Analista: visita de premiê chinês expõe fiasco da pressão ocidental para distanciar Rússia e China
16:39 21.08.2024 (atualizado: 17:56 21.08.2024)
© Sputnik / Mikhail VoskresenskiyLi Qiang, premiê chinês, e Mikhail Mishustin, primeiro-ministro russo, participam de uma cerimônia de assinatura após a 29ª reunião regular entre chefes de governo chineses e russos em Moscou. Rússia, 21 de agosto de 2024
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O encontro entre o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, e o seu homólogo chinês, Li Qiang, mostra que as partes não cederam à pressão ocidental, disse o sinologista Sergei Lukonin. Além disso, reflete o elevado grau de confiança estratégica entre Moscou e Pequim, acrescentou o especialista em relações internacionais, Wang Yiwei.
As duas nações estão sob crescente pressão política e econômica do Ocidente, afirmou Lukonin à Sputnik.
Segundo o sinólogo da Academia Russa de Ciências, "a China é cada vez mais obrigada a renunciar a cooperação com a Rússia como condição para o desenvolvimento dos laços com a Europa", mas uma nova reunião entre os primeiros-ministros nesta quarta-feira (21) significa que as partes "não cederão à pressão do Ocidente", analisou o especialista.
A Rússia está discutindo com a China tarefas específicas para desenvolver a cooperação e projetos a serem realizados no âmbito das relações bilaterais e, "o mais importante, o processo de expansão da cooperação continua, apesar de tudo".
"Isso contribui para o processo de estabelecimento de um mundo policêntrico, que limita a hegemonia norte-americana. Os países do Sul Global são a espinha dorsal deste mundo. São eles que constituem uma nova base de cooperação equitativa, livre da hegemonia de um país sobre outro", aprofundou Lukonin.
Por sua vez, Wang disse à Sputnik que a Rússia é "o único país com o qual a China mantém uma relação de parceria abrangente e cooperação estratégica".
© Sputnik / Aleksei FilippovO presidente russo, Vladimir Putin, e o premiê chinês, Li Qiang, apertam as mãos durante encontro no Kremlin, em Moscou. Rússia, 21 de agosto de 2024
O presidente russo, Vladimir Putin, e o premiê chinês, Li Qiang, apertam as mãos durante encontro no Kremlin, em Moscou. Rússia, 21 de agosto de 2024
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Na visão dele, esse tipo de cooperação não se manifesta apenas na forma de orientação diplomática estratégica por parte dos líderes dos dois Estados, mas também se reflete na "cooperação estratégica a nível governamental dos dois países".
"Portanto, o objetivo das reuniões anuais entre os primeiros-ministros da China e da Rússia é determinar a linha política dos respectivos governos para todo o ano, o que também manifesta o elevado grau de confiança estratégica entre ambos os países", explicou.
Sobre o reforço da parceria comercial e econômica entre as duas potências, o especialista destacou que Moscou é "extremamente rica em recursos naturais", enquanto Pequim "é conhecida como a 'fábrica do mundo'".
O analista chinês enfatizou que a hegemonia do dólar continua a enfraquecer "sob a influência do ambiente global instável".
Nesse contexto, China e Rússia, "apoiando-se no comércio tradicional", estão expandindo os pagamentos usando o par rublo-yuan e trabalhando para criar o seu próprio sistema de liquidação no âmbito do BRICS, incluindo um sistema de troca de pagamentos.
"Da mesma forma, influenciará a cooperação da China com outros países da Eurásia, bem como a cooperação de Pequim com outros membros do BRICS", resumiu.
As negociações entre Mikhail Mishustin e Li Qiang decorreram em Moscou no âmbito da 29ª reunião ordinária dos chefes de governo da Rússia e da China. Na reunião, os países assinaram um plano de cooperação em matéria de investimento.
O pacote de documentos finais assinados também inclui memorandos de entendimento sobre a cooperação na indústria química, no transporte transfronteiriço de mercadorias, no domínio da busca e salvamento marítimo e em políticas ambientais.
O presidente russo, Vladimir Putin, também se reuniu com Li Qiang no Kremlin. O primeiro-ministro chinês observou o crescimento constante da economia russa e enfatizou a disposição de Pequim em expandir a cooperação com Moscou.