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Venezuela, OPEP e BRICS+: uma aliança que poderia desafiar a hegemonia energética do Ocidente?

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Bandeiras dos Estados-membros do BRICS - Sputnik Brasil, 1920, 09.10.2024
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No âmbito da visita oficial do secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Haitham al-Ghais, à Venezuela, o governo venezuelano intensificou o seu compromisso com o fortalecimento da cooperação energética internacional. A Sputnik conversou com um especialista para compreender melhor seus reflexos para o país.
A ministra do Petróleo da Venezuela, Delcy Rodríguez, juntamente com al-Ghais, liderou uma reunião importante com a classe trabalhadora da indústria petrolífera, destacando a importância desta abordagem para consolidar estratégias comuns que fortaleçam a estabilidade do mercado petrolífero global.
Para o doutor em Segurança, Defesa e Desenvolvimento Integral, Vladimir Adrianza Salas, em entrevista à Sputnik, destacou que o eixo principal da visita de al-Ghais à Venezuela girou em torno da estabilidade do mercado de petróleo, questão crucial para a OPEP em meio a uma crise global marcada pela incerteza.

"De acordo com a informação divulgada por alguns meios de comunicação social, o tema central do encontro tem sido a estabilidade do mercado petrolífero e o reforço da cooperação entre os membros da OPEP, diante dos desafios que o mercado internacional apresenta nestes momentos. Ambas as partes manifestaram seu compromisso com ambas as questões", explicou Adrianza.

Além destes pontos, Adrianza considera que há temas de grande interesse que certamente farão parte da agenda de trabalho conjunto, como o impacto das sanções ocidentais na produção petrolífera nacional, o papel da empresa ExxonMobil na fachada atlântica venezuelana, bem como "a política tradicional em defesa dos níveis de produção e da evolução do mercado energético global".
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O especialista também enfatizou o papel dos Estados Unidos na criação do caos global para preservar a sua hegemonia, referindo-se aos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, bem como às tensões na Ásia e alertou — sobretudo no contexto da guerra de Israel contra o Hamas e o Hezbollah — sobre as possíveis repercussões nos preços do petróleo bruto. "Se o conflito no Oriente Médio se espalhar, poderá afetar significativamente os preços do petróleo", afirmou.

Diante de um eventual aumento, ele também alertou que a Venezuela, sob as atuais sanções, poderá ficar limitada. Em suas palavras, "para que a Venezuela 'tirasse vantagem' de uma potencial crise no Oriente Médio ou na Ásia Ocidental, teria de ser sujeita a uma suspensão total das medidas coercitivas unilaterais".

Um dos grandes desafios para a Venezuela continua sendo as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), que limitaram severamente a capacidade do país de comercializar o seu petróleo nos mercados internacionais. No entanto, Adrianza destacou que, apesar das dificuldades, o país tem conseguido manter algumas vendas graças aos seus instrumentos legais, como a Lei Antibloqueio.
Adrianza considerou que os Estados Unidos manteriam o seu interesse no petróleo bruto venezuelano porque embora fosse possível "que a produção de óleo de xisto naquele país pudesse atingir um aumento nos seus níveis para os anos 2025 a 2027", em Washington estão cientes de que "os padrões de refino de muitas refinarias nos Estados Unidos estão focados no processamento de petróleo bruto venezuelano médio e pesado". Aqui, considera o especialista, está a ação do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) de conceder à Chevron "a prorrogação da licença para continuar a extrair petróleo bruto venezuelano até abril de 2025".
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O especialista observou ainda que não é esperada uma mudança na política de sanções ocidental no curto prazo, dado que as recentes tensões políticas relacionadas com as eleições na Venezuela reforçaram a posição de Washington e Bruxelas contra Caracas.
No entanto, segundo Adrianza, a potencial incorporação da Venezuela ao bloco BRICS+ poderá alterar significativamente o equilíbrio energético global, especialmente no que diz respeito à hegemonia dos EUA no controle do mercado petrolífero.
O fato de países como a Arábia Saudita terem começado a reconsiderar o comércio de petróleo em moedas diferentes do dólar americano reforça a importância dos BRICS+ na nova geopolítica energética.

"Há alguns meses, o reino da Arábia Saudita anunciou que não renovaria o acordo do Petrodólar com os Estados Unidos, o que poderia encorajar a Venezuela a optar também por valorizar o seu petróleo bruto em outras moedas", explicou Adrianza. Esta dinâmica, somada à possibilidade de exportação de outros recursos estratégicos como gás e minerais, poderá consolidar uma maior independência econômica da Venezuela, rompendo com a sua dependência histórica do mercado norte-americano.

Em um contexto de sanções e tensões geopolíticas, o especialista conclui que a Venezuela deve procurar se posicionar em um cenário internacional em transformação, onde a cooperação com blocos emergentes e alianças estratégicas será fundamental para garantir a sua estabilidade e desenvolvimento a longo prazo.
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