Esta posição foi defendida por Dmitry Kiselev, diretor-geral da agência Rossiya Segodnya, grupo no qual se inclui a agência de notícias Sputnik.
Em declarações no canal de televisão Rossiya 1, Kiselev opinou que as ações empreendidas por ativistas e pela própria polícia turca em Ancara e Istambul contra os escritórios locais da Sputnik contribuem negativamente para o clima das previstas negociações entre Vladimir Putin e Recep Erdogan.
"Tendo relações deterioradas com a Europa e com o mundo árabe, tendo interferido na Líbia e lançado operações de combate contra o Exército sírio, ignorando entretanto a posição do Irã e obtido da OTAN apenas palavras de simpatia, o presidente turco embarca numa aventura arriscada", afirmou Kiselev.
Segundo o diretor-geral da Rossiya Segodnya, o líder turco aparenta não se importar de criar uma atmosfera desfavorável às conversações com o seu homólogo russo.
Kiselev observou que a Turquia só tem a ganhar em manter boas relações com a Rússia, mas Erdogan comete "erros atrás de erros".
"Nem sequer está completamente claro se isto é somente desleixo ou alguma manifestação de novas intenções", acrescentou.
Kiselev realçou a atitude até agora contida do Kremlin, desta forma "dando uma chance" para o presidente turco ao não fechar as portas ao diálogo.
Mas Kiselev adverte que "há sempre um limite para a paciência do Kremlin" e que o "presidente Putin não tolera o incumprimento e, sobretudo, a insinceridade".
Situação com a Sputnik Turquia
Vale recordar que neste sábado (29), no seguimento de protestos perto do Consulado-Geral russo em Ancara, ativistas não identificados atacaram o apartamento de três jornalistas da Sputnik Turquia.
Chamada a polícia, as três vítimas acabaram sendo detidas.
Posteriormente em Istambul, no escritório local da Sputnik, foi detido o seu editor-chefe.
Na base das detenções estiveram vagas acusações de apoio ao terrorismo.
Os quatro colaboradores foram liberados no dia 1º à noite, não tendo a promotoria "encontrado" quaisquer indícios criminais nas ações dos funcionários da agência.
Estes incidentes ocorrem pouco antes da visita oficial de Erdogan a Moscou prevista para 5 de março, segundo informou a administração da Presidência russa, na qual ele deveria manter conversações com seu homólogo russo, Vladimir Putin.
Face a estes acontecimentos, não se preveem como fáceis as conversações entre os dois líderes.