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Parceria tecnológica com a Rússia poderia impulsionar áreas de interesse do Brasil, diz especialista

© Sputnik / Aleksei Danichev / Acessar o banco de imagensO casco do quebra-gelo nuclear Yakutia, da classe 22220, durante inauguração em São Petersburgo. Rússia, 22 de novembro de 2022
O casco do quebra-gelo nuclear Yakutia, da classe 22220, durante inauguração em São Petersburgo. Rússia, 22 de novembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 07.12.2022
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A Rússia lançou mais um dos cinco navios quebra-gelo do Projeto 22220 em uma cerimônia em São Petersburgo. A Sputnik Brasil discutiu a importância desses navios e possíveis impactos de parcerias com um especialista militar da Marinha do Brasil.
No fim de novembro, a Rússia inaugurou um novo navio quebra-gelo nuclear, o Yakutia. Considerado o mais poderoso navio do tipo no mundo, o lançamento da embarcação contou com a participação do presidente russo, Vladimir Putin. Os quebra-gelos do projeto de origem do Yakutia têm a capacidade de quebrar gelo de até três metros de espessura.
A Sputnik Brasil conversou com Robinson Farinazzo, especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, para discutir a influência da liderança tecnológica russa no setor e como possíveis parcerias com a indústria brasileira poderiam beneficiar o país e a promoção de um mundo multipolar.

Projeto rende vantagens à Rússia no Ártico

Para Farinazzo, o Projeto 22220, do qual faz parte o Yakutia, se consolidou como um projeto estratégico para manter abertas as rotas no Ártico e deve garantir diversas vantagens à Rússia devido à tecnologia incorporada.

"É um investimento estratégico da Rússia, que deve lhe render muitos dividendos, tanto no campo econômico quanto na geopolítica dessas regiões, desses países afetados. Essa classe de quebra-gelos é a maior e mais poderosa do mundo, então ela deve afetar Japão, Coreia do Sul e a própria China, que é um país bastante interessado na economia dessa região", avalia, acrescentando que o projeto visa conectar os oceanos Pacífico e Atlântico.

Farinazzo destaca que a Rússia tem "excelente expertise na construção de reatores" civis e militares e que domina a tecnologia há décadas.

"A construção de um reator naval tem uma série de especificidades. Tem que ser um reator menor, miniaturizado, para caber em pequenos compartimentos. Não é qualquer país que tem essa tecnologia, e a Rússia já domina isso há várias décadas", afirma.

Projeto 22220: os maiores e mais poderosos quebra-gelos do mundo - Sputnik Brasil, 1920, 22.11.2022
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Projeto 22220: os maiores e mais potentes quebra-gelos do mundo

Retrospecto mostra 'bons dividendos' para parceiros da Rússia

O oficial da reserva da Marinha ressalta que as parceiras militares com a Rússia costumam gerar "bons dividendos" para os países envolvidos. Farinazzo cita Índia e China como exemplos de parceiros que se beneficiaram da aquisição de tecnologia russa para suas respectivas indústrias de defesa. Segundo o especialista, o Brasil também poderia se beneficiar desse tipo de cooperação.

"É um caso que o Brasil poderia pensar. Poderia iniciar com memorandos de entendimento visando pelo menos prospectar atividades dessa área, e depois se avaliaria a relação custo-benefício. Acho que pelo menos um kick off, um pontapé inicial, o Brasil deveria dar para ver o que poderia ser obtido em termos de avanços para a nossa indústria de defesa, em virtude da transferência de tecnologia por parte dos russos", aponta.

O especialista cita, além da tecnologia de propulsão nuclear, a expertise russa em setores como a exploração espacial, a construção de satélites, o lançamento de foguetes e o sistema de geolocalização russo, GLONASS.

"O Brasil tem muito a absorver nessa área. Eu lembro que sempre foi uma ambição brasileira dominar a tecnologia de foguetes e satélites, mas a gente vem patinando há décadas nessa área. Então acho que o Brasil pode desenvolver joints com a Rússia nesse sentido", aponta, acrescentando ainda possíveis benefícios de eventuais parcerias para a exploração de petróleo e gás.

Para Farinazzo, o mundo unipolar liderado pelos Estados Unidos, que beneficiava aliados como os países da Europa Ocidental, além de Japão, Canadá e Austrália, está obsoleto. Nesse cenário, ele acredita que o Brasil se beneficiaria da aproximação com a Rússia no âmbito do BRICS.
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