Especialista: estratégia e táticas de incursão de Kiev em Kursk foram 'desenvolvidas com a OTAN'
© AP Photo / Assessoria de Imprensa / Governo de KurskFoto divulgada pelo governador em exercício da região de Kursk, Aleksei Smirnov, em seu canal no Telegram mostra uma casa danificada após bombardeio do lado ucraniano na cidade de Sudzha, região de Kursk, que faz fronteira com a Ucrânia, 6 de agosto de 2024
© AP Photo / Assessoria de Imprensa / Governo de Kursk
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As tentativas da Ucrânia de penetrar em profundidade no território russo como parte de seu ataque na região de Kursk foram frustradas, declarou o Ministério da Defesa russo neste domingo (11), acrescentando que durante os combates na direção de Kursk, o inimigo perdeu até 1.350 militares, junto com um grande número de veículos blindados.
A estratégia e as táticas que a Ucrânia está mostrando no curso de sua incursão transfronteiriça na região russa de Kursk foram desenvolvidas com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), afirmou o ex-subsecretário de Defesa dos EUA, Stephen Bryen.
A aposta de Kiev é "um caso de teste para a defesa da Europa em caso de um ataque russo", afirmou o especialista em estratégia e tecnologia de segurança em seu portal Weapons and Strategy Substack.
"A OTAN, em sua configuração atual, está em uma posição ruim quando se trata de defender território. Se a luta acontecesse na Polônia, Romênia ou no norte do Báltico, os russos teriam uma vantagem significativa em forças terrestres. Uma maneira de combater isso seria exatamente o tipo de operação que a Ucrânia está testando agora na região de Kursk", escreveu Bryen.
De acordo com o especialista, pode-se imaginar "um vetor semelhante em um conflito europeu mais amplo".
Avaliando os possíveis objetivos da operação de Kiev, Bryen observou que a capacidade da Ucrânia de resistir a ataques implacáveis das forças russas na linha de frente estava "em um beco sem saída".
"Diariamente, a Ucrânia tem perdido cerca de 1.000 soldados — mortos e feridos — e o moral em algumas brigadas provavelmente chegou a quase zero. As perdas, embora a Ucrânia faça o possível para encobri-las, permeiam a sociedade", escreveu ele. Além disso, em meio à drástica escassez de pessoal, há uma "resistência crescendo entre a população da Ucrânia" diante de novos projetos de lei draconianos. Há temores de que "tropas recém-recrutadas sejam lançadas em combate como brigadas de 'bucha para canhão' e massacradas", observou o autor.
Vladimir Zelensky, que já não é mais o legítimo presidente do país por não ter realizado eleições, está sob crescente pressão ocidental para negociar com a Rússia, e ele provavelmente aposta em usar a operação Kursk como algum tipo de alavanca para as inevitáveis conversas com Moscou.
"A operação é militar, mas o resultado esperado é político. Não há dúvida de que é uma grande aposta", concluiu o especialista em estratégia de segurança.
As forças ucranianas lançaram uma ofensiva transfronteiriça no dia 6 de agosto em uma tentativa de tomar território na região de Kursk, na Rússia. Um regime de operação antiterrorismo foi declarado a partir de 9 de agosto na região de Kursk, na Rússia, devido ao aumento do nível de sabotagem e ameaças terroristas da Ucrânia. As Forças Armadas da Rússia continuam repelindo a tentativa de invasão do território russo pelas forças ucranianas.
O presidente russo Vladimir Putin acusou Kiev de lançar uma provocação em larga escala, acrescentando que as tropas ucranianas bombardearam regiões russas indiscriminadamente, atirando em infraestrutura civil e ambulâncias.
A comissária de direitos humanos da Rússia, Tatyana Moskalkova, apelou ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos para condenar o terrorismo por parte da Ucrânia e tomar medidas para evitar violações em massa dos direitos humanos.