Com 90 tripulantes, o novo quebra-gelo pode funcionar de forma autônoma durante 60 dias. O navio foi entregue ao Instituto de Pesquisas Polares.
Interesse da China na região
Atualmente, a China tem dois quebra-gelos. Em 2012 foi realizada uma expedição para o Ártico que durou 90 dias. O primeiro navio chinês deste tipo, o Xue Long, percorreu a distância de 2.894 milhas marítimas. Os cientistas chineses estudaram o estado das águas na região.
O Xue Long, adquirido à Ucrânia, não só foi transformado em quebra-gelo, mas também foi várias vezes modernizado – foram instalados um novo motor e um veículo submersível, o que permite ao quebra-gelo ficar em funcionamento até 2030.
O Xue Long 2 é um pouco menor do que seu antecessor, mas o navio está dotado de equipamento para filmagem oceanográfica, para controle da camada de gelo polar, pesquisa do fundo marinho e das condições atmosféricas e ecológicas, bem como dos recursos biológicos.
Embora a China não seja um Estado ártico, o país tem interesses nas latitudes setentrionais. Em janeiro de 2018, o Conselho de Estado da China publicou o primeiro Livro Branco sobre a política no Ártico, em que declara que quer criar novas rotas de comércio em colaboração com outros países no âmbito da iniciativa Rota da Seda Polar. Segundo o documento, a China também tenciona extrair gás, petróleo e recursos minerais nesta região.
Reação internacional
Os planos de Pequim provocaram uma reação nervosa em Washington. Em 23 de maio deste ano, o conselheiro de Segurança Nacional John Bolton declarou que a Marinha norte-americana receberia em breve novos quebra-gelos para concorrer na região com a Rússia e resistir à "expansão ilegal" da China.
Na Rússia, estas iniciativas de Pequim são vistas de uma outra perspectiva.
"Eu não falaria sobre uma grande expansão da China no Ártico. Obviamente, Pequim tem interesses na região. [...] Teoricamente, eles estão interessados na Rota Marítima do Norte como uma alternativa às rotas que estão sendo usadas atualmente. Mas a China não tem planos globais de aumento da presença no Ártico", disse à Sputnik o pesquisador do Instituto do Extremo Oriente (Rússia), Vasily Kashkin.
O especialista destacou que todos os países com ambições científicas e marítimas realizam pesquisas polares. Sem estações na Antártica, sem expedições para o Ártico, é impossível estudar as mudanças climáticas e desenvolver outros ramos da ciência. Quase todos os grandes países têm quebra-gelos de pesquisa – o Japão, a França, o Reino Unido.
Região disputada
Entretanto, segundo várias mídias, até 2025, a China planeja realizar 20% do comércio exterior através da Rota Marítima do Norte, pelo norte da Rússia e Europa. A distância entre o porto da cidade russa de Murmansk e o porto japonês de Yokohama é cerca de 5.700 milhas marítimas, enquanto a distância da rota que passa pelo canal de Suez ou canal do Panamá é cerca de 12.800 milhas.
Atualmente, a Rússia possui quatro quebra-gelos nucleares (Yamal, 50 Let Pobedy, Taimyr e Vaigach) em funcionamento na Rota Marítima do Norte, além dos quebra-gelos não nucleares. Mais três navios (Arktika, Sibir e Ural), os maiores e mais potentes na sua classe, serão lançados nos próximos três anos.
Em novembro do ano passado, os EUA declararam que é preciso fortalecer a sua presença militar na região, explicando a exigência pelo aumento da atividade comercial e marítima na região, provocada pelas mudanças climáticas e pelo degelo.
Em resposta a essas declarações, a Rússia elaborou novas regras de passagem pela Rota Marítima do Norte, que exigem a notificação de Moscou sobre a passagem de navios de outros países e a presença a bordo de um especialista russo em navegação.