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Expansão do Mercosul, crise no Equador e eleições: o agitado ano de 2024 na América Latina

© AP Photo / Dolores OchoaApoiador do presidente equatoriano, Daniel Noboa, segura um recorte do chefe de Estado perto da Assembleia Nacional, onde o presidente apresenta seu primeiro relatório à nação após seis meses no cargo. Quito, 24 de maio de 2024
Apoiador do presidente equatoriano, Daniel Noboa, segura um recorte do chefe de Estado perto da Assembleia Nacional, onde o presidente apresenta seu primeiro relatório à nação após seis meses no cargo. Quito, 24 de maio de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 31.12.2024
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Ao longo do ano, a região também chegou a registrar uma tentativa de golpe de Estado na Bolívia, quando militares ameaçaram invadir a sede do governo na praça Murillo, em La Paz. Especialistas analisam os principais acontecimentos no podcast Mundioka, da Sputnik Brasil.
Um ano de acontecimentos importantes na América Latina. Assim resume a cientista política, mestre em estudos latino-americanos e diretora-geral do Centro de Integração e Cooperação da Rússia e América Latina (CICRAL), Luiza Calvette, ao podcast Mundioka.
Ao todo ocorreram seis eleições presidenciais nos países e, entre as mais marcantes, a especialista cita o pleito no México, onde foi eleita a primeira mulher na história a ocupar o cargo: a presidente Claudia Sheinbaum.

"Também representou a continuidade do projeto do Morena [partido também do ex-presidente Andrés Manuel López Obrador], uma coisa bem atípica na história no México. Já no Uruguai, ocorreu a volta da Frente Ampla, com Yamandú Orsi, que é uma vitória muito importante para a região. E ainda houve a reeleição do presidente Nicolás Maduro [na Venezuela], apesar de várias tentativas de desestabilização, mas que foram vencidas. E também tivemos vitórias não tão boas, como em El Salvador, onde ganharam os aliados de Donald Trump [presidente eleito dos Estados Unidos]", pontua.

Entrevista Gente que Fala - Sputnik Brasil, 1920, 09.12.2024
Panorama internacional
G20, derrocada da lógica ocidental e BRICS: correspondentes da Sputnik debatem pontos na TV (VÍDEO)

G20 no Brasil e defesa do mundo multipolar

Pela primeira vez na história, o Brasil também foi palco da Cúpula do G20, em novembro, no Rio de Janeiro, momento em que ocorreram avanços importantes, como a aprovação da declaração final, com um consenso que não havia ocorrido no evento do ano anterior, na Índia.
Entre os pontos estão o apoio à criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com a participação de mais de 80 países, além da taxação de grandes fortunas e a defesa do cessar-fogo na Faixa de Gaza.

"Eu acho também que foi muito importante o papel do Brasil este ano. O presidente Luiz Inácio da Lula da Silva alçou, de fato, o nosso país de novo no mundo, então acho que o G20 foi importante para isso, assim como vai ser com a Cúpula do BRICS do ano que vem. Também foi publicado pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] que atingimos o menor índice de pobreza e miséria desde 2012, uma coisa que também é muito importante", explica.

Pessoas esperam na fila por uma refeição gratuita oferecida pela cozinha comunitária da Casa Comunitária del Fondo, no popular bairro de Padre Carlos Mugica, em Buenos Aires, Argentina, 1º de novembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 26.12.2024
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Desemprego diminui, mas informalidade cresce: como está o trabalho na Argentina de Milei?

Impactos do governo Milei na Argentina

Era dezembro de 2023 quando o então presidente eleito, Javier Milei, assumia a Casa Rosada, em meio às tensões e expectativas geradas pelas propostas apresentadas durante a campanha, como a total dolarização da economia e até o fechamento do Banco Central. Para a cientista política, o primeiro ano de mandato no país foi de "estrago" e intensas dificuldades.

"Primeiro porque metade da população na Argentina hoje vive na pobreza, com quase 20% na extrema pobreza […]. Mas o Milei também enfrenta dificuldades, inclusive para aprovar o novo pacote de política econômica, fora algumas privatizações que ficaram de fora, como a da empresa estatal de rádio e televisão, a dos correios, a das Aerolíneas Argentinas, o que também é fruto da mobilização da população nas ruas. Inclusive, o Milei ainda tenta se alçar como um símbolo da extrema-direita mundial. Ele segue com esse personagem extremista que se coloca como um outsider", pontua, ao lembrar ainda que a Argentina chegou a ser convidada para entrar no BRICS, mas por decisão de Milei houve recusa.

