https://noticiabrasil.net.br/20240816/ocidente-seguira-calado-frente-ao-apoio-ucraniano-a-terroristas-que-desestabilizam-o-sahel-africano-36079128.html
Ocidente seguirá calado frente ao apoio ucraniano a terroristas que desestabilizam o Sahel africano?
Ocidente seguirá calado frente ao apoio ucraniano a terroristas que desestabilizam o Sahel africano?
Sputnik Brasil
Em meio a um conflito armado que já dura mais de 12 anos no Mali e que deixou cerca de 8,8 milhões de pessoas em situação de fome, a Ucrânia é acusada de... 16.08.2024, Sputnik Brasil
2024-08-16T20:22-0300
2024-08-16T20:22-0300
2024-08-19T22:03-0300
panorama internacional
oriente médio e áfrica
mundo
maria zakharova
áfrica
ucrânia
estado islâmico
mali
onu
grupos terroristas
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e5/02/0a/16932622_0:148:3072:1876_1920x0_80_0_0_ee0ca23fda17a1f835477a616a9cf8b6.jpg
Desde o fim do último mês, autoridades do Mali e da Mauritânia, na região do Sahel africano, investigam o envolvimento de instrutores militares e da inteligência ucraniana com rebeldes separatistas apoiados por grupos como o Daesh (também conhecido como Estado Islâmico, organização terrorista proibida na Rússia e em outros países), o que gera uma situação constante de insegurança, deslocamento em massa e situação humanitária caótica.Em retaliação às intervenções, o Mali e o Níger, em solidariedade, decidiram romper relações diplomáticas com Kiev. Enquanto isso, a Rússia, que está em conflito com a Ucrânia e conta com amplo apoio dos países africanos em meio à histórica cooperação no continente, declarou por meio da representante oficial do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, que o apoio ucraniano aos terroristas não surpreende, e pediu a atenção da comunidade internacional à atuação de Kiev.O pesquisador do Laboratório de Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos Antissistêmicos (LabGRIMA) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Jean-Carlo Gouveia avaliou ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, que vê como mínimas as chances de o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e de outras entidades do sistema agirem contra a Ucrânia, principalmente por conta da pressão das potências ocidentais.Para o especialista, a possível interferência da Ucrânia com grupos terroristas na África é "um gol fora", já que a região possui amplas relações diplomáticas e comerciais com a Rússia."E, de certa forma, sim, a Ucrânia fez essa ação de apoiar um grupo separatista, que inclusive pegou muito mal na África e que pode ter um reflexo muito negativo na própria Europa. Os tuaregues são um grupo que atua ali na África, mas também junto com separações africanas da Al-Qaeda e do Estado Islâmico", acrescenta, ao lembrar que a região vive um processo de descolonização das potências ocidentais.Além disso, o pesquisador lembra que Níger e Mali estão no "centro dos acontecimentos geopolíticos nos últimos anos na África", inclusive com ações históricas, como a expulsão do Exército da França da região."São países muito importantes na comunidade econômica do oeste africano. Então pode haver uma repercussão muito grande [do apoio ucraniano aos separatistas], uma vez que a Rússia tem afinidade e importância também muito grande para o continente", pontuou.A situação, até mesmo, pode levar a uma proximidade ainda maior com Moscou, avalia Gouveia."A África não precisa de ainda mais conflitos, e com certeza esse ataque [realizado pelos separatistas, que provocou a morte de militares do Mali e do grupo russo Wagner] na região, com o envolvimento ucraniano, já trouxe retaliação ao país […]. Acredito que se a Ucrânia continuar a bater nessa tecla, pode ser ainda mais nocivo para a sua imagem, e consolida a Rússia, que já é benquista no continente, não ficando apenas na região do Sahel, que é onde a gente está discutindo bastante, mas [também] no resto do continente", enfatizou.Já a principal entidade do continente, a União Africana ainda não se posicionou "de maneira mais ativa" sobre a situação, segundo o especialista."Ela apenas manifesta que é uma lástima qualquer interferência externa nos países africanos e que busca a paz. É um posicionamento, de certa maneira, tradicional, mas de certa forma a gente pode extrair que há um repúdio dos países, tanto de países-chave dentro da organização contra esses acontecimentos".Qual é a importância da África no cenário mundial?O pesquisador da UFPel defendeu que o continente africano, apesar de ser menosprezado pelas potências ocidentais como um ator global relevante, reflete diariamente situações que ocorrem no sistema internacional, como a relação Rússia e Ucrânia.OTAN incentiva propagação de ainda mais conflitos na África?O professor associado e vice-diretor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Vitor Stuart de Pieri, acrescentou ao podcast Mudioka que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que também fornece armas e munições a Kiev no conflito contra a Rússia, atua para incentivar países como Nigéria, Senegal e Costa do Marfim a confrontarem Níger, Mali e Burkina Faso, na região do Sahel.Já com relação ao rompimento diplomático com a Ucrânia iniciado no continente, o especialista avalia como um movimento "muito significativo" e demonstra que esses países, apesar de pobres e de conviverem com grande desigualdade, possuem voz e influência no cenário internacional."Além disso, são regiões que exportam urânio, especialmente para a França, cuja matriz energética é muito dependente da energia nuclear. A gente tem que lembrar que o abastecimento de gás na Europa está afetado e o gasoduto da Nigéria, país com muito gás e petróleo, atravessa o Níger, em sentido à Europa. Então, o corte de relações com a Ucrânia é uma mensagem definitiva ao mundo ocidental em geral", finalizou.
https://noticiabrasil.net.br/20240816/qual-a-relacao-entre-a-ucrania-e-os-grupos-terroristas-na-africa-36063721.html
https://noticiabrasil.net.br/20240809/zakharova-rutura-das-relacoes-do-niger-com-ucrania-mostra-que-africa-compreende-natureza-de-kiev-35972202.html
áfrica
ucrânia
mali
mauritânia
kiev
áfrica do sul
egito
etiópia
nigéria
níger
senegal
costa do marfim
sahel
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2024
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e5/02/0a/16932622_0:0:2731:2048_1920x0_80_0_0_d3621696dcab21e211cf497b2959bc32.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
oriente médio e áfrica, mundo, maria zakharova, áfrica, ucrânia, estado islâmico, mali, onu, grupos terroristas, grupo wagner, exclusiva, mundioka, organização do tratado do atlântico norte, brics, otan, mauritânia, daesh, união africana, al-qaeda, kiev, áfrica do sul, egito, etiópia, nigéria, níger, g20, senegal, costa do marfim, sahel, exército da frança
oriente médio e áfrica, mundo, maria zakharova, áfrica, ucrânia, estado islâmico, mali, onu, grupos terroristas, grupo wagner, exclusiva, mundioka, organização do tratado do atlântico norte, brics, otan, mauritânia, daesh, união africana, al-qaeda, kiev, áfrica do sul, egito, etiópia, nigéria, níger, g20, senegal, costa do marfim, sahel, exército da frança
Desde o fim do último mês,
autoridades do Mali e da Mauritânia, na região do Sahel africano, investigam o envolvimento de instrutores militares e da inteligência ucraniana com rebeldes separatistas apoiados por grupos como o Daesh (também conhecido como Estado Islâmico, organização terrorista proibida na Rússia e em outros países), o que gera uma situação constante de insegurança, deslocamento em massa e situação humanitária caótica.
Em retaliação às intervenções, o Mali e o Níger, em solidariedade, decidiram romper relações diplomáticas com Kiev. Enquanto isso, a Rússia, que está em conflito com a Ucrânia e conta com amplo apoio dos países africanos em meio à histórica cooperação no continente, declarou por meio da
representante oficial do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, que o apoio ucraniano aos terroristas não surpreende, e pediu a atenção da comunidade internacional à atuação de Kiev.
O pesquisador do Laboratório de Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos Antissistêmicos (LabGRIMA) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Jean-Carlo Gouveia avaliou ao
podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, que vê como mínimas as chances de o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e de outras entidades do sistema agirem contra a Ucrânia,
principalmente por conta da pressão das potências ocidentais.
"Temos países que bloqueiam constantemente temas relacionados à Rússia e também os países africanos ainda enfrentam certo preconceito dentro dos âmbitos da ONU. Então a probabilidade de que haja alguma grande movimentação sobre isso, acredito que não exista essa possibilidade. Mas dentro de outros âmbitos [nas Nações Unidas], como a Assembleia Geral, pode haver aí uma mobilização um pouco maior, mas de forma objetiva", declarou.
Para o especialista, a possível interferência da Ucrânia com
grupos terroristas na África é "um gol fora", já que a região possui amplas relações diplomáticas e comerciais com a Rússia.
