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'Churrasco agora é luxo': Argentina registra menor consumo de carne em 20 anos
'Churrasco agora é luxo': Argentina registra menor consumo de carne em 20 anos
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Com o impacto da queda na renda e na diminuição da produção, a venda de carne bovina atingiu mínimos históricos na Argentina. Embora a inflação esteja caindo... 07.01.2025, Sputnik Brasil
2025-01-07T01:58-0300
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E o consumo de carne continua em queda livre na Argentina. Durante 2024, as vendas despencaram 11,1% em relação ao ano anterior, atingindo seu nível mais baixo desde 2002, ano em que o país estava imerso em uma das piores crises socioeconômicas de sua história.Segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados (CICCRA), o consumo de carne bovina por habitante foi de 47,4 quilos entre janeiro e novembro de 2024: cada argentino consumiu, em média, quase 6 quilos a menos do que no mesmo período de 2023 e muito abaixo da média histórica (72,9 kg.), resultando na pior marca em mais de duas décadas.O fenômeno responde principalmente a fatores econômicos. A pesquisa aponta que não só a demanda caiu: a própria oferta também foi afetada por fatores climáticos e o abate diminuiu 8% em relação ao ano anterior, devido à seca que atravessou o país.No entanto, as vendas internas contrastam com o grande aumento nas exportações: durante o período, foram enviadas mais de 784 mil toneladas ao exterior, resultando em um aumento significativo de 12% em relação ao ano anterior.A carne que não é consumida pelos argentinos está nas mesas estrangeiras, principalmente nas famílias da China (que absorve 65% da demanda externa), Israel e Estados Unidos.O colapso das vendas"Estamos vendendo cada vez menos carne, mas isso não é novidade. O que é novo é que, por exemplo, notamos que, no final do ano, muitas famílias optaram por não fazer um churrasco, uma privação muito forte pela tradição cultural argentina", disse à Sputnik Fernando Savore, presidente da Federação de Almaceneiros da província de Buenos Aires (centro).Segundo um estudo do Centro de Economia Política Argentina (CEPA), a privação mencionada pelo empresário tem uma explicação: a perda de renda, o que leva ao consumo de produtos substitutos como carne de frango e suína. "Em 2024, pela primeira vez na história, o consumo de carne de frango quase igualou o de carne bovina, atingindo 44,5 kg per capita anual", indicou o relatório.A queda tem a ver com a política econômica de austeridade do atual governo de Javier Milei. A O desemprego diminuiu, mas a taxa de informalidade tem crescido e os trabalhadores informais recebem, em média, rendimento 46% inferior aos registrados em empregos relativamente semelhantes, segundo Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC) do país.Além disso, quase 60% dos trabalhadores informais não conseguem cobrir o valor da cesta básica com os seus rendimentos, enquanto no caso dos trabalhadores registrados o valor é de apenas 8%.Embora certas tendências de consumo que alteram a dieta típica da cultura nacional — como o veganismo ou o vegetarianismo —, a espiral descendente no consumo de carne que a Argentina enfrenta tem uma explicação estrutural: a queda da renda pelo sétimo ano consecutivo impacta diretamente o poder de compra das famílias.Assim como nos últimos três anos de mandato de Alberto Fernández (2019-2023), o salário mínimo passou a equivaler de 56 a 48 quilos de carne (uma queda de 14%), sob a presidência de Mauricio Macri (2015-2019), esse indicador havia sofrido um declínio de 60 a 55 quilos (8%), após a recessão que culminou com uma queda do poder aquisitivo dos salários superior a 17%.Segundo Schiariti, o consumo de carne "vai continuar caindo até se estabilizar em níveis um pouco mais baixos por uma questão de preços, a menos que a situação econômica se inverta drasticamente e vejamos um forte aumento da renda, algo que ainda não aconteceu."No entanto, a persistente queda no consumo de carne bovina levanta uma dúvida sobre a sustentabilidade da emblemática tradição gastronômica."O que vimos nos últimos anos", apontou o empresário, "é uma queda gradual que provavelmente nos levará a nos estabilizar em sintonia com outros países, até próximos daqueles que não têm o churrasco como sua insignia", opinou.
https://noticiabrasil.net.br/20241226/desemprego-diminui-mas-informalidade-cresce-como-esta-o-trabalho-na-argentina-de-milei-37870107.html
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'Churrasco agora é luxo': Argentina registra menor consumo de carne em 20 anos
Com o impacto da queda na renda e na diminuição da produção, a venda de carne bovina atingiu mínimos históricos na Argentina. Embora a inflação esteja caindo, os preços de produtos básicos ainda seguem em níveis muito elevados.
E o consumo de carne continua em queda livre na Argentina. Durante 2024, as vendas despencaram 11,1% em relação ao ano anterior, atingindo seu nível mais baixo desde 2002, ano em que o país estava imerso em uma das piores crises socioeconômicas de sua história.
Segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados (CICCRA), o consumo de
carne bovina por habitante foi de 47,4 quilos entre janeiro e novembro de 2024: cada argentino consumiu, em média,
quase 6 quilos a menos do que no mesmo período de 2023 e muito abaixo da média histórica (72,9 kg.), resultando na pior marca em mais de duas décadas.
![Pessoas esperam na fila por uma refeição gratuita oferecida pela cozinha comunitária da Casa Comunitária del Fondo, no popular bairro de Padre Carlos Mugica, em Buenos Aires, Argentina, 1º de novembro de 2023 Pessoas esperam na fila por uma refeição gratuita oferecida pela cozinha comunitária da Casa Comunitária del Fondo, no popular bairro de Padre Carlos Mugica, em Buenos Aires, Argentina, 1º de novembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 26.12.2024](https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e8/0c/1a/37870066_0:410:3072:1639_1920x0_80_0_0_f4069ef2e16d09640d06bf8f231e06c1.jpg)
26 de dezembro 2024, 06:06
O fenômeno responde principalmente a fatores econômicos.
"Com o preço de um quilo de carne bovina, é possível comprar três de frango. Obviamente, em uma situação tão frágil como a que atravessam milhares de famílias, a decisão final é influenciada pelo bolso", explicou à Sputnik Miguel Schiariti, presidente da CICCRA e responsável pelo estudo.
A pesquisa aponta que não só a demanda caiu: a própria oferta também foi afetada por fatores climáticos e o abate diminuiu 8% em relação ao ano anterior, devido à seca que atravessou o país.
"Estamos consumindo a mesma quantidade de frango que de carne bovina, algo impensável há 30 anos. Grande parte da população do país — jovens menores de 30 anos de setores vulneráveis — já se acostumou ao consumo de alternativas como carne suína ou de aves, após muitos anos de declínio no consumo de carne vermelha", destacou o empresário.
No entanto, as vendas internas contrastam com o grande aumento nas exportações: durante o período, foram enviadas mais de 784 mil toneladas ao exterior, resultando em um aumento significativo de 12% em relação ao ano anterior.
A carne que não é consumida pelos argentinos está nas
mesas estrangeiras, principalmente nas famílias da China (que absorve 65% da demanda externa), Israel e Estados Unidos.
"Estamos vendendo cada vez menos carne, mas isso não é novidade. O que é novo é que, por exemplo, notamos que, no final do ano, muitas famílias optaram por não fazer um churrasco, uma privação muito forte pela tradição cultural argentina", disse à Sputnik Fernando Savore, presidente da Federação de Almaceneiros da província de Buenos Aires (centro).
Segundo um estudo do Centro de Economia Política Argentina (CEPA), a privação mencionada pelo empresário tem uma explicação: a perda de renda, o que leva ao consumo de produtos substitutos como carne de frango e suína.
"Em 2024, pela primeira vez na história, o consumo de carne de frango quase igualou o de carne bovina, atingindo 44,5 kg per capita anual", indicou o relatório.
A queda tem a ver com a política econômica de austeridade do
atual governo de Javier Milei. A O
desemprego diminuiu, mas a taxa de informalidade tem crescido e os trabalhadores informais recebem, em média, rendimento 46% inferior aos registrados em empregos
relativamente semelhantes, segundo Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC) do país.
Além disso, quase 60% dos trabalhadores informais não conseguem cobrir o valor da cesta básica com os seus rendimentos, enquanto no caso dos trabalhadores registrados o valor é de apenas 8%.
Para Savore, "o churrasco é um luxo que cada vez menos famílias podem se dar. Embora a inflação tenha caído, o preço da carne ainda está em níveis muito elevados: está claro que, à medida que isso não se recupere, será muito complicado manter os níveis de venda aos quais estávamos acostumados até pouco tempo atrás".
Embora certas tendências de consumo que alteram a dieta típica da cultura nacional — como o veganismo ou o vegetarianismo —, a espiral descendente no consumo de carne que a Argentina enfrenta tem uma explicação estrutural: a queda da renda pelo sétimo ano consecutivo impacta diretamente o poder de compra das famílias.
![Tratores operam em campo de soja em Mato Grosso, em 27 de março de 2022 Tratores operam em campo de soja em Mato Grosso, em 27 de março de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 20.11.2024](https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e6/05/13/22708294_0:289:3601:1729_1920x0_80_0_0_93b99c21bc4ae0699b4dee8dd442697c.jpg)
20 de novembro 2024, 16:00
Assim como nos últimos
três anos de mandato de Alberto Fernández (2019-2023), o salário mínimo passou a equivaler de 56 a 48 quilos de carne (uma queda de 14%), sob a presidência de Mauricio Macri (2015-2019), esse indicador havia sofrido um
declínio de 60 a 55 quilos (8%), após a recessão que culminou com uma
queda do poder aquisitivo dos salários superior a 17%.
Segundo Schiariti, o consumo de carne "vai continuar caindo até se estabilizar em níveis um pouco mais baixos por uma questão de preços, a menos que a situação econômica se inverta drasticamente e vejamos um forte aumento da renda, algo que ainda não aconteceu."
No entanto, a persistente queda no consumo de carne bovina levanta uma dúvida sobre a sustentabilidade da emblemática tradição gastronômica.
"Argentina é o maior consumidor de carne bovina per capita, muito à frente do resto do mundo. Além disso, somos o segundo maior consumidor de proteína animal no mundo, só atrás dos Estados Unidos", destacou Schiariti.
"O que vimos nos últimos anos", apontou o empresário, "é uma queda gradual que provavelmente nos levará a nos estabilizar em sintonia com outros países, até próximos daqueles que não têm o churrasco como sua insignia", opinou.
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