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Lula quer adidos agrícolas em todos os países do BRICS, diz secretário da Agricultura

© Foto / Ana Livia Esteves Secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, Julio Ramos, em Moscou, Rússia, em 27 de junho de 2024
Secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, Julio Ramos, em Moscou, Rússia, em 27 de junho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 28.06.2024
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Representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária estão na Rússia para uma reunião do BRICS, na qual o Brasil quer consolidar as relações comerciais com os novos membros. A pedido de Lula, o Brasil enviará adidos agrícolas para todos os membros do grupo já em setembro, revelou o chefe da delegação brasileira à Sputnik Brasil.
Nesta sexta-feira (28), os ministros da Agricultura do BRICS se reúnem em Moscou, na Rússia, para debater o desenvolvimento do complexo agroindustrial e a segurança alimentar nos países do agrupamento. O Brasil estará representado por uma delegação chefiada pelo secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, Julio Ramos.
Durante o evento, as autoridades de países do BRICS estendido — compreendendo agora Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Irã, Egito e Etiópia — debaterão os termos da Declaração Conjunta dos Ministros da Agricultura do BRICS de 2024.
A interação do Brasil com os novos membros é intensa, e, por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, adidos agrícolas serão enviados às embaixadas brasileiras em todos os países-membros do BRICS, revelou Ramos à Sputnik Brasil.

"Em setembro, o Brasil aumentará as suas adidâncias agrícolas para contemplar todos os países-membros do BRICS […]", disse Ramos à Sputnik Brasil. "A pedido do presidente Lula, vamos também instalar uma adidância agrícola em Adis Abeba [capital da Etiópia]."

© Ricardo Stuckert / PRO presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a sessão I do Diálogo de Amigos do BRICS, em Joanesburgo, África do Sul, 24 de agosto de 2023
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a sessão I do Diálogo de Amigos do BRICS, em Joanesburgo, África do Sul, 24 de agosto de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 27.06.2024
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a sessão I do Diálogo de Amigos do BRICS, em Joanesburgo, África do Sul, 24 de agosto de 2023
Os adidos agrícolas são representantes do Ministério da Agricultura ou de outras representações públicas do ramo, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que trabalham nas embaixadas do Brasil ao redor do mundo para promover as exportações agrícolas brasileiras, fomentar a cooperação e atrair investimentos.
Segundo Ramos, a presença de adidos fortalecerá o empenho brasileiro em abrir novos mercados nos novos parceiros do BRICS, que são grandes consumidores de commodities agrícolas.

"Nestes 18 meses de gestão do presidente Lula e do ministro Carlos Fávaro [da Agricultura], nós já chegamos à abertura de 150 novos mercados, que é um recorde histórico", comemorou Ramos. "Já havíamos batido um recorde em 2023, com 78 novos mercados abertos. Em 2024, com praticamente sete meses de trabalho, já estamos em 72, então a expectativa é que vamos bater o nosso próprio recorde."

Entre os países do BRICS, o secretário adjunto nota a abertura do mercado de pescados brasileiros, para China, África do Sul e Egito. Apesar de a competitividade do agronegócio brasileiro ser conhecida, barreiras sanitárias e fitossanitárias normalmente impedem a livre exportação de alimentos do Brasil para o mercado internacional. Nesse sentido, o Brasil tem interesse em harmonizar padrões sanitários com suas partes no grupo, criando leis comuns que facilitem o comércio de bens agrícolas.
"Nós buscamos criar condições para que sejam feitos certificados [sanitários] únicos entre os países, e acho isso importantíssimo", disse Ramos. "Os países do BRICS não querem só olhar a questão do preço, mas também a qualidade e a segurança de tudo o que é comprado e vendido."
© Sputnik / Grigory SysoevDa esquerda para a direita, os ministros das Relações Exteriores de quatro países do BRICS: Naledi Pandor, da África do Sul; Wang Yi, da China; Sergei Lavrov, da Rússia; e Mauro Vieira, do Brasil. Eles posam para fotos durante a reunião de chanceleres do grupo em Nizhny Novgorod, na Rússia, em 11 de junho de 2024
Da esquerda para a direita, os ministros das Relações Exteriores de quatro países do BRICS: Naledi Pandor, da África do Sul; Wang Yi, da China; Sergei Lavrov, da Rússia; e Mauro Vieira, do Brasil. Eles posam para fotos durante a reunião de chanceleres do grupo em Nizhny Novgorod, na Rússia, em 11 de junho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 27.06.2024
Da esquerda para a direita, os ministros das Relações Exteriores de quatro países do BRICS: Naledi Pandor, da África do Sul; Wang Yi, da China; Sergei Lavrov, da Rússia; e Mauro Vieira, do Brasil. Eles posam para fotos durante a reunião de chanceleres do grupo em Nizhny Novgorod, na Rússia, em 11 de junho de 2024
O Ministério da Agricultura e Pecuária trabalha para obter resultados concretos das atividades do BRICS, a exemplo dos financiamentos concedidos ao Brasil pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como banco do BRICS, atualmente presidido pela ex-presidenta brasileira Dilma Rousseff.
Em maio, o banco do BRICS aprovou um financiamento de US$ 100 milhões para a reconstrução da infraestrutura agrícola do estado do Rio Grande do Sul, em cerimônia que contou com a presença do ministro da Agricultura brasileiro, Carlos Fávaro.
© Sputnik / Kristina Kormilitsyna / Acessar o banco de imagensDilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), durante painel do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF, na sigla em inglês), em 6 de junho de 2024
Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), durante painel do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF, na sigla em inglês), em 6 de junho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 27.06.2024
Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), durante painel do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF, na sigla em inglês), em 6 de junho de 2024
"O trabalho de reconstrução do Rio Grande do Sul será holístico e passará por muitas áreas, com papel fundamental para a agricultura", acredita Ramos. "Nós levamos à presidenta Dilma o nosso programa de recuperação de pastagens, que visa recuperar 40 milhões de hectares, uma área que compreende o tamanho da França."

