'Queremos fatos concretos': empresários revelam quem lucra com a visita de Bolsonaro a Moscou
18:23 15.02.2022 (atualizado: 18:51 15.02.2022)
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Encontro entre empresários de Brasil e Rússia preparou documento com demandas e deu a largada na agenda oficial da visita do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), a Moscou.
Nesta terça-feira (15), empresários e representantes setoriais de Brasil e Rússia realizaram o primeiro encontro da agenda de eventos da visita do presidente Jair Bolsonaro a Moscou.
O Fórum do Conselho Empresarial Brasil-Rússia produziu um relatório que deve ser entregue ao chefe do Executivo brasileiro amanhã (16), após seu encontro com o presidente russo Vladimir Putin.
No início da reunião, o presidente do lado brasileiro do Conselho Empresarial e CEO do frigorífico Marfrig, Marcos Molina, disse que sua intenção é "enviar para o presidente [do Brasil, Jair Bolsonaro] fatos concretos no nosso relatório final".
Resultados concretos não faltam para o presidente do lado russo do Conselho, Andrei Guriev, CEO da gigante do setor de fertilizantes russo, PhosAgro.
Empresários russos e brasileiros reunidos em reunião do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, Moscou, Rússia, 15 de fevereiro de 2022
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Em 2021, a empresa registrou um aumento de 40% no embarque de fertilizantes ao mercado brasileiro, ultrapassando a cifra de 1,5 milhão de toneladas.
"Esperamos não só manter esse patamar de fornecimento de fertilizantes [para o Brasil], mas também aumentá-lo. O complexo agroindustrial continuará sendo a locomotiva para incrementar o volume de negócios entre Rússia e Brasil", acredita Guriev.
Após forte queda em 2020, o comércio bilateral entre Brasil e Rússia cresceu 90% em 2021 e atingiu recorde histórico, com fluxo estimado em US$ 7,5 bilhões (cerca de R$ 38 bilhões).
Essas trocas, no entanto, foram deficitárias para o Brasil. Entre 2017 e 2021, o volume de exportações brasileiras para a Rússia caiu 44%, de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões) para US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7 bilhões).
O presidente da Associação de Industriais e Empresários da Rússia (RSPP, na sigla em russo), Aleksandr Shokhin, reconheceu a demanda brasileira por mais equilíbrio na balança comercial.
"É realmente necessário equilibrar essas relações, no quanto as circunstâncias atuais permitam", disse Shokhin à Sputnik Brasil. "Nós lutamos para que as barreiras [tarifárias] entre os nossos países sejam as menores possíveis. Talvez uma zona de livre comércio ainda esteja longe de ser concretizada, mas mecanismos de redução de barreiras devem, sim, ser ativados."
Presidente da Associação de Industriais e Empresários da Rússia (RSPP, na sigla em russo), Aleksandr Shokhin, durante encontro do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, Moscou, Rússia, 15 de fevereiro de 2022
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A necessidade de eliminar barreiras foi elencada como um dos principais temas no relatório final da reunião do Conselho, que contou com a presença do presidente da farmacêutica União Química, Fernando de Castro Marques, do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Antonio Camardelli, da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados, Guilherme Coelho, entre outros.
Vontade política
O presidente da APEX-Brasil, Augusto Pestana, comemorou o resultado da reunião do Conselho Empresarial Brasil-Rússia.
"O encontro foi extremamente proveitoso", disse Pestana à Sputnik Brasil. "Houve tanto do lado brasileiro, quanto do lado russo uma demonstração de que diferentes setores dispostos a levar a parceria Brasil-Rússia a uma nova fase, como é o caso da indústria farmacêutica."
Os setores farmacêuticos debatem o fornecimento de insulinas para o mercado brasileiro além de retomar o diálogo sobre a vacina contra a COVID-19 de fabricação russa, Sputnik V.
Além do comércio de bens, o presidente da APEX quer ver mais investimentos nas relações bilaterais.
A empresa estatal Ferrovias Russas (RZhD, na sigla em russo), expressou interesse em participar de projeto no estado do Paraná. Já a empresa do setor de energia nuclear, Rosatom, quer papel relevante na finalização das obras da usina de Angra 3.
Além disso, em 4 de fevereiro, foi anunciada a compra pelo grupo russo do setor de fertilizantes Acron da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobras em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.
"Talvez o grande resultado do evento de hoje seja o comprometimento da parte russa em inaugurar uma nova fase nos investimentos, com maior presença e projetos de infraestrutura", revelou Pestana. "Isso será discutido amanhã com o presidente da República, com foco para oportunidades no setor de ferrovias, energia e fertilizantes."
Segundo Pestana, o interesse da comunidade empresarial na área de investimentos é corroborado pela vontade política: "O presidente Bolsonaro está aqui em Moscou para demonstrar o compromisso do Brasil com a parceria econômica com a Rússia".
Presidente, Jair Bolsonaro, chega à Rússia, 15 de fevereiro de 2022
© Valdenio Vieira / Palácio do Planalto / CCBY 2.0
Nesta quarta-feira (16), o relatório produzido durante a reunião do Conselho será apresentado ao presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante seu encontro com a comunidade empresarial de Brasil e Rússia, às 11h30 do horário de Brasília, no tradicional hotel Metropol, na capital russa.
O presidente Jair Bolsonaro encontra-se em visita oficial à Rússia, entre os dias 15 e 17 de fevereiro. O chefe do executivo brasileiro se reunirá com seu homólogo russo, Vladimir Putin, nesta quarta-feira (16), a partir das 7h00 do horário de Brasília.
