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Brasil quer expansão ordenada e institucionalização do BRICS, diz analista
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Presidência brasileira do BRICS é inaugurada com a entrada da Indonésia como membro pleno do grupo. Para analistas ouvidos pela Sputnik Brasil, Itamaraty terá... 10.01.2025, Sputnik Brasil
2025-01-10T09:39-0300
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Nesta quinta-feira (9), o Ministério das Relações Exteriores da Rússia comemorou a entrada da Indonésia no BRICS na categoria de membro pleno. De acordo com a chancelaria, durante a presidência russa do BRICS, a Indonésia apresentou seu pedido formal de associação, atendendo aos critérios e padrões do bloco.Anteriormente, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, na qualidade de presidente do BRICS para 2025, já havia anunciado a adesão da Indonésia ao grupo como membro pleno."O governo brasileiro saúda o governo indonésio por seu ingresso no BRICS. [...] A Indonésia partilha com os demais membros do grupo o apoio à reforma das instituições de governança global e contribui positivamente para o aprofundamento da cooperação do Sul Global, temas prioritários para a presidência brasileira do BRICS", versou o Itamaraty.Ao contrário dos demais países que aderiram ao BRICS neste ano como membros associados, a Indonésia foi aceita no grupo como membro pleno. Portanto, Jacarta terá direito a voto e atuará em pé de igualdade com demais membros do bloco – Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã.O ex-presidente da Indonésia, Joko Widodo, absteve-se de ingressar no BRICS em 2023, citando a necessidade de mais tempo para avaliar a decisão. Já o presidente eleito em 2024, Prabowo Subianto, adotou postura mais incisiva e aderiu seu país ao bloco.De acordo com a professora da PUC-Rio e pesquisadora do BRICS Policy Center Maria Elena Rodriguez, Subianto adota uma política externa com caráter universalista, com o intuito de expandir as alianças internacionais de Jacarta.De fato, o presidente Subiano aposta no multilateralismo para exercer sua política externa multivetorial. Além do BRICS, a Indonésia se candidatou para participar do bloco econômico Parceria Transatlântica, liderado pelo Japão, e almeja entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)."Reiteramos que o BRICS é uma plataforma importante para a Indonésia fortalecer a cooperação Sul-Sul e garantir que as vozes e aspirações dos países do Sul Global sejam bem representadas nos processos globais de tomada de decisão", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Indonésia, Rolliansyah Soemirat.A chancelaria indonésia também reiterou seu compromisso com agendas do BRICS relativas à resiliência econômica, colaboração tecnológica e saúde pública, informou a publicação chinesa Global Times.Importância da IndonésiaA entrada da Indonésia no BRICS foi bem avaliada pelos analistas ouvidos pela Sputnik Brasil. O professor Rinaldi notou que a Indonésia é a maior economia do Sudeste Asiático e “alvo preferencial de investimentos por parte dos EUA, Japão e União Europeia”. Com população numerosa e jovem, a Indonésia ostenta crescimento de cerca de 5% ao ano na última década.O bom relacionamento da Indonésia tanto com potências ocidentais quanto com Rússia e China faz afastar a percepção do grupo como um divisor do sistema internacional em blocos, acredita a pesquisadora do BRICS Policy Center Rodriguez."Além disso, a Indonésia tem um papel simbólico, por ter sido uma das líderes históricas do movimento anticolonial, patrocinando a realização da Conferência de Bandung em 1955", lembrou Rodriguez. "Esse elemento é muito relevante para o BRICS, um agrupamento que defende maior participação do Sul Global na governança global."Expansão do BRICSAlém da entrada da Indonésia como membro pleno, o BRICS também recebe em suas fileiras mais oito países associados em 2025. Caberá à presidência brasileira integrar Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia e Uzbequistão às atividades do grupo e incluí-los em seus projetos internacionais.O ano de 2025 também será fundamental para identificar os parâmetros de participação dos países associados, definindo se poderão participar de todos os grupos de trabalho e se terão direito a voto, notou Rinaldi."Esse é um momento de muito trabalho interno para o BRICS. O Brasil não é contra a expansão do bloco, mas gostaria que o processo fosse mais consistente, previsível e transparente. Por isso o Brasil incluiu dentre os pontos de destaque da sua agenda para esse ano no BRICS a questão da institucionalização do bloco", explicou Rodriguez.Segundo ela, o processo de institucionalização terá como meta adotar mecanismos de monitoramento da implementação das metas do BRICS, além de colocar em debate questões fundamentais sobre a identidade e rumo do bloco.Apesar da agenda robusta prevista para 2025, o Brasil terá que dividir os seus esforços no BRICS com a realização de outros eventos internacionais, como a COP-30, a ser realizada em Belém do Pará no segundo semestre de 2025. Por isso, o Itamaraty apontou que concentrará as atividades do BRICS nos primeiros meses do ano."O Brasil está cheio de compromissos internacionais e talvez o BRICS fique em uma agenda intermediária", concedeu Rodriguez. "Mesmo assim, acho que o BRICS é muito importante, por ter uma agenda com a qual o Brasil se identifica e que é muito cara ao presidente Lula."Nesse contexto, a estratégia de Brasília será de incluir temas da COP-30, como sustentabilidade e mudanças climáticas, na agenda do BRICS. Para Rinaldi, é possível "trabalhar com as duas iniciativas em paralelo", já que "muitos líderes que estarão no Brasil no primeiro semestre para o encontro do BRICS também participarão da COP-30 em Belém do Pará".A presidência brasileira do BRICS iniciou em janeiro e deve se estender oficialmente até o fim de 2025. Com o lema "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável", os temas centrais da liderança brasileira do grupo serão governança digital, inteligência artificial, reforma tributária internacional, entre outros. A Cúpula de Chefes de Estado do BRICS está prevista para ocorrer no mês de junho, na cidade do Rio de Janeiro.
