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Relação com Pequim em Xeque: Argentina exclui China de concessão de hidrovia estratégica para região

© Foto / Paulo Mumia/G20 Presidente da Argentina Javier Milei discursa durante a Cúpula dos Líderes do G20
Presidente da Argentina Javier Milei discursa durante a Cúpula dos Líderes do G20 - Sputnik Brasil, 1920, 29.11.2024
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O governo argentino excluiu a empresa chinesa Shanghai Dredging Company da lista de concorrentes para assumir o controle de uma das obras de infraestrutura mais importantes para o país austral.
"As consequências desse gesto ainda são incertas", disse à Sputnik o analista Sebastián Schulz, ao opinar que o governo de Javier Milei deu um forte sinal contra Pequim ao deixar uma empresa estatal chinesa de fora da licitação de uma obra estratégica.
A empresa Shanghai Dredging Company foi excluída da lista de candidatos à licitação para a ampliação e modernização da Hidrovía Paraná-Paraguay, rota por onde sai mais de 80% das exportações da Argentina.
A exclusão do gigante asiático ficou registrada nos termos da concessão da Vía Navegable Troncal, onde é especificado — no artigo 16 — que será descartada "qualquer pessoa jurídica que seja controlada, direta ou indiretamente, por Estados soberanos ou agências estatais, seja no capital, na tomada de decisões ou de qualquer outra forma".
O texto parece ter sido feito sob medida para deixar de fora a concorrente asiática, que é filial da China Communications Construction Company, que, sob a administração da República Popular da China, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do plano de infraestrutura incluído na iniciativa da Franja e Rota.
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Embora a propriedade da empresa Shanghai Dredging Company seja majoritariamente estatal, ela é listada na bolsa de valores e tem como sócios bancos e fundos de investimento como BlackRock e JPMorgan. Com presença em mais de 30 países, é uma das empresas mais relevantes na China.
A Via Navegável Troncal, conhecida como a hidrovia Paraná-Paraguay, abrange um trajeto de mais de 1,6 mil quilômetros e desempenha um papel vital tanto para a Argentina quanto para o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, cujos Estados assinaram em 1992 um tratado destinado a facilitar a navegação e o comércio através da via.
Após o vencimento da concessão para o dragagem da hidrovia — até então em mãos das empresas Jan de Nul e Emepa —, em meados de 2021, a disputa pelo controle da obra gerou tensões fortes entre os cinco concorrentes, entre os quais a Shanghai Dredging Company se destacava como uma das favoritas.
A decisão ocorre dias depois da primeira reunião bilateral entre Milei e seu homólogo chinês, Xi Jinping, no marco da cúpula do G20.
O sociólogo destacou que ambos os países compartilham interesses: a Argentina é o terceiro maior fornecedor de alimentos da China, o que a torna seu maior parceiro comercial.
O futuro da relação bilateral depende de questões-chave para Buenos Aires, como a sustentabilidade do swap (troca de moedas), equivalente a US$ 5 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões), e dos investimentos provenientes do gigante asiático.
De acordo com o especialista, "as consequências são incertas, e agora resta ver como o governo argentino lidará para não arriscar a relação cordial com a China, que é fruto de uma política de Estado de mais de 20 anos".
Para Schulz, a decisão do governo argentino é inseparável de seu alinhamento explícito com os Estados Unidos em questões geopolíticas.
"É evidente que a vitória de Donald Trump deu a Milei certa garantia para radicalizar sua política externa e alinhá-la diretamente com Washington. Era esperado um giro drástico que esfriasse ainda mais a relação com a China", comentou.
A hidrovia desempenha papel fundamental como meio de comércio para o Cone Sul, e por isso, segundo ele, essa região será muito mais relevante para a Casa Branca, com a posse de Trump, que disse que queria recuperar sua influência na América do Sul:
"Milei estava esperando uma vitória de Trump para terminar de se radicalizar. Aliado ao republicano, veremos um governo argentino muito mais alinhado com Washington, que jamais permitiria que uma empresa chinesa assumisse o controle dessa rota estratégica", considerou Schulz.
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