compromisso com o acordo nuclear iraniano.
"Embora as propostas não sejam uma legislação vinculativa, sua adoção potencial pela UE pode derrubar o mercado global de energia", alertou a edição.
Como a UE continua sendo a maior importadora de energia do mundo, a decisão do bloco de comprar hidrocarbonetos em euro, poderá ser um duro golpe para o dólar, de acordo com o economista.
"O que há a sublinhar no grande projeto da Comissão Europeia é que o plano não funcionará sem a Rússia, o que significa que Paris e Berlim provavelmente terão que reduzir levemente seus impulsos antirrussos, porque precisarão da cooperação de Moscou nessa questão vital", destacou o analista.
Danilov destaca que a Rússia continua sendo o principal fornecedor de energia para a União Europeia, e que as medidas referidas acima "criam as condições para a indústria de energia da Rússia mudar para transações na moeda europeia".
"A redução da 'zona do dólar' é nada menos que uma ameaça existencial para a economia e o sistema financeiro americanos", ressalta Danilov, ao comentar sobre a dura resposta que Washington poderá vir a dar.