Analista: Jogos Internacionais do Exército 2022 mostram força da Rússia e recuperação da Venezuela
10:00 12.08.2022 (atualizado: 13:22 12.08.2022)
© Sputnik / Aleksandr KryazhevMilitares belarussos durante a etapa Trilha do Batedor na competição Os Melhores da Inteligência Militar, no contexto dos Jogos Internacionais do Exército 2020
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Em entrevista à Sputnik Brasil, Pedro Paulo Resende, especialista em Defesa e assuntos militares, explica que a edição deste ano dos Jogos Internacionais do Exército mostra que a Rússia não está sozinha e que a Venezuela se recuperou, apesar de todas as sanções que sofreu.
Organizados anualmente pela Rússia, os Jogos Internacionais do Exército deste ano estão para começar. O evento tem início no próximo sábado (13) e se encerra no dia 27.
A edição deste ano será a maior desde o início da competição, em 2015, com a participação de 275 equipes, de 37 países, que disputarão em 36 modalidades.
A competição ocorrerá em 12 países: Azerbaijão, Argélia, Armênia, Belarus, Venezuela, Vietnã, Irã, Índia, Cazaquistão, China, Uzbequistão e Rússia, que sediará a maioria das disputas.
Uma novidade na edição deste ano é a presença de um país ocidental como sede de uma das disputas: a Venezuela, que sediará a competição de atiradores de elite.
Os jogos deste ano ocorrem em um momento crítico para a geopolítica mundial, com a Rússia engajada na operação militar especial na Ucrânia, com forte oposição do Ocidente, e a China envolta em uma crise diplomática com os EUA em torno de Taiwan.
A Sputnik Brasil conversou com Pedro Paulo Resende, jornalista especializado em Defesa e assuntos militares, para saber o que a edição atual pode representar diante do cenário global.
Em primeiro lugar, Resende destaca que a competição é uma prova de força da Rússia diante das sanções ocidentais.
"É uma prova de força porque o Ocidente tem um discurso de que Moscou ficou em situação de isolamento depois de todas as sanções em virtude da operação especial na Ucrânia. E isso é uma prova de que não está [nessa situação]. Esse é o maior dos jogos já promovidos pela Federação da Rússia desde o início."
Porém ele joga luz, em especial, no significado que essa edição tem para a Venezuela. Ele aponta que a participação nos jogos e o fato de o país sediar uma das competições é também uma prova de que "a Venezuela não está sozinha, não está isolada".
"Aliás, desde que a operação especial na Ucrânia começou que a Venezuela passou a ser alvo de interesse dos Estados Unidos. Eles voltaram a se aproximar da Venezuela. Mas o ponto principal é esse: mostra que ela tem a solidariedade de boa parte do mundo."
Resende aponta a força do Exército da Venezuela, país que tem uma antiga tradição militarista. "As Forças Armadas da Venezuela são muito bem treinadas e têm uma moral alta. Os desfiles nacionais mostram isso; são forças muito aguerridas, que mostram orgulho do passado e do presente delas", explica Resende.
Questionado sobre se Caracas pode fazer os jogos militares de vitrine para expor a força de suas tropas, Resende concorda e acrescenta que o país também pode aproveitar a ocasião "para mostrar que voltou à normalidade".
"Apesar de todas as sanções, a Venezuela começa a voltar à normalidade. Tem inclusive uma avaliação do Credit Suisse, que é o maior banco suíço, de que a Venezuela neste ano cresce 20%. Em suma, é uma prova de que sanções podem atrapalhar muito, mas os países conseguem superá-las, desde que tenham o apoio de parte da comunidade internacional."
Resende destaca que, no caso da Venezuela, o país "tem o apoio econômico da República Popular da China, o apoio tecnológico da República Islâmica do Irã e o apoio militar da Federação da Rússia" como elementos essenciais diante das sanções ocidentais.
Por fim, questionado sobre se o Brasil poderia ser uma das sedes da próxima edição, Resende diz que "acha difícil que o país receba competições desse tipo".