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Reconhecimento da Palestina por trio europeu expõe 'grande fracasso' na diplomacia de EUA e Israel

© AFP 2023 / Guillermo SalgadoEstudante segura bandeira palestina no Chile, em 25 de outubro de 2023
Estudante segura bandeira palestina no Chile, em 25 de outubro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 22.05.2024
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Noruega, Irlanda e Espanha anunciaram planos para se juntarem ao crescente bloco de países europeus que reconhecem a condição de Estado da Palestina.
A Sputnik conversou com especialistas em política do Oriente Médio e no conflito palestino-israelense sobre o que aconteceria a seguir.
Israel chamou de volta seus embaixadores na Noruega, Irlanda e Espanha nesta quarta-feira (22) para "consultas urgentes", convocando enviados em Tel Aviv e ameaçando os países com "graves consequências", depois que o trio anunciou planos para reconhecer formalmente a Palestina como Estado — provavelmente com base em suas fronteiras anteriores a 1967 — a partir da próxima semana.
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"Israel não permanecerá em silêncio diante daqueles que minam a sua soberania e põem em perigo a sua segurança", disse o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, em comunicado após o anúncio do reconhecimento.

"A decisão de hoje envia uma mensagem aos palestinos e ao mundo: o terrorismo compensa", alegou Katz, acusando os três países de "escolherem recompensar o Hamas" com a criação de um Estado após a sua incursão surpresa no sul de Israel, em outubro de 2023.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, saudou a medida do trio, dizendo que ela ajudará a consagrar "o direito do povo palestino à autodeterminação" e aproximará da realidade uma solução de dois Estados. O Hamas — que não reconhece o direito de Israel à existência — também saudou o desenvolvimento, chamando-o de "um passo importante no caminho para estabelecer o nosso direito à nossa terra" e instando mais países a seguirem o exemplo.

'Grande fracasso da diplomacia dos EUA'

"É claro que reconhecer o Estado palestino é um grande passo — é significativo", disse à Sputnik Mehmet Rakipoglu, professor assistente da Universidade Mardin Artuklu, na Turquia.
Rakipoglu acredita que os três países têm estado politicamente fora da órbita dos EUA e de Israel há algum tempo, com alguns, como a Irlanda, a partilhar uma simpatia especial pelos palestinos, com base na sua própria experiência de sofrimento nas mãos do imperialismo britânico.

"Portanto é claro que isso é um grande fracasso da diplomacia dos EUA", cravou o observador.

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"Esse é um fracasso normal da diplomacia israelense, não [apenas] nesses países, mas também a nível internacional", disse à Sputnik Ayman Yousef, professor de ciência política e relações internacionais na Universidade Árabe-Americana, na Palestina.

"Terá implicações muito boas para outros países da União Europeia reconhecerem a Palestina. Vemos mudanças drásticas nas prioridades da política externa desses países. Esperamos que países como Bélgica, Malta, Eslovênia e até Grécia e Portugal reconheçam também a Palestina", ponderou Yousef.

Israel não tem ninguém para culpar além de si

Israel é o único país culpado pela mudança da opinião mundial contra ele, mesmo entre os seus amigos tradicionais no Ocidente, sublinhou o observador, apontando para a brutalidade das operações israelenses em Gaza, que já mataram ou mutilaram mais de 5% da população da Faixa de Gaza antes da guerra.

"Israel destruiu quase tudo: hospitais, mesquitas, igrejas e universidades, escolas e todas as fundações civis de Gaza. Penso que o nível e a magnitude dessa destruição levaram esses países a mudarem as suas políticas na direção certa. E acho que muitos países da União Europeia começam a pensar que a estabilidade e a segurança no Oriente Médio não serão alcançadas […]. Será uma opção remota se não reconhecerem a Palestina como um país independente e soberano", disse Yousef.

"Israel está falhando não só dentro da União Europeia, mas também nas Nações Unidas, principalmente em convencer outros países. Mesmo nos EUA, há uma enorme oposição às políticas adotadas pelos israelenses — as manifestações estudantis em muitas universidades americanas são apenas um exemplo disso", arrematou o observador à Sputnik.
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