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Analista explica o que está motivando a mudança de 180 graus na postura de Milei com a China
Analista explica o que está motivando a mudança de 180 graus na postura de Milei com a China
Sputnik Brasil
Depois de ter afirmado que não faria negócios com a China por ser um "país comunista", o presidente argentino destacou a relevância das relações com Pequim. "É... 02.10.2024, Sputnik Brasil
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Javier Milei deu uma volta de 180 graus na sua visão em relação às relações com a China. Após ter afirmado há meses que nunca faria negócios com Pequim, argumentando "não vendo a minha moral nem faço pactos com comunistas", o presidente argentino reconheceu que o gigante asiático "é um parceiro comercial muito interessante" e sublinhou que "não exigem nada, a única coisa que pedem é que não sejam incomodados". Em declarações televisivas, o presidente destacou o papel da potência oriental e anunciou que visitará o país em janeiro de 2025, no âmbito da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). As palavras do líder argentino contrastam com toda a retórica professada antes mesmo de sua chegada ao poder, em dezembro de 2023. Assim que assumiu a presidência, Milei anunciou sua renúncia de ingressar no grupo BRICS — do qual a China é fundadora junto com o Brasil, Rússia e Índia — alegando alinhamento estreito com os Estados Unidos e o Ocidente. Um dos pontos mais altos do vínculo entre os dois países ocorreu no final do ano passado, quando o legislador Agustín Romo, um dos líderes mais próximos do presidente argentino, apareceu publicamente no Escritório de Comércio de Taiwan, em Buenos Aires. O gesto gerou repercussão imediata, considerando a ofensa que representa para Pequim contrariar o seu princípio soberano baseado na defesa da ideia de Uma Só China. Alívio financeiro A mudança discursiva do libertário encontra razões materiais tangíveis. Em junho, o governo de Xi Jinping aprovou a renovação do swap (câmbio) entre os países, adiando por 12 meses os vencimentos imediatos que a Argentina teve que enfrentar. Em termos concretos, o Banco Central de Buenos Aires conseguiu evitar a exigência de um pagamento de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 27,1 bilhões) a Pequim, aliviando temporariamente os seus cofres já deteriorados, que ainda registram reservas líquidas negativas. Consultado pela Sputnik, o analista internacional Néstor Restivo observou que "está claro que o vetor que explica isso é a necessidade imperiosa do governo argentino por moeda estrangeira e investimentos, e que essa necessidade fez Milei ver a relação com a China com outros olhos. A mudança abrupta de posição é impressionante, mas mostra que o presidente está aberto ao pragmatismo", explicou. Laços estratégicos A ligação com a China transcende a troca de moedas. A presença do gigante asiático na região se traduz em enormes investimentos tanto no desenvolvimento de hidrelétricas no sul do país quanto na exploração de lítio e outros minerais no norte do território argentino. Pequim é também o segundo maior parceiro comercial de Buenos Aires. Os desembolsos de capital do gigante asiático não são novos. Restivo registrou estes investimentos no âmbito da adesão de Buenos Aires à iniciativa Cinturão e Rota, assinada durante a presidência de Alberto Fernández (2019-2023). "Todos estes desenvolvimentos foram planejados, mas isso não significa que seja fundamental cuidar do vínculo bilateral", explicou o analista. De Pequim a Washington Segundo Restivo, as palavras cordiais expressas por Milei não são incompatíveis com o seu alinhamento explícito aos Estados Unidos. "O governo argentino se manifestou inúmeras vezes em alinhamento com Washington, mas agora surgem outros fatores a serem considerados que o fazem moderar um pouco seu ataque a outras potências", afirmou. No entanto, Restivo considerou que para que os laços com o gigante asiático resultem em máximo benefício para a Argentina, é essencial a sedimentação de um discurso sustentável ao longo do tempo. "A China tem um modelo claramente alinhado no longo prazo, no planejamento, na continuidade política, enquanto a Argentina se caracteriza por constantes contradições entre sucessivos governos", observou.
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Analista explica o que está motivando a mudança de 180 graus na postura de Milei com a China
05:45 02.10.2024 (atualizado: 06:40 02.10.2024) Depois de ter afirmado que não faria negócios com a China por ser um "país comunista", o presidente argentino destacou a relevância das relações com Pequim. "É claro que o que explica isso é a necessidade urgente que Milei tem de atrair divisas e investimentos", disse o analista internacional Néstor Restivo à Sputnik.