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Combinação de declínios leva europeus a começarem a negociar 'por fora' da UE, analisa mídia dos EUA

© AP Photo / Hussein MallaO chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, segura seu arquivo durante uma entrevista coletiva, 12 de setembro de 2024
O chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, segura seu arquivo durante uma entrevista coletiva, 12 de setembro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 14.10.2024
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Estados-membros do bloco europeu começam a defender seus próprios interesses a partir do momento que a UE sofre uma potente combinação de paralisia política, ameaças externas e mal-estar econômico que ameaça acabar com as ambições do bloco de se tornar uma força global por si só, analisa a Bloomberg.
O mundo, de forma geral, está vivenciando mudanças drásticas como a crise climática, mudanças demográficas e a transição para uma economia pós-industrial. Mas no que diz respeito à Europa, esses fenômenos são ainda mais nocivos, uma vez que a capacidade e a disposição da região para responder a essas questões estão bem atrasadas.
Em 9 de setembro, o ex-primeiro-ministro italiano Mario Draghi divulgou um relatório bastante esperado sobre a competitividade da União Europeia. Após falar sobre o documento, Draghi instou o bloco a desenvolver suas tecnologias avançadas, criar um plano para atingir suas metas climáticas e impulsionar a defesa e a segurança de matérias-primas críticas, rotulando a tarefa de "um desafio existencial".
"Pela primeira vez desde a Guerra Fria, devemos temer genuinamente por nossa autopreservação", enfatizou.
No entanto, segundo a agência norte-americana, mais de um mês depois, os Estados-membros do bloco mostraram "apatia ou resistência" aos apelos do ex-primeiro-ministro, mesmo que não estejam em condições de as fazer.
A mídia cita, como últimos movimentos regressivos, a entrega do poder de veto na França, por Emmanuel Macron, à extrema direita; as declarações da maior montadora da Alemanha sobre fechar fábricas no país pela primeira vez e, adicionalmente, o fato de as gigantes da tecnologia dos Estados Unidos estarem dando as costas ao mercado europeu por causa de suas novas restrições à inteligência artificial.
"Todos esses desenvolvimentos sustentam o fracasso da UE em agir como um bloco econômico coeso e dinâmico, corroendo seu status e degradando sua capacidade de responder a uma ampla gama de ameaças, desde a política industrial chinesa até a agressão militar russa, ou mesmo uma futura administração antagônica nos EUA", escreve a Bloomberg.
"Se você quisesse ser uma potência geopolítica, então o poder econômico seria o ingrediente-chave. O crescimento da produtividade foi um desastre. A Europa ainda é rica, mas esses diferenciais ao longo de 20 anos têm implicações enormes", disse Guntram Wolff, professor da Universidade Livre de Bruxelas e membro sênior do think tank Bruegel.
Os rivais geopolíticos da região estão tentando explorar essas transformações, enquanto muitos dos maiores membros da UE estão sobrecarregados com modelos econômicos que não deram resultado por muito tempo — e ainda precisam lidar com eleitores inquietos que não aceitam alternativas.

"Algo está mudando muito, muito dramaticamente e muito, muito profundamente neste mundo. Não podemos reagir corretamente, porque somos muito lentos", disse o ex-presidente polonês Aleksander Kwasniewski em uma entrevista.

Além disso, a mídia aponta para a dificuldade de centralização de decisões que um bloco encontra.
"A China está lutando contra sua própria desaceleração econômica, e os EUA estão caminhando para uma eleição potencialmente perturbadora com suas finanças públicas em uma base insustentável. Mas ambas as nações têm sistemas que centralizam a tomada de decisões em grande medida, e geram vastas quantidades de capital privado ou público para defesa e investimento em tecnologia de ponta", diz a agência.
É certo que os padrões de vida em suas economias ricas não estão à beira do colapso. Alguns países podem muito bem se beneficiar de acordos de investimento ou comércio com os EUA, China ou Rússia. Mas quanto mais as tendências atuais persistirem, maior será a vulnerabilidade da Europa a choques dramáticos.
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O contexto ameaça causar danos que vão além do simples atraso em investimentos e produtividade: os líderes da região estão perdendo a fé no projeto europeu.

"Eu realmente acredito que estamos em risco. Nos próximos dois a três anos, se seguirmos nossa agenda clássica, estaremos fora do mercado. Não tenho dúvidas", disse Emmanuel Macron no início deste mês em um painel em Berlim.

Macron, segundo a mídia, argumenta que a perda de combustíveis fósseis russos baratos e o advento da política industrial agressiva e intensiva em subsídios do presidente dos EUA, Joe Biden, marcam uma ruptura com o antigo modelo que permitiu que as economias baseadas na exportação da Europa prosperassem.
Isso se soma aos desafios pré-existentes impostos pela ascensão da China e sua vasta máquina de manufatura, e ao salto global em inovação tecnológica que em grande parte ignorou a região.
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A mídia afirma que "autoridades em países europeus centrais estão começando a ver a UE como um obstáculo que eles precisam contornar — em vez da fonte de prosperidade e proteção que ela tem representado até agora".
Para exemplificar o começo de um certo tipo de racha, a agência cita que autoridades francesas falam sobre forjar uma integração mais profunda com um grupo menor de países fora da estrutura do bloco por causa da oposição de longa data da Alemanha. Autoridades polonesas citam iniciativas semelhantes em defesa. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, tradicionalmente um dos Estados mais pró-UE, está minando sua política comercial para cortejar o investimento chinês.
"É óbvio que a Europa está ficando para trás de seus principais parceiros comerciais, os EUA e a China. Se não tomar medidas imediatas, o declínio acabará se tornando irreversível", disse o Ministro das Finanças grego, Kostis Hatzidakis, em uma entrevista em 24 de setembro.
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