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Explosões de aparelhos de comunicação no Líbano acendem barril de pólvora na região, avalia analista
Explosões de aparelhos de comunicação no Líbano acendem barril de pólvora na região, avalia analista
Sputnik Brasil
As explosões de aparelhos de comunicação no Líbano, orquestradas por Israel, que mataram dezenas de pessoas e deixaram milhares de feridos, de acordo com as... 19.09.2024, Sputnik Brasil
2024-09-19T17:42-0300
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Israel não assumiu a autoria dos ataques, mas, de acordo com matéria do jornal The New York Times divulgada nesta quinta-feira (19), o país do Oriente Médio criou uma empresa de fachada para produzir pagers explosivos que foram fornecidos ao Líbano. O movimento libanês Hezbollah já anunciou vingança.O programa Mundioka, da Sputnik Brasil, entrevistou Amanda Marini, especialista em ciências militares e pesquisadora do Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC) da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), para abordar o atual panorama do conflito. A ofensiva israelense foi um golpe, sobretudo na moral do Hezbollah, comentou ela.Ela lembrou que a guerra de Gaza está prestes a completar um ano e, nesses 12 meses, Israel intensificou as hostilidades na fronteira com o Líbano e os houthis do Iêmen no mar Vermelho.Segundo Marini, o principal motivo do atual premiê israelense, Benjamin Netanyahu, com a escalada das tensões é manter uma sobrevida de seu governo que está por um fio, "porque, em guerra, não tem como você trocar o corpo político".O fato de os atentados contra o Hezbollah com pagers terem atingido crianças e filhos de políticos libaneses torna ainda mais crítica a situação.Para agravar a situação, ressaltou ela, o embaixador do Irã no Líbano, Mojibat Amani, está entre os feridos.De acordo com a pesquisadora, o Hezbollah tem mais força de atuação, inclusive bélica do que o próprio Estado libanês, devido a décadas de crises econômicas, políticas e sociais, que mais da metade da população se encontra na linha de pobreza, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).Ao resgatar o histórico de conflitos entre o Hezbollah e Israel, que surge a partir da invasão de Israel ao sul do Líbano nos anos de 1980, a especialista comentou que a última investida israelense levou a guerra para outro patamar, além de incitar sentimentos de vingança e revolta de civis que antes eram contra a ofensiva bélica e agregando novos protagonistas ao conflito.A resposta do Hezbollah pode acarretar a destruição ainda maior das estruturas e do Estado libanês, alertou a entrevistada, sobretudo porque as ações de Israel sempre têm o "aval" dos EUA e o Hezbollah tem o respaldo do Irã, que também está armando os houthis no Iêmen.As crescentes tensões têm encorajado e fortalecido, inclusive, grupos extremistas que haviam perdido força, segundo ela, como o Estado Islâmico, na Síria.
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Explosões de aparelhos de comunicação no Líbano acendem barril de pólvora na região, avalia analista
17:42 19.09.2024 (atualizado: 18:30 19.09.2024) Especiais
As explosões de aparelhos de comunicação no Líbano, orquestradas por Israel, que mataram dezenas de pessoas e deixaram milhares de feridos, de acordo com as autoridades libanesas, aumentaram a tensão na região do Oriente Médio.
Israel não assumiu a autoria dos ataques, mas, de acordo com matéria do jornal The New York Times
divulgada nesta quinta-feira (19), o país do Oriente Médio criou uma
empresa de fachada para produzir pagers explosivos que foram fornecidos ao Líbano. O movimento libanês Hezbollah já anunciou vingança.
O
programa Mundioka, da Sputnik Brasil, entrevistou Amanda Marini, especialista em ciências militares e pesquisadora do Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC) da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), para abordar o atual panorama do conflito.
A ofensiva israelense foi um golpe, sobretudo na moral do Hezbollah, comentou ela.
