NASA recria 'aranhas' em condições marcianas pela 1ª vez, diz estudo
10:56 12.09.2024 (atualizado: 13:03 12.09.2024)
© Foto / ESA/TGO/CaSSISA sonda ExoMars Trace Gas Orbiter, da Agência Espacial Europeia, encontrou evidências de "aranhas" em Marte.
© Foto / ESA/TGO/CaSSIS
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Um grupo de cientistas da NASA confirmou que as formações geológicas em forma de aranha no Planeta Vermelho são formadas por dióxido de carbono através de testes que reproduziram as condições naturais de Marte.
O mapeamento de alta resolução de Marte trouxe muitas surpresas. Em 2003 enormes áreas da superfície do Planeta Vermelho se mostraram cobertas por estruturas curiosas que não são encontradas em nenhum lugar da Terra.
São padrões caóticos de formas semelhantes a aranhas, espalhadas pelo hemisfério sul de Marte.
© Foto / NASA/JPL-Caltech/University of ArizonaFormações de "aranhas" capturadas pela câmera HiRISE da espaçonave Mars Reconnaissance Orbiter em 2009.
Formações de "aranhas" capturadas pela câmera HiRISE da espaçonave Mars Reconnaissance Orbiter em 2009.
© Foto / NASA/JPL-Caltech/University of Arizona
Há muito tempo os cientistas suspeitam que surgiram devido à sublimação do gelo de dióxido de carbono, o que não ocorre naturalmente na Terra.
Foi possível verificar essa hipótese por meio de uma série de experimentos que, pela primeira vez, simulavam todo o processo de formação em temperaturas e pressão do ar idênticas às ocorridas em Marte, de acordo com o estudo.
"As aranhas são características geológicas estranhas e belas por si só. Esses experimentos vão ajudar a ajustar nossos modelos de como elas se formam", cita o artigo Lauren Mc Keown, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no sul da Califórnia.
Os experimentos reproduziram três estágios do processo de surgimento das "aranhas":
1.
Condensação de CO2 em uma camada espessa de regolito de Marte;2.
Sublimação de gelo de CO2 e formação de pluma, mancha e halo;3.
A formação resultante de características da superfície.© Foto / NASA/JPL-CaltechCâmera DUSTIE usada em um experimento para recriar as "aranhas" de Marte em um ambiente de laboratório.
Câmera DUSTIE usada em um experimento para recriar as "aranhas" de Marte em um ambiente de laboratório.
© Foto / NASA/JPL-Caltech
Ou seja, a luz solar aquece o solo quando penetra nas camadas transparentes de gelo de dióxido de carbono que se formam na superfície de Marte a cada inverno.
Por ser mais escuro do que o gelo acima dele, o solo absorve o calor e faz com que o gelo mais próximo se transforme diretamente em dióxido de carbono gasoso, sem antes se tornar líquido, em um processo chamado sublimação, o mesmo processo que gera nuvens de fumaça de gelo seco.
Quando a pressão do gás aumenta, o gelo marciano se quebra, permitindo que o gás escape. À medida que o gás sobe, ele carrega consigo um fluxo de poeira escura e areia do solo, que se deposita na superfície do gelo.
© Foto / NASA/JPL-CaltechExperimento para recriar as formações de aranha de Marte em um ambiente de laboratório.
Experimento para recriar as formações de aranha de Marte em um ambiente de laboratório.
© Foto / NASA/JPL-Caltech
Chegando a primavera, o gelo remanescente sublima, criando as cicatrizes em forma de aranha dessas pequenas erupções.
Segundo os cientistas, a parte mais complexa foi recriar as condições de Marte, ou seja, pressão atmosférica extremamente baixa e temperaturas de até -185 °C.
Muitas tentativas foram necessárias até que os cientistas encontrassem as condições adequadas para que os experimentos fossem bem-sucedidos.