"A América precisa de um novo modo de fazer guerra", aponta o relatório publicado nesta quarta-feira por Chris Dougherty, representante do Centro da Nova Segurança Americana (CNAS, na sigla em inglês).
"Pela primeira vez em décadas, é possível imaginar os Estados Unidos combatendo - e possivelmente perdendo - uma guerra em grande escala com uma grande potência. A ideia de que os Estados Unidos - com as forças armadas mais caras do mundo - podem perder essa guerra parece absolutamente absurda. No entanto, a possibilidade de guerra e de derrota dos EUA é real e crescente", avisa Dougherty.
Chris Dougherty argumenta que Pequim e Moscou compensaram suas fraquezas respetivas utilizando o tempo e a geografia como vantagem e desenvolveram armas e estratégias para atingir as vulnerabilidades dos EUA e seus aliados nas operações militares dos EUA.
O autor afirma que os Estados Unidos são um poder de 'status quo' existindo em um período de mudanças disruptivas, e que o modo de guerra que surgiu no pós-Guerra Fria não vai funcionar hoje em dia.
"Tudo isto se baseia em suposições estratégicas e operacionais que foram produto do período histórico anômalo de dominância norte-americana incontestada", escreve Dougherty. "As suposições desse período são agora profundamente incorretas ou completamente inválidas e devem ser atualizadas para a era da competição entre grandes potências".
Nenhum dinheiro jogado no Pentágono irá ajudar se for usado para investir em "conceitos incorretos". Isso seria um desperdício de recursos e "uma enorme oportunidade perdida de fazer melhores investimentos", sublinha o autor do relatório.
A simples percepção de que uma derrota dos EUA é possível poderia "desfazer" a constelação de alianças e parcerias que sustentam a ordem global que tem beneficiado Washington desde o fim da Segunda Guerra Mundial, adverte Dougherty.
Entretanto, ainda não é claro o efeito que esse estudo terá. Embora a administração Trump tenha aumentado o orçamento do Pentágono e prometa reformar o Exército "esgotado", ela não aprecia muito o Centro da Nova Segurança Americana. Esse “think tank” teve influência em Washington durante a administração Obama, tendo alguns de seus veteranos entre os diretores e o conselho consultivo.