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Guerras pelas hidrovias, a luta histórica pelos estreitos e canais estratégicos do Mundo

© AP PhotoArquivo: instalações de combustível no canal de Suez queimam após um ataque de aeronaves do Esquadrão Sea Venom do HMS Eagle, enquanto a Grã-Bretanha, a França e Israel intervinham militarmente e ocupavam a zona do canal após o Egito nacionalizá-lo, 11 de novembro de 1956
Arquivo: instalações de combustível no canal de Suez queimam após um ataque de aeronaves do Esquadrão Sea Venom do HMS Eagle, enquanto a Grã-Bretanha, a França e Israel intervinham militarmente e ocupavam a zona do canal após o Egito nacionalizá-lo, 11 de novembro de 1956 - Sputnik Brasil, 1920, 02.01.2025
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A ameaça de Donald Trump de tomar o canal do Panamá e a interrupção pelos houthis do transporte comercial através do canal de Suez, lembrou ao mundo a importância das vias estratégicas para o comércio global. Quais foram as disputas pelas mais importantes artérias comerciais ao longo da história? A Sputnik explica.

Canal de Suez

Construído na década de 1860 durante as campanhas imperiais europeias de conquista de grandes áreas da África e da Ásia, o canal de Suez desempenharia um papel fundamental nos conflitos globais do século seguinte:
As forças otomanas tentaram tomar o Suez em 1915 e 1916 durante a Primeira Guerra Mundial, buscando cortar a Entente — a aliança militar formada em 1907 entre a França, o Reino Unido e o Império Russo — de sua rota marítima mais rápida para a Ásia;
Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o Corpo Africano de Rommel — força expedicionária alemã enviada para a África — se aproximou a 350 quilômetros do canal antes de ser repelido. Se o canal tivesse sido capturado, as operações navais dos Aliados no Mediterrâneo teriam sido severamente prejudicadas, e as forças do Eixo poderiam ter avançado para os campos de petróleo do Oriente Médio;
Em 1956, durante os primeiros anos da Guerra Fria, a nacionalização do canal de Suez por Gamal Abdel Nasser desencadeou uma invasão pela França e pelo Reino Unido, buscando recuperar o controle colonial, e por Israel, indignado com a postura antisionista de Nasser. A agressão foi frustrada por ameaças de intervenção soviética e pela surpreendente recusa dos EUA em apoiar seus aliados.
Avançando para hoje, o Suez se tornou uma vítima do conflito entre Israel e os houthis, com o Egito perdendo bilhões em receitas de trânsito somente em 2024.
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Canal do Panamá

O Panamá foi parte da Colômbia até 1903, quando forças pró-independência (convenientemente) apoiadas por navios de guerra dos EUA declararam independência. O presidente Teddy Roosevelt se gabaria mais tarde: "Eu fiz o Panamá". A construção do moderno canal do Panamá começou logo depois, em 1904;
Em 1989, os EUA invadiram o Panamá para expulsar o antigo aliado Manuel Noriega. Oficialmente, a invasão era sobre "defender a democracia" e combater o tráfico de drogas. Na realidade, Washington temia que Noriega pudesse descartar as disposições de um tratado que garantisse a presença militar permanente dos EUA na região.
Trinta e cinco anos depois, o presidente eleito Trump ameaçou tomar o canal, gerando condenação tanto entre os líderes panamenhos quanto entre as autoridades em Washington, preocupadas por ele falar novamente do tema em voz alta.
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Estreito de Ormuz

Situado na foz do golfo Pérsico e responsável pelo embarque de um quarto do petróleo mundial, o estreito de Ormuz provou ser o principal ponto de estrangulamento marítimo da era industrial — algo sem dúvida previsto pela Grã-Bretanha quando subjugou os Estados árabes adjacentes ao estreito em 1820.
A Guerra Irã-Iraque de 1980-1988 mostrou o quão importante é o estreito de Ormuz, com Saddam Hussein tentando provocar Teerã a fechar o estreito para desencadear uma intervenção norte-americana em larga escala.
Hoje, o Irã diz que sua estratégia militar inclui fechar o estreito no caso de uma grande agressão dos EUA ou de Israel para forçar os planejadores em Washington e Tel Aviv a pensar duas vezes antes de começar uma guerra que poderia desencadear uma depressão global.
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Estreitos turcos

Da era imperial e da Guerra Fria até o presente, os estreitos turcos do Bósforo e de Dardanelos têm sido pontos fundamentais na competição pelo acesso aos mares Negro e Mediterrâneo.
Sob o secreto Acordo de Constantinopla de 1916, a Grã-Bretanha e a França prometeram transferir Constantinopla (Istambul) e os estreitos para o Império Russo se a Entente vencesse a guerra. As promessas foram esquecidas imediatamente após a Revolução Russa;
Após a Segunda Guerra Mundial, a URSS propôs o controle militar conjunto sobre os estreitos turcos, à semelhança do controle dos EUA sobre o canal do Panamá e o da Grã-Bretanha sobre o Suez;
Preocupada com a passagem sem perturbações de navios de guerra do Eixo pelos estreitos durante a guerra e com a aproximação de Ancara a Washington imediatamente depois, a URSS exigiu o controle militar conjunto sobre os estreitos. A Turquia recusou, acabando por se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Hoje, os estreitos turcos continuam sendo um nó-chave para o comércio global — especialmente para as remessas de grãos da Rússia e da Ucrânia. Os estreitos foram fechados para navios de guerra após o início da guerra por procuração Rússia-OTAN na Ucrânia em 2022.
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Estreito de Malaca

A importância desta rota marítima internacional ficou clara ainda nos anos 1500, quando os portugueses a conquistaram do sultanato de Aceh. Na década de 1640, o controle português foi substituído pelos holandeses, que o mantiveram até a Segunda Guerra Mundial;
Durante a guerra, a invasão e ocupação japonesa da Malásia e das Índias Orientais Holandesas deram a Tóquio o controle total do estreito de Malaca entre 1942-1945.
Avançando para o presente, as ameaças dos EUA de fechar o estreito estratégico para a China e suas fontes de petróleo no Oriente Médio levaram Pequim a procurar rotas alternativas, como Mianmar.
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