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Operação militar especial russa
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Analista: 'Zelensky não se importa mais com solução do conflito nem com população civil ucraniana'

© AP Photo / Serviço de imprensa do Ministério da Defesa da RússiaNavio russo lança míssil contra infraestrutura da Ucrânia em 10 de outubro de 2022
Navio russo lança míssil contra infraestrutura da Ucrânia em 10 de outubro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 10.10.2022
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Há um esforço nítido da Rússia em evitar ataques à população da Ucrânia, mas o presidente deste país, Vladimir Zelensky, comandado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e pelos Estados Unidos, não se importa muito mais com a solução do conflito nem com as consequências sobre a população civil ucraniana.
A avaliação é do escritor Ricardo Quiroga Vinhas, pesquisador do grupo de estudos 9 de Maio, um dos especialistas consultados pela Sputnik Brasil acerca do ataque maciço de precisão de longo alcance visando instalações de energia, comando militar e comunicações da Ucrânia, em resposta ao ataque do último sábado (8) contra a Ponte da Crimeia.

"A Ucrânia deve fazer mais ações, porque a Rússia vai responder, e isso prolongará a ajuda ocidental explícita ou implícita à Ucrânia, inclusive com o envio de soldados. Acho que vai haver uma escalada, mas infelizmente quem vai pagar por essa escalada é a população ucraniana, por mais que claramente a Rússia esteja evitando atingir a população ucraniana diretamente", analisou.

© AP PhotoChamas e fumaça sobem da Ponte da Crimeia, que conecta a Rússia à península da Crimeia, após explosão, em 8 de outubro de 2022
Chamas e fumaça sobem da Ponte da Crimeia, que conecta a Rússia à península da Crimeia, após explosão, em 8 de outubro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 10.10.2022
Chamas e fumaça sobem da Ponte da Crimeia, que conecta a Rússia à península da Crimeia, após explosão, em 8 de outubro de 2022
Vinhas prossegue dizendo que, se o Ocidente não tivesse se intrometido, o conflito terminaria em um mês ou dois meses, "porque as Forças Armadas ucranianas foram destroçadas" pelo Exército da Rússia.
Com o oferecimento de equipamento militar e inteligência do Ocidente, há um prolongamento do conflito.

"O presidente comediante, como chamo Zelensky, não se importa muito mais com a solução do conflito nem com as consequências sobre a população civil ucraniana. Ele faz isso a mando da OTAN e do governo dos Estados Unidos, principalmente, para tentar criar uma imagem de enfraquecimento, um suposto enfraquecimento russo. E a resposta ela [a Rússia] já deu de ontem para hoje com o bombardeio, atingindo infraestrutura e instalações militares. Ou seja, uma resposta bem dura, e provavelmente não vai parar nisso. Zelensky passou a ser um fantoche das potências ocidentais."

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'Guerra por procuração' da OTAN, EUA e UE

O escritor nota que o conflito ucraniano é uma "guerra por procuração" perpetrada pelos Estados Unidos e pela União Europeia, instrumentalizando a Ucrânia para esse fim.

"Esse conflito, que na verdade é uma guerra por procuração dos Estados Unidos [...] [e da] Europa, busca criar, dentro da propaganda política de guerra, essas imagens para demonstrar que o outro lado está enfraquecido, que pode ser atingido, que pode perder. As famosas táticas, mais antigas do que a história da humanidade, foram para tentar fazer uma demonstração de força e de propaganda", indicou.

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O analista geopolítico Rogério Anitablian concorda com Vinhas.
Ele acrescenta que o aspecto da formalidade da candidatura da Ucrânia à OTAN enfrenta resistência de países-membros da própria aliança — sobretudo no sentido de que se teria uma perspectiva de retaliação que não interessa aos países dentro da OTAN.

"Diferentemente da Suécia e da Finlândia, uma entrada da Ucrânia na OTAN seria uma coisa absolutamente inadmissível para a Rússia. Esse conflito, que seria um conflito por procuração, por informações dadas por satélites, por inteligência e por assessoria militar foi assumido, semanas atrás, em pronunciamentos feitos por Bruxelas no sentido de dizer que quando houve uma ação de ucranianos na região de Carcóvia, essa ação foi comandada sob o ponto de vista político e logístico, além das questões militares em si, pela própria OTAN. A OTAN assume uma participação e, nesse sentido, agrava a crise", observou.

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Isso significa que são dezenas de países envolvidos na crise sob essa chancela, sob esse guarda-chuva.
Anitablian lembra que são potências nucleares, tanto países da aliança militar ocidental quanto a Rússia.

"Há cerca de três semanas, houve um anúncio público da OTAN no sentido de que capitaneava, de alguma forma, o esforço, além da entrega de Himars [sigla em inglês para Sistemas de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade], de mísseis e de projéteis, sob o ponto de vista da coordenação, que é um dado político, que é o que mais preocupa neste momento", elucidou.

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Esse conflito está ganhando um novo desenho, com um novo tom de dramaticidade, segundo o analista — à medida que algumas situações têm se mostrado difíceis de serem implementadas.

"As próprias negociações de paz, que no início do conflito foram bastante cogitadas e tentadas em um momento, acabaram sendo abandonadas (muito provavelmente em função de elementos interessados na continuidade desse conflito)."

Em sua avaliação, o ataque contra a Ponte da Crimeia mostra que não há disposição para se chegar a um entendimento na mesa de negociações pelo lado ucraniano.
Muito provavelmente o governo ucraniano tem sido pressionado por forças que não querem encerrar a situação em curto prazo, em função dessa aliança que vem se formando em torno do governo de Kiev.

"É um sacrifício muito grande para o povo ucraniano, porque esse conflito acaba ocorrendo em detrimento da própria população ucraniana", lamentou.

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Aparentemente, diz ele, o que se ambiciona é uma solução que leve, por parte dos países ligados à OTAN, a uma espécie de controle político dentro da Federação da Rússia.
Isso porque uma composição que mantenha essa situação politicamente estabelecida hoje na Rússia não interessa ao Ocidente.

"Não vejo uma condição de escalada do conflito. Mas também não vejo negociações de paz em curto prazo. Por quê? Porque me parece que é um jogo de tudo ou nada. E esse jogo de tudo ou nada é muito perigoso para o mundo, muito perigoso para a humanidade de um modo geral, porque [...] [o conflito pode] escalar com réplicas e tréplicas potenciais, com armas de alto poder de letalidade. Naturalmente, não torço por isso. Torço para que haja uma resolução pacífica, diplomática e política desse conflito que, como disse, afeta o mundo todo economicamente, a estabilidade política e a própria estabilidade física do planeta, potencialmente", conclui Anitablian.

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