"E, de certa forma, sim, a Ucrânia fez essa
ação de apoiar um grupo separatista, que inclusive pegou muito mal na África e que pode ter um reflexo muito negativo na própria Europa. Os tuaregues são um grupo que atua ali na África, mas também junto com separações africanas da Al-Qaeda e do Estado Islâmico", acrescenta, ao lembrar que a região vive um
processo de descolonização das potências ocidentais.
Além disso, o pesquisador lembra que Níger e Mali estão no "centro dos acontecimentos geopolíticos nos últimos anos na África", inclusive com ações históricas, como a expulsão do Exército da França da região.
"São países muito importantes na comunidade econômica do oeste africano. Então pode haver uma repercussão muito grande [do apoio ucraniano aos separatistas], uma vez que a Rússia tem afinidade e importância também muito grande para o continente", pontuou.
A situação, até mesmo, pode levar a uma
proximidade ainda maior com Moscou, avalia Gouveia.
"A África não precisa de ainda mais conflitos, e com certeza esse ataque [realizado pelos separatistas, que provocou a morte de militares do Mali e do grupo russo Wagner] na região, com o envolvimento ucraniano, já trouxe retaliação ao país […]. Acredito que se a Ucrânia continuar a bater nessa tecla, pode ser ainda mais nocivo para a sua imagem, e consolida a Rússia, que já é benquista no continente, não ficando apenas na região do Sahel, que é onde a gente está discutindo bastante, mas [também] no resto do continente", enfatizou.
Já a
principal entidade do continente, a União Africana ainda não se posicionou "de maneira mais ativa" sobre a situação, segundo o especialista.
"Ela apenas manifesta que é uma lástima qualquer interferência externa nos países africanos e que busca a paz. É um posicionamento, de certa maneira, tradicional, mas de certa forma a gente pode extrair que há um repúdio dos países, tanto de países-chave dentro da organização contra esses acontecimentos".
Qual é a importância da África no cenário mundial?
O pesquisador da UFPel defendeu que o continente africano, apesar de ser
menosprezado pelas potências ocidentais como um ator global relevante, reflete diariamente situações que ocorrem no sistema internacional, como a relação Rússia e Ucrânia.
"O continente africano, por si só também, já é muito interessante. A gente tem todos esses acontecimentos geopolíticos que tomaram lugar nos últimos anos e que não recebem a atenção devida. Então eu acredito que exista essa mistura de ser um continente que tem muito protagonismo interno e intracontinental, que é muito interessante e que também, ao mesmo tempo, recebe esses reflexos do que acontece [no mundo]. A África está muito próxima da Europa, está muito perto da Península Arábica do Oriente Médio e também tem relações muito fortes com a América. Então acaba sendo um continente-chave, eu acredito", resume, ao lembrar que três países africanos fazem parte do BRICS (Egito, Etiópia e África do Sul), além da União Africana, que reúne 55 países, ter entrado no ano passado no G20.
OTAN incentiva propagação de ainda mais conflitos na África?
O professor associado e vice-diretor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Vitor Stuart de Pieri, acrescentou ao podcast Mudioka que a
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que também fornece armas e munições a Kiev no conflito contra a Rússia, atua para incentivar países como Nigéria, Senegal e Costa do Marfim a confrontarem Níger, Mali e Burkina Faso, na região do Sahel.
"Esses últimos buscam defender a perspectiva de descolonização através de parcerias com países como a Rússia. E, por outro lado, não digo nem a Ucrânia, mas o mundo ocidental, que sempre com a desculpa de que estão combatendo terroristas, como no norte da Nigéria, acabam investindo em outros que desrespeitam os limites territoriais de países como Níger e Mali", enfatiza.
Já com relação ao rompimento diplomático com a Ucrânia iniciado no continente, o especialista avalia como um movimento "muito significativo" e demonstra que esses países, apesar de pobres e de conviverem com grande desigualdade, possuem voz e influência no cenário internacional.
"Além disso, são regiões que exportam urânio, especialmente para a França, cuja matriz energética é muito dependente da energia nuclear. A gente tem que lembrar que o abastecimento de gás na Europa está afetado e o gasoduto da Nigéria, país com muito gás e petróleo, atravessa o Níger, em sentido à Europa. Então, o corte de relações com a Ucrânia é uma mensagem definitiva ao mundo ocidental em geral", finalizou.
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!
Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a cnteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.
Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).