Relações com a Rússia

Durante sua estadia em Moscou, o secretário adjunto Julio Ramos também cumprirá agenda bilateral com membros do governo russo, para alavancar as trocas comerciais no setor agrícola.
"Tivemos hoje uma reunião com o vice-ministro [da Agricultura da Rússia, Sergei] Levin, que sempre tem atendido o Brasil com muito carinho", relatou Ramos. "O Brasil tem uma relação muito positiva com a administração da agricultura [russa]. O setor privado brasileiro também, a partir das associações criou uma relação muito forte de credibilidade com a Rússia."
O comércio entre Brasil e Rússia se encontra em tendência de alta, batendo recordes em volume e faturamento desde 2022. Por outro lado, o Brasil amarga déficits comerciais persistentes com a Rússia, em função do volume significativo nas importações brasileiras de fertilizantes.

"O Brasil é um grande comprador de fertilizantes da Rússia, com números expressivos", ratificou Ramos. "Não adianta só o Brasil querer vender, ele também tem que saber comprar."

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Produtos tradicionais da pauta exportadora brasileira para a Rússia, como as carnes, perderam espaço no mercado local, em função de políticas de substituição de importações conduzidas por Moscou. Caso emblemático é o da carne suína: se, no passado, o Brasil exportava carne de porco para a Rússia, hoje os produtores russos não só atendem a sua demanda interna, como também exportam para outros países — inclusive competindo com o Brasil em terceiros mercados.
A reinserção do agronegócio brasileiro na economia local russa tem se mostrado um desafio. Nesse sentido, o Ministério da Agricultura e o escritório em Moscou da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) buscam identificar novos produtos para exportar para a Rússia.
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"O Brasil está preparado para suprir demandas sazonais, como uma recente que a Rússia teve em relação a maçãs", disse Ramos. "Neste ano foi aberto o mercado para ovos brasileiros […], e temos 20 empresas dispostas a fornecer o produto à Rússia, assim que forem habilitadas. Então há diversificação."
Durante a reunião dos ministros da Agricultura do BRICS em Moscou, os representantes brasileiros devem acompanhar a agenda de olho na presidência brasileira do agrupamento, em 2025.
© Sputnik / Ilia NaimushinColheita de trigo em campo na região de Krasnoyarsk, na Rússia
Colheita de trigo em campo na região de Krasnoyarsk, na Rússia - Sputnik Brasil, 1920, 27.06.2024
Colheita de trigo em campo na região de Krasnoyarsk, na Rússia

"Defendi nas reuniões aqui que exista o acesso a mercado entre todos os nossos países, que possamos dialogar mais, criar condições para negociar, para ampliar a balança comercial e criar empregos. Queremos debater no BRICS a agricultura como ferramenta de transformação social", concluiu o secretário adjunto Julio Ramos.

Ao final do encontro de ministros desta sexta-feira (28), os países do BRICS negociarão uma declaração conjunta para 2024, apontando os avanços realizados e compromissos assumidos durante a presidência russa do grupo.
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