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Estados do futuro: Sul Global tem tradição de pensar em termos próprios, diz ministra da Gestão

© flickr.com / Flavia Passos / MREReunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, presidida pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, no Rio de Janeiro. Brasil, 22 de julho de 2024
Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, presidida pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, no Rio de Janeiro. Brasil, 22 de julho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 22.07.2024
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Em evento à margem do G20, acompanhado pela Sputnik Brasil, ministros brasileiros falaram sobre a falta de acesso a água e rede de esgoto, a importância do desenvolvimento sustentável e o papel do Estado como um projeto de longo prazo que não pode ser ligado ou desligado com um botão.
O Brasil inaugurou nesta segunda-feira (22) a Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, realizada no Galpão da Cidadania, no Rio de Janeiro, que tem como temas o combate à fome, à desigualdade e a universalização do acesso à água e ao saneamento básico.
Com duração de dois dias, o evento antecede a reunião da Força-Tarefa do G20 para o Estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, marcado para a quarta-feira (24), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançará uma aliança global contra a fome, com abertura da adesão aos demais países do G20.
A reunião desta segunda-feira foi presidida pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e contou com a presença da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e do ministro das Cidades, Jader Filho. A Sputnik Brasil acompanhou o evento.
Mauro Vieira abriu a primeira sessão do evento, sob o tema "Assegurar o acesso à água e ao saneamento". Ele chamou atenção para a importância de garantir o acesso ao saneamento básico.
"A água é um recurso vital sem o qual não há crescimento ou futuro. A falta de saneamento adequado resulta na proliferação de doenças previsíveis, como a diarreia e a cólera, que são responsáveis por elevado número de internações hospitalares e mortes no nosso país. Para as comunidades afetadas, a carência de serviços básicos amplifica a pobreza e as dificuldades existentes", disse o ministro.
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Ele acrescentou que "o desenvolvimento sustentável do Brasil está, portanto, diretamente vinculado à gestão eficiente dos recursos hídricos".
"A agricultura, a indústria e a geração de energia são setores fundamentais para a nossa economia, que dependem das nossas bacias hidrográficas. Além de políticas públicas eficazes e dos investimentos robustos em infraestrutura, é necessário implementar programas de educação e conscientização sobre a importância do uso responsável e da preservação dos recursos hídricos. Essa é uma responsabilidade coletiva que requer a participação do governo, das empresas, das organizações da sociedade civil e de cada cidadão brasileiro", disse Vieira.
Em seguida, o ministro passou a palavra para a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que destacou o número de pessoas no mundo que vivem sem acesso à água potável e ao saneamento básico.

"Segundo a ONU [Organização das Nações Unidas], no total, no planeta são 2 bilhões e 200 milhões de pessoas que não têm acesso à água tratada e 3 bilhões e 500 milhões que não têm acesso ao serviço de saneamento básico. No Brasil, o país com o maior manancial de água doce do planeta, ainda são 32 milhões sem água tratada e 90 milhões de brasileiros e brasileiras sem tratamento de esgoto. Isso significa dizer que não têm acesso a esse direito fundamental à vida, à plenitude da cidadania", disse a ministra.

Nesse contexto, ela afirmou que o governo federal incluiu a ampliação do acesso à água tratada e ao saneamento básico em seu Plano Plurianual (PPA).
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Em sua fala, o ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que sua gestão à frente da pasta tem como meta levar acesso à água tratada a 99% da população até 2033.

"O Novo PAC [Novo Programa de Aceleração do Crescimento] vai investir, até 2026, US$ 330 milhões na gestão de resíduos sólidos, além de US$ 4,92 bilhões em esgotamento sanitário, US$ 2,73 bilhões em drenagem e contenção de encostas e US$ 2,27 bilhões em abastecimento de água", afirmou o ministro.

Após a Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, foi iniciado o evento Estados do Futuro, inaugurado por Mauro Viera e pela ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.
Ao abrir o evento, Vieira destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu como prioridade para a presidência do Brasil no G20: inclusão social e combate à fome e à pobreza; transições energéticas e promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental; e promoção da reforma das instituições de governança global, partindo do diagnóstico de que precisamos de um ambiente internacional mais propício à paz, à cooperação e à busca de meios efetivos para solucionar os imensos desafios globais.
"Entre os desafios mais urgentes estão a fome, a pobreza e a desigualdade; os conflitos armados, com consequências humanitárias catastróficas; os retrocessos nos padrões de vida em muitas regiões do mundo; a inflação alta nos países ricos e seu impacto para as taxas de juros e para o investimento em economias em desenvolvimento; a crise da dívida pública nos países pobres; a alta volatilidade nos preços de alimentos e energia; e uma crise climática que já não é uma ameaça distante, mas uma realidade incontornável. Para o Brasil, é preciso trazer de volta ao centro da agenda internacional a temática do desenvolvimento nas suas dimensões social, econômica e ambiental."
Em seguida, a ministra Esther Dweck afirmou que "a importância do Estado não se limita a momentos de crises agudas".
"O Estado, como o desenvolvimento, é um projeto de longo prazo: não pode ser 'ligado' ou 'desligado' no apertar de um botão. Construir suas capacidades, inclusive aquelas a serem acionadas na prevenção e resposta a emergências, é um trabalho de acúmulo contínuo."
Ela acrescentou que "o debate sobre o Estado requer um olhar diferenciado para países em desenvolvimento e as assimetrias internacionais que enfrentam". Ainda, destacou a importância do Sul Global nesse contexto, por sua "longa tradição de pensar em termos próprios, a si mesmo e ao mundo".
"Sabemos que processos de desenvolvimento não se dão da mesma forma em diferentes lugares. Cada país tem suas especificidades, e a diversidade de perspectivas e experiências nacionais aqui reunida é um grande patrimônio político do G20."
Após discursar na abertura do States of the Future, nesta segunda-feira (22), que discutiu ações globais para lidar com os desafios atuais, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, concedeu coletiva a jornalistas acompanhada pela Sputnik Brasil.
Ela falou sobre a presidência do Brasil no G20 a respeito do desenvolvimento sustentável e afirmou que a pauta ambiental deve ser discutida a nível mundial.

"A dimensão ambiental […] é fundamental ela ser necessária em uma discussão mundial. Um país só não consegue resolver a questão ambiental", classificou.

O evento continua na terça-feira (23) e terá a participação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
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