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Análise: chegou a hora de o Brasil pensar em um programa robusto de mísseis?
Análise: chegou a hora de o Brasil pensar em um programa robusto de mísseis?
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O lançamento do Oreshnik, fruto do investimento de uma década da Rússia em tecnologia de mísseis, mandou um claro recado dissuasório para os países ocidentais... 13.12.2024, Sputnik Brasil
2024-12-13T16:55-0300
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Analistas ouvidos pela Sputnik Brasil acreditam que o país deve se concentrar em fortalecer sua base industrial de defesa, mas precisa superar um grande problema: a falta de continuidade dos projetos.Segundo o comandante Robinson Farinazzo, especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, vários projetos militares já morreram no meio do caminho, inclusive a Avibras, que "tem 60 anos e a gente está deixando morrer".Em relação ao questionamento inicial, sobre o Brasil ter um programa forte de mísseis, o especialista avalia positivamente a iniciativa, julgando ser essa a melhor alternativa "em termos de custo, benefício, versatilidade, flexibilidade e poder dissuasório".O grande desafio, conforme Farinazzo, seria a elite política e econômica brasileira entender que o Brasil carece de poder dissuasório e que tais projetos seriam de suma importância no âmbito geopolítico e econômico.'Brasil precisa entender quais são suas vulnerabilidades'Para José Augusto Zague, pesquisador do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas e do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), países que buscam autonomia estratégica têm que ter uma definição clara de suas necessidades para supri-las.No caso, o analista define o Brasil como um país que ainda não entendeu as suas vulnerabilidades, logo uma indústria de defesa brasileira não surgiu a partir desse cálculo. De acordo com Zague, o Brasil, no âmbito da indústria global de defesa, está inserido naquilo que ele chama de "modelo da tecnologia militar globalizada", no qual "todas as indústrias de defesa […] têm algum tipo de dependência […], que é um modelo liderado pelos Estados Unidos, [modelo] que tem também nos países da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]".Já a defesa da Rússia corre por fora desse modelo da "tecnologia militar globalizada". "Os russos procuraram ter autonomia estratégica, [e hoje] produzem praticamente tudo aquilo de que eles precisam". A China segue o mesmo caminho.Diante desse contexto, o analista expressa que o Brasil enfrenta problemas de definição que compreendem desde suas ameaças ao balizamento da defesa, que, no âmbito dos mísseis, pode até esbarrar em acordos internacionais.O Brasil é, desde 1995, signatário do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR, na sigla em inglês), definido como uma associação informal criada como um esforço multilateral para o combate à proliferação de mísseis e outros sistemas capazes de lançar armas de destruição em massa, sejam elas químicas, biológicas ou nucleares.
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Análise: chegou a hora de o Brasil pensar em um programa robusto de mísseis?
16:55 13.12.2024 (atualizado: 17:44 13.12.2024) Especiais
O lançamento do Oreshnik, fruto do investimento de uma década da Rússia em tecnologia de mísseis, mandou um claro recado dissuasório para os países ocidentais. O Brasil, por sua vez, tem como base da defesa nacional uma estratégia que leva em consideração a assimetria tecnológica com o inimigo. Seria a hora de pensar um programa robusto de mísseis?
Analistas ouvidos pela
Sputnik Brasil acreditam que o país deve se concentrar em fortalecer sua
base industrial de defesa, mas precisa superar um grande problema: a falta de continuidade dos projetos.
Segundo o
comandante Robinson Farinazzo, especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, vários projetos militares já morreram no meio do caminho,
inclusive a Avibras, que "
tem 60 anos e a gente está deixando morrer".
"Se a gente tivesse dado continuidade a essa família de mísseis que a gente tinha nos anos 1970, onde a gente estaria hoje? Mas não, os projetos morreram, e começa tudo do zero. Por que a Rússia tem uma indústria de blindados poderosos e eficientes? Porque eles estão fabricando blindados desde os anos 1930", analisa.
Em relação ao questionamento inicial, sobre o Brasil ter um
programa forte de mísseis, o especialista avalia positivamente a iniciativa, julgando ser essa a melhor alternativa "em termos de custo, benefício, versatilidade, flexibilidade e poder dissuasório".
O grande desafio, conforme Farinazzo, seria a elite política e econômica brasileira entender que o Brasil carece de poder dissuasório e que tais projetos seriam de suma importância no âmbito geopolítico e econômico.
"O Brasil quer fazer parte do Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, quer que ampliem o Conselho de Segurança e quer fazer parte dele. Mas como, se a gente não tem ficha para colocar na mesa, que são forças armadas poderosas?", diz, acrescentando que sem uma soberania tecnológica em defesa "você não é uma voz ouvida no mundo".
'Brasil precisa entender quais são suas vulnerabilidades'
Para José Augusto Zague, pesquisador do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas e do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), países que buscam autonomia estratégica têm que ter uma definição clara de suas necessidades para supri-las.
No caso, o analista define o Brasil como um país que ainda não entendeu as suas vulnerabilidades, logo uma indústria de
defesa brasileira não surgiu a partir desse cálculo.
"Para saber quais são as vulnerabilidades de um país, é necessário que isso esteja em um plano nacional de defesa ou na estratégia nacional de defesa", comenta o analista.
De acordo com Zague, o Brasil, no âmbito da indústria global de defesa, está inserido naquilo que ele chama de "
modelo da tecnologia militar globalizada", no qual "todas as indústrias de defesa […] têm algum tipo de dependência […], que é um
modelo liderado pelos Estados Unidos, [modelo] que tem também nos países da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]".
"O Brasil tem pouquíssima participação como fornecedor de algum tipo de componente ou parte. Isso reflete […] a falta de vocação", acrescenta.
Já a defesa da Rússia corre por fora desse modelo da "tecnologia militar globalizada". "Os russos procuraram ter autonomia estratégica, [e hoje] produzem praticamente tudo aquilo de que eles precisam". A China segue o mesmo caminho.
Diante desse contexto, o analista expressa que o Brasil enfrenta problemas de definição que compreendem desde suas ameaças ao balizamento da defesa, que,
no âmbito dos mísseis, pode até esbarrar em acordos internacionais.
O Brasil é, desde 1995, signatário do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR, na sigla em inglês), definido como uma associação informal criada como um esforço multilateral para o combate à proliferação de mísseis e outros sistemas capazes de lançar armas de destruição em massa, sejam elas químicas, biológicas ou nucleares.
Entretanto, o mais determinante para o Brasil é "acabar com essa disfuncionalidade da sua base industrial de defesa, pensando em uma vocação que possa fazer com que o Brasil responda às suas necessidades".
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