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'Coalizão do extermínio': apoio dos EUA a Israel é incondicional e bipartidário, diz analista

© AP Photo / Vahid SalemiManifestante derrama gasolina nas bandeiras de Israel e dos EUA antes de atear fogo a elas, durante um protesto em Teerã contra a viagem de Biden ao Oriente Médio. Irã, 16 de julho de 2022
Manifestante derrama gasolina nas bandeiras de Israel e dos EUA antes de atear fogo a elas, durante um protesto em Teerã contra a viagem de Biden ao Oriente Médio. Irã, 16 de julho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 11.12.2024
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A Casa Branca se prepara para receber o governo republicano do presidente Donald Trump enquanto se despede da administração democrata de Joe Biden. Em meio às expectativas envoltas na transição, o futuro, no que diz respeito às relações com Israel, deve ser previsível, haja vista a parceria histórica entre os países.
Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, especialistas comentaram a perspectiva para o governo Trump em relação ao apoio a Israel no conflito na Faixa de Gaza, que já dura mais de 400 dias desde a escalada em 7 de outubro de 2023.
Para Marcos Feres, brasileiro-palestino e secretário de Comunicação da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), o apoio dos Estados Unidos a Israel é "incondicional, bipartidário e mais antigo do que a própria autoproclamação de Israel, como projeto colonial e genocida na Palestina em 1948".
Segundo o analista, assim como os EUA foram "a primeira potência a reconhecer a autoproclamação de Israel em maio de 1948", durante a campanha para as últimas eleições presidenciais norte-americanas, o que se viu foi "uma disputa entre Kamala Harris e Trump para ver quem era mais sionista, quem apoiava mais o genocídio e quem mandaria mais armas", diz.
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Embora sejam partidos de oposição, democratas e republicanos servem ao apoio irrestrito dos EUA a Israel, mudando um pouco a "roupagem", acredita Feres.
Karina Calandrin, professora de relações internacionais do Ibmec São Paulo, afirma que ambos os partidos apoiam Israel, mas há "um apoio retórico maior dos republicanos e um apoio financeiro maior dos democratas".
O governo do ex-presidente democrata Barack Obama, por exemplo, foi responsável por aprovar o maior aporte financeiro a Israel. Esse acordo, que já atravessou governos de ambas as legendas, prevê o envio de US$ 38 bilhões (R$ 231,3 bilhões) até 2028.
"O presidente Obama era muito crítico às ações de Israel, mas foi no seu governo que foi aprovado o número maior de ajuda financeira da história dos Estados Unidos para uma nação estrangeira", explica.
O eminente apoio financeiro ao parceiro do Oriente Médio acontece desde 1970, ou seja, segundo a professora, isso mostra que essa ajuda aconteceria independentemente da guerra.
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Sobre o discurso republicano mais acintoso em relação aos democratas que, segundo os analistas, costumam adotar um tom mais crítico nas palavras, Feres acredita, tratando-se de Trump, ser uma marca para mostrar à sua base que apoia mais as ações israelenses do que a oposição.

"O Trump, quando dá esse tipo de discurso, eu entendo que ele radicaliza muito mais para a própria base para se mostrar, como eu falei um pouco antes, quem é mais genocida. Ele quer criar uma ideia de que os democratas não apoiam o suficiente o genocídio, que não estão ajudando o suficiente, o que é uma mentira", afirma.

Já no que diz respeito às ações, às práticas, Feres recorda que "este é um genocídio até o momento democrata" e que, pela postura dura, acabou angariando apoio do ex-vice-presidente Dick Cheney, republicano e vice de George W. Bush. "Isso nos dá um pouco essa percepção de um imbricamento entre essas duas correntes, que são, na verdade, muito parecidas quando o assunto é a política externa e a política imperialista dos Estados Unidos".

"Os democratas, no contexto do genocídio que acontece em Gaza, fizeram talvez um grande favor a figuras como Dick Cheney, a figuras que representam esse establishment republicano mais intervencionista, mais violento, que é naturalizar para o mundo e para a própria base democrata — que teoricamente seria mais antiguerra — um padrão genocidário que agora será aplicado em outras guerras genocidas que os Estados Unidos vão conduzir ou financiar", acrescenta.

Ao fio e ao cabo, portanto, segundo o secretário de comunicação, trata-se de "uma grande coalizão do extermínio".
"Ambos se complementam no fazer crescer uma forma mais violenta e mais genocida a cada processo de extermínio que conduzem pelo mundo", finaliza Feres.
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