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Rússia é país soberano, China não a pode forçar a parar conflito na Ucrânia, diz diplomata chinês

© AFP 2023 / Hector Retamal A bandeira nacional da Rússia tremula ao lado da bandeira chinesa em frente ao Portão da Paz Celestial, próximo à Praça da Paz Celestial, durante a visita de Estado do presidente russo, Vladimir Putin, a Pequim, em 16 de maio de 2024
A bandeira nacional da Rússia tremula ao lado da bandeira chinesa em frente ao Portão da Paz Celestial, próximo à Praça da Paz Celestial, durante a visita de Estado do presidente russo, Vladimir Putin, a Pequim, em 16 de maio de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 02.08.2024
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Na quarta-feira (31), o negociador chinês para o conflito na Ucrânia, Li Hui, esteve em Brasília para conversas no Palácio do Planalto. Indagado sobre sanções ocidentais contra empresas chinesas, Li disse que várias fontes mostram que "60% dos componentes de armas [russas] encontradas nos campos de batalha vêm do Ocidente".
Na visita, Li deu uma entrevista à Folha de S.Paulo e disse que China não pode forçar a Rússia a parar o conflito como cobra Vladimir Zelensky, mas sim trabalhar para que a Organização das Nações Unidas (ONU) adote como oficial a proposta que Pequim apresentou com o Brasil para trazer os dois lados à mesa de negociações.
Zelensky disse a jornalistas franceses em Kiev, na semana passada, que "se a China quiser, ela pode forçar a Rússia a parar essa guerra".

"Isso não é realista, a China não é participante do conflito. A Rússia é um país independente e soberano, membro pleno do Conselho de Segurança da ONU. A China e a Rússia são parceiros estratégicos. Nós não podemos forçar a Rússia a fazer o que nós quisermos", disse Li à mídia brasileira.

Rejeitando a acusação ocidental e ucraniana de que a aliança entre Vladimir Putin e Xi Jinping torna Pequim um ator com lado na crise, o diplomata afirmou que "busca uma solução objetiva e imparcial" e lembra o recente papel chinês em reaproximar Irã com Arábia Saudita e o Hamas com outros grupos palestinos.

"A comunidade internacional considera que é preciso acumular condições para um cessar-fogo", diz Li, acrescentando que, ao mesmo tempo, aponta "não há solução simples". "Este não é um conflito que se resolve da noite para o dia, e mentalidade de Guerra Fria não vai ajudar", disse, alfinetando os Estados Unidos e aliados.

O diplomata também comentou sobre a próxima cúpula da paz que será promovida pela Ucrânia.

"O presidente Zelensky diz que quer a Rússia na segunda conferência de paz, mas querem partido do comunicado da primeira, que é baseado nos seus dez pontos. A Rússia rejeita claramente ultimatos", afirmou, referindo-se à cúpula realizada na Suíça em junho, à qual Moscou não foi convidada.

Os chineses não foram à reunião, e o Brasil, como lembrou Li, "enviou apenas uma embaixadora como observadora" e não houve consenso sobre o texto final.
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Questionado acerca da acusação ocidental de que os chineses fomentam o esforço de guerra russo ao fornecer equipamentos que podem acabar em armas, como chips, Li declarou:
"Os EUA estão espalhando desinformação. Nós não fornecemos nenhuma arma letal. Controlamos o que exportamos, inclusive drones de uso civil."
Sobre as sanções que vêm sendo aplicadas a bancos e empresas chinesas de forma indireta por isso, ele ironizou, escreve a mídia. "Múltiplas fontes mostram que 60% dos componentes de armas [russas] encontradas nos campos de batalha vêm do Ocidente. Eles deviam sancionar as empresas deles", concluiu.
Li Hui teve reuniões em Brasília com o conselheiro internacional da presidência da República, Celso Amorim, o assessor palaciano, Ibrahim Abdulhak Neto, e secretário do Itamaraty para Ásia e Pacífico, Eduardo Saboia.
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