Lula: EUA e UE 'entraram' no conflito Moscou-Kiev de imediato e não usaram tempo para negociar paz
15:33 06.04.2023 (atualizado: 15:39 06.04.2023)
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante café com jornalistas, 6 de abril de 2023
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0
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Em café da manhã com jornalistas nesta quinta-feira (6) no Palácio do Planalto, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, concedeu algumas declarações sobre o conflito entre Ucrânia e Rússia.
Lula criticou a "entrada" imediata de países da União Europeia e do Estados Unidos na situação e disse que houve um erro estratégico quando países desenvolvidos não "gastaram muito tempo" nas negociações de paz no início do conflito.
"O Brasil defende a integridade territorial de cada nação. Nós não concordamos com a invasão da Rússia na Ucrânia. Agora, nós achamos que o mundo desenvolvido, sobretudo a União Europeia e os Estados Unidos, não poderia ter aceitado entrar na guerra da forma como entraram, com rapidez, sem antes gastar muito tempo tentando negociar. E negociar a paz é muito complicado", afirmou Lula de acordo com o jornal O Globo.
O Brasil tem uma posição diplomática em torno do conflito, ao mesmo tempo que dialoga com a Rússia também fala com a Ucrânia, e defende a criação de um "clube da paz" com países que não estejam diretamente envolvidos para mediar a situação.
"A guerra começou e alguém tem que parar. Os dois não vão tomar a iniciativa de parar. Alguém de fora tem que ajudar. Estou convencido que tanto a Ucrânia quanto a Rússia, estamos esperando alguém de fora [...] a paz é mais complicada do que a guerra. Guerra é um desejo insano, mas a guerra tem que ser construída", afirmou.
Lula também acredita que Moscou deveria retirar as tropas, mas que Kiev não deve "querer tudo o que vai querer".
"[Vladimir] Putin não pode ficar com o terreno da Ucrânia. Talvez nem se discuta a Crimeia, mas o que ele invadiu [em 2022] vai ter que repensar. O [Vladimir] Zelensky não pode querer também tudo o que ele pensa que vai querer. Tudo isso é assunto que tem que ser colocado na mesa."
O assessor especial internacional da presidência da República, embaixador Celso Amorim, esteve na semana passada em Moscou e se encontrou com o presidente Vladimir Putin.
Segundo Amorim, Putin "falou bastante de temas bilaterais e se deteve no objeto principal da visita, a paz. Ele deu detalhes de sua versão sobre as dificuldades que eles encontraram pra negociar quando estavam dispostos" e indicou que os russos "apreciavam" a intenção do Brasil de ajudar nas negociações de paz.
No encontro, Amorim disse a Putin que Lula e o Brasil são especiais, e podem contribuir. O presidente russo, de acordo com o assessor presidencial, "riu" e sempre esteve de bom humor, relata a mídia.
Brasília pretende conversar com a China sobre sua proposta de criar um grupo a favor da paz, na visita de Lula a Pequim. O presidente e sua delegação partem no próximo dia 11.