Conforme a especialista, a presença de Milei no país também traz muitas perdas, principalmente para a América do Sul, já que a Argentina é o segundo país mais importante da região.
"A Argentina tem um papel histórico na integração latino-americana. Mas, por outro lado, vejo que isso ainda não alcançou uma forma muito concreta, em termos de tarifas [de importação] ou até no rompimento de relações. Ainda tem ficado muito no âmbito provocativo […]. Acho que o Lula e o López Obrador conseguiram ignorar um pouco as provocações", diz.

Futuro governo Trump e tensões sob a América Latina

Apesar de ainda não ter assumido o poder, diversas falas do republicano Donald Trump já têm gerado tensões em toda a América Latina. Entre os exemplos estão as ameaças de tomar o controle do canal do Panamá e até de classificar como terroristas grupos de narcotráfico no México.

"De fato, desde antes de vencer as eleições, Trump já vinha fazendo uma série de provocações ao México. […] já ameaçou taxar em 25% os produtos do país e também do Canadá, enquanto a presidente Claudia Sheinbaum afirmou que responderia à mesma altura", afirma.

A especialista lembra que os EUA vivem um contexto de desindustrialização, aumento da inflação e condições de trabalho cada vez piores. Medidas como as anunciadas por Trump podem ser vistas pela população como uma resposta à crise interna. A expectativa para o ano também é de crescimento econômico de 2,8%, considerado pequeno para os padrões norte-americanos.
"Desde o primeiro mandato de Trump, os imigrantes também foram colocados como um grande bode expiatório. Mas acredito que todas essas provocações vêm muito para tentar tirar algum proveito das relações bilaterais a favor dos Estados Unidos."
O presidente da Bolívia, Luis Arce, à esquerda, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, posam para fotos durante a chegada para a Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, Brasil (foto de arquivo)  - Sputnik Brasil, 1920, 12.12.2024
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Além da UE: Mercosul inclui Bolívia e Panamá para se proteger de Trump, diz analista

Tentativas de golpe de Estado e desestabilização

Típicas ao longo dos últimos séculos na América Latina, tentativas de golpe de Estado na Colômbia e na Bolívia foram a contribuição de 2024 para esse histórico. A coordenadora da Pós-Graduação em Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Flavia Loss, acrescenta que, no caso boliviano, a situação sequer foi totalmente esclarecida, apesar de o presidente Luis Arce ter conseguido "se livrar" dos impactos.

"Soubemos depois pela imprensa que foram os militares [os responsáveis pela tentativa de golpe], mas ficou uma situação muito estranha. E na Bolívia segue essa divisão dentro do MAS [Movimento ao Socialismo], que é o partido do presidente, mas que foi na verdade fundado por Evo Morales. Os dois continuam disputando internamente dentro do partido, o que deixa uma situação bem delicada no país andino. Tivemos, inclusive, uma tentativa de assassinato do Evo Morales. Então foi um ano complicado para a Bolívia e que traz sombras do que será a próxima eleição presidencial", argumenta.

Apesar disso, o país também teve fatos a comemorar: após mais de dez anos, a Bolívia enfim conseguiu entrar oficialmente no Mercosul em 2024, o que deve trazer ganhos econômicos e maior integração do país na América do Sul.

Crise de segurança no Equador

Uma emissora de TV foi tomada por uma facção armada em Guayaquil, gerando terror nas ruas e explosão nos índices de criminalidade. A crise de segurança vivida no Equador atingiu o seu pior momento da história em 2024 e chegou a obrigar o presidente Daniel Noboa a decretar estado de calamidade. Para Loss, a situação ocorre por conta da consolidação do país como rota para o narcotráfico de toda a região, inclusive do México.
"Com isso, virou um hub logístico para a exportação de drogas para a Europa e os Estados Unidos, principalmente, e ainda há dificuldades do país de acabar com essa onda de violência", finaliza.
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