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Acusações de assédio sexual contra ministro Silvio Almeida causam impacto nas eleições municipais?

© Foto / Ricardo Stuckert/PRO presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, empossa Silvio Almeida como ministro dos Direitos Humanos e Cidadania. Brasil, 2 de janeiro de 2023
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, empossa Silvio Almeida como ministro dos Direitos Humanos e Cidadania. Brasil, 2 de janeiro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 06.09.2024
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O recente caso contra o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, acusado de assédio sexual, pode macular a imagem do governo e acabar pesando a balança nas eleições municipais? Analistas ouvidos pela Sputnik Brasil comentam os possíveis impactos das denúncias.
Nesta última quinta-feira (5), a organização Me Too Brasil acusou o ministro Silvio Almeida de assédio sexual. Uma das vítimas teria sido a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que se recusou a comentar o caso, mas confirmou a informação durante uma reunião ministerial.
Hoje, sexta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o caso em entrevista à rádio Difusora Goiânia, afirmando que se consultará com seus ministros da Advocacia-Geral da União (AGU), da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Justiça, além de outras duas ministras mulheres, e ouvirá tanto Almeida quanto Franco antes de tomar uma decisão.
No entanto, o presidente também afirmou que "alguém que pratica assédio não vai ficar no governo".
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Com a proximidade das eleições municipais para prefeito e vereadores, a base do governo evidencia preocupações com o caso, temendo que isso repercuta nos pleitos.
À Sputnik Brasil, o professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Laboratório dos Imaginários e Conservadorismos (Laicos), Paulo Gracino Junior, afirma que o caso deve ter um impacto eleitoral "mínimo".

"Quem se importa com esse tipo de coisa é a esquerda. Infelizmente, para os eleitores da direita não faz nenhuma diferença."

Essa forte distinção entre os temas centrais para cada grupo descrita por Gracino Junior reflete o que o Rodrigo Prando, professor e cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, descreve à reportagem como o cenário de polarização atual do Brasil.
Nos últimos anos, explica o cientista político, houve "calcificação" de dois grandes grupos políticos: lulopetismo e o bolsonarismo.
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Essa oposição político-ideológica, "acaba atingindo, de certa forma, a política local", afirma Prando. No entanto, o pesquisador ressalta que as disputas eleitorais locais também respondem a uma outra lógica, "que diz respeito a problemas que são mais concretos na vida do cidadão, dentro do bairro, como a zeladoria pública, postos de saúde, creches, escolas".
"Então, muitas vezes, o discurso polarizado que ganha uma amplitude, especialmente nas redes sociais, via algoritmos, acaba não tendo as melhores condições para se reproduzir numa eleição municipal, mas sempre está presente."

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À reportagem, Paulo Gracino Junior destaca que, excluindo alguns municípios específicos, como São Paulo, a lógica do "prefeito como gestor local" vigora com muito mais força do que a polarização clássica entre esquerda e direita.
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"Em São Paulo se vê nitidamente uma disputa entre direita e esquerda. Entre projetos e programas que são muito diversos do [Guilherme] Boulos, [Ricardo] Nunes e da Tabata [Amaral]. O [Pablo] Marçal nem programa tem", comenta Gracino Junior.
Essa situação, contudo, era previsível, diagnostica o professor da UnB. "Os partidos do dito centrão continuam a liderar na ampla maioria das prefeituras."

"E com as emendas impositivas, a tendência era que o centrão ganhasse musculatura. As emendas Pix, por exemplo, vão direto para as prefeituras e calcificam ou o prefeito ou o aliado no município."

Prando explica que as emendas impositivas chegam aos municípios na forma de obras públicas como creches, estradas, iluminação, hospitais, sendo apresentadas como a "realização do deputado federal e estadual em parceria com o poder político local: vereadores e prefeitos".
Esse mecanismo, que alterou a correlação de forças entre o Executivo e o Legislativo, diz o professor da Mackenzie, reverbera na realidade dos municípios brasileiros ampliando o eleitoral e age na manutenção do poder local.
Segundo Prando, a obtenção dessas emendas pelo centrão se deve ao fato de que justamente se afastam de ideologias e focam em um trabalho "pragmático" dentro da política nacional, aliando-se a quem está no poder, independentemente de quem seja.
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"É um conjunto de partidos que, na somatória das siglas [...], segue um pragmatismo a conquista, a manutenção e a ampliação do poder, especialmente esse poder mais capilarizado nas cidades de todo o Brasil", explica.
Na prática, aponta Gracino Junior, a polarização do Brasil só ajudou o centrão.
As siglas negociam apoio ao governo — que não têm maioria no Congresso — para a aprovação de suas medidas e, em troca, conseguem suas emendas. "Vão fazendo a sua política local, fortalecendo os líderes que daqui a dois anos vão apoiar os deputados do próprio centrão."

"O centrão cria dificuldade para vender facilidade", crava Gracino.

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