Plano de produção de armas EUA-Ucrânia pode 'falhar em todos os objetivos', diz ex-analista dos EUA
10:54 27.05.2024 (atualizado: 15:23 27.05.2024)
© AFP 2023 / Sergei SupinskyMilitares ucranianos carregam um caminhão com o Javelin FGM-148, míssil antitanque portátil norte-americano fornecido pelos EUA à Ucrânia como parte de um apoio militar, após sua entrega no aeroporto Borispol de Kiev, 11 de fevereiro de 2022
© AFP 2023 / Sergei Supinsky
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Produção de armas EUA-Ucrânia pode 'falhar em todos os seus objetivos', diz ex-analista dos EUA O Departamento de Estado dos EUA anunciou recentemente um pacote de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,3 bilhões) para Kiev destinado a criar o chamado fundo do Programa Empresarial de Defesa da Ucrânia (UDEP, na sigla em inglês).
Ninguém vai se inscrever para fazer parte de um acordo sobre a coprodução de armas Kiev-Washington, dados os ataques de precisão russos à infraestrutura militar ucraniana em meio à sua guerra por procuração com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), disse à Sputnik o ex-analista de contraterrorismo do Departamento de Estado dos EUA, Scott Bennett.
Em particular, o fundo poderia ser usado para "enfraquecer estrategicamente a Rússia, afastando parceiros dos sistemas russos e apoiando empréstimos [de financiamento militar estrangeiro] a parceiros e aliados", disse um funcionário não identificado do Departamento de Estado, citado pelo Defense One.
"Sem qualquer dúvida, o pacote de financiamento dos EUA para a Ucrânia — destinado a ser usado para estimular a indústria armamentista europeia, financiar a coprodução de armas EUA-Ucrânia e atrair países para longe do mercado de armas russo — falhará em todos os seus objetivos", disse o ex-analista de contraterrorismo do Departamento de Estado dos EUA, Scott Bennett, em entrevista à Sputnik.
Ele explicou que "o esquema de desenvolvimento de armas entre os EUA e a Ucrânia acabará por fracassar porque toda a nação da Ucrânia está agora evoluindo para um Estado falido".
Outro aspecto diz respeito ao fato de a Ucrânia "não ter mais pessoal capaz de criar armas, e nenhuma capacidade para estabelecer tal empreendimento no seu solo, uma vez que a Rússia imediatamente atacaria e destruiria tais instalações antes que pudessem produzir ou implantar quaisquer armas a serem utilizadas contra soldados russos", segundo Bennett.
"Os ucranianos sabem disso e, portanto, ninguém se inscreveria 'voluntariamente' para fazer parte de qualquer instalação na Ucrânia que realizasse tais atividades, porque seria apenas uma questão de tempo até que o edifício desaparecesse em uma montanha de escombros", destacou o ex-analista do Departamento de Estado.
Quando questionado sobre que tipos específicos de armas ou munições os EUA poderiam coproduzir com a Ucrânia, Bennett disse que "este tipo de armas terroristas de guerrilha podem incluir drones, bombas marítimas, aéreas e terrestres".
Ele não descartou que as nações investidoras envolvidas no projeto UDEP "seriam provavelmente o Reino Unido, a França, a Alemanha e os Países Bálticos".
Abordando a questão do mercado de armas, Bennett disse que os EUA "têm estado em esteira transportadora para a produção de armas com o propósito superficial de enriquecer os políticos e o complexo militar-industrial, e não para fins de eficiência militar". Segundo ele, "essa é uma falha letal e um impedimento que o resto do mundo vê e, portanto, consciente e inconscientemente, vê as armas dos EUA-OTAN em um nível inferior ao das armas russas".
Bennett se referiu às armas russas como algo "projetado para derrotar os militares ucranianos dos EUA-OTAN", que ele disse ser visto como "o principal desestabilizador do mundo".
"[...] é lógico assumir que as armas russas serão valorizadas e procuradas como o antídoto natural ou a melhor defesa contra futuras operações empíricas ocidentais — das quais eles se vangloriam abertamente de virem com indiferença fatalista e narcisista", prosseguiu.
Como tal, o esquema de desenvolvimento de armas entre os EUA e a Ucrânia "confirmará mais uma vez aos povos norte-americano e europeu — atualmente mantidos reféns dos seus governos — que o verdadeiro inimigo dos povos ocidentais são os tiranos do seu próprio governo que estão usando a guerra para sangrar dinheiro dos cidadãos e construir uma desculpa infindável para um controle político autoritário absoluto, usando medo interminável e 'rumores de guerra'", concluiu o ex-analista do Departamento de Estado.