"Isso gerou um baque psicológico, tecnológico e de moral, mesmo do Hezbollah, que até mesmo os líderes estão falando. Pelo que está saindo na mídia, vinculado ao Hezbollah, é a primeira grande ação que feriu a moral de combate desde o dia 7 de outubro, quando começou o novo episódio do conflito israelo-palestino", disse a especialista.
Ela lembrou que a guerra de Gaza está prestes a completar um ano e, nesses 12 meses, Israel intensificou as hostilidades na fronteira com o Líbano e os houthis do Iêmen no mar Vermelho.
Segundo Marini, o principal motivo do atual premiê israelense, Benjamin Netanyahu, com a escalada das tensões é manter uma sobrevida de seu governo que está por um fio, "porque, em guerra, não tem como você trocar o corpo político".
O fato de os
atentados contra o Hezbollah com pagers terem atingido crianças e filhos de políticos libaneses torna ainda mais crítica a situação.
"Eles [Hezbollah] são um partido político, têm cadeiras no Parlamento, algumas pastas nos ministérios […]. Tem questões de serviços sociais, promoção de políticas públicas, de saúde, educação, agricultura. Os vídeos, as imagens são muito fortes, porque como explodiu um aparelho que a gente geralmente fica na mão, acabou atingindo muitos olhos. Muitas pessoas acabaram ficando cegas em razão disso."
Para agravar a situação, ressaltou ela, o embaixador do Irã no Líbano, Mojibat Amani, está entre os feridos.
De acordo com a pesquisadora, o Hezbollah tem mais força de atuação, inclusive bélica do que o próprio Estado libanês, devido a décadas de crises econômicas, políticas e sociais, que mais da metade da população se encontra na linha de pobreza, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
"E o Hezbollah faz parte da lógica do eixo da resistência, que é uma aliança informal, militar, ideológica, política, comandada pelo Irã, com grupos paramilitares na região do Oriente Médio. É um teatro de operações, é um xadrez geopolítico que não se encerra por si mesmo."
Ao resgatar o histórico de conflitos entre o Hezbollah e Israel, que surge a partir da invasão de Israel ao sul do Líbano nos anos de 1980, a especialista comentou que a última investida israelense levou a guerra para outro patamar, além de incitar sentimentos de vingança e revolta de civis que antes eram contra a ofensiva bélica e agregando novos protagonistas ao conflito.
"Isso tudo mostra como as nossas telecomunicações, como a Internet e a cibernética tornam-se cruciais quando se fala de segurança e defesa […] não são mais apenas militares, questão de armamento, como objetos civis estão sendo usados para levar a mortes e com fins de objetivos políticos na guerra. Foi até uma das críticas que o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez hoje, condenando esse uso de objetos civis como armas de guerra."
A resposta do Hezbollah pode acarretar a destruição ainda maior das estruturas e do Estado libanês, alertou a entrevistada, sobretudo porque as ações de Israel sempre têm o "aval" dos EUA e o Hezbollah tem o respaldo do Irã, que também está armando os houthis no Iêmen.
"A gente está vendo um barril de pólvora sendo criado em nossa frente na região do Levante: Síria, Líbano, Israel, Palestina […]. Está tudo emaranhado: o Hezbollah tem relação com o Irã, o Irã tem relação com os houthis, o Hamas tem relação com o Hezbollah. Está todo mundo muito junto e, na hora que essa corda mesmo assim for puxada, vai tudo explodir. Infelizmente, é o cenário que vejo: efeito dominó. Você bate na primeira [peça] e vai tudo caindo", lamentou ela.
As crescentes tensões têm encorajado e fortalecido, inclusive, grupos extremistas que haviam perdido força, segundo ela, como o Estado Islâmico, na Síria.
"Na Síria, principalmente no Nordeste do território sírio, o Estado Islâmico está voltando. A Síria até hoje vive em conflito armado, até hoje está muito frágil e muitos deslocados ainda vão para o Líbano. Vejo o fator Estado Islâmico entrando para trazer mais caos", lamentou ela.
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