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Brasil quer expansão ordenada e institucionalização do BRICS, diz analista
09:39 10.01.2025 (atualizado: 11:35 10.01.2025) Especiais
Presidência brasileira do BRICS é inaugurada com a entrada da Indonésia como membro pleno do grupo. Para analistas ouvidos pela Sputnik Brasil, Itamaraty terá agenda cheia para decantar as recentes ondas de expansão e definir regras internas do BRICS para 2025.
Nesta quinta-feira (9), o Ministério das Relações Exteriores da Rússia comemorou a entrada da Indonésia no BRICS na categoria de membro pleno. De acordo com a chancelaria, durante a presidência russa do BRICS, a Indonésia apresentou seu pedido formal de associação, atendendo aos critérios e padrões do bloco.
"A Indonésia compartilha os valores do BRICS, favorece a promoção da cooperação multilateral com base nos princípios de respeito mútuo, abertura, pragmatismo, solidariedade e consenso", declarou a diplomacia russa. "A adesão da Indonésia ao BRICS contribuirá para fortalecer ainda mais a autoridade da associação, a unidade consistente do Sul e do Leste Global para formar uma ordem mundial multipolar mais justa e equilibrada."
Anteriormente, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, na qualidade de presidente do BRICS para 2025, já havia anunciado a adesão da Indonésia ao grupo como membro pleno.
"O
governo brasileiro saúda o governo indonésio por seu ingresso no BRICS. [...] A Indonésia partilha com os demais membros do grupo o apoio à reforma das instituições de governança global e contribui positivamente para o aprofundamento da cooperação do Sul Global, temas prioritários para a presidência brasileira do BRICS",
versou o Itamaraty.
Ao contrário dos demais países que aderiram ao BRICS neste ano como membros associados, a Indonésia foi aceita no grupo como membro pleno. Portanto, Jacarta terá direito a voto e atuará em pé de igualdade com demais membros do bloco – Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã.
"A Indonésia teve sua candidatura de ingresso aprovada em 2023, durante a Cúpula de Joanesburgo, mas recusou a entrada por motivos domésticos", disse à Sputnik Brasil o professor de Relações Internacionais da PUC-SP Augusto Rinaldi. "Após mudança no governo do país em 2024, o novo presidente decidiu prosseguir com a adesão. Por isso, apesar da adesão tardia, a Indonésia foi aceita como membro pleno."
O ex-presidente da Indonésia, Joko Widodo, absteve-se de ingressar no BRICS em 2023, citando a necessidade de mais tempo para avaliar a decisão. Já o presidente eleito em 2024, Prabowo Subianto, adotou postura mais incisiva e aderiu seu país ao bloco.
De acordo com a professora da PUC-Rio e pesquisadora do BRICS Policy Center Maria Elena Rodriguez, Subianto adota uma política externa com caráter universalista, com o intuito de expandir as alianças internacionais de Jacarta.
"Subianto enfatiza uma política externa ativa e livre para o seu país, trazendo elementos como a erradicação da pobreza para o debate", disse Rodriguez à Sputnik Brasil. "Ele diz claramente que a entrada do BRICS não significa a adesão da Indonésia a determinado campo, mas sim sua participação ativa em todos os foros internacionais, apoiando o multilateralismo."
De fato, o presidente Subiano aposta no multilateralismo para exercer sua política externa multivetorial. Além do BRICS, a Indonésia se candidatou para participar do bloco econômico Parceria Transatlântica, liderado pelo Japão, e almeja entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
"Reiteramos que o BRICS é uma plataforma importante para a Indonésia fortalecer a cooperação Sul-Sul e garantir que as vozes e aspirações dos países do Sul Global sejam bem representadas nos processos globais de tomada de decisão", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Indonésia, Rolliansyah Soemirat.
A chancelaria indonésia também reiterou seu
compromisso com agendas do BRICS relativas à resiliência econômica, colaboração tecnológica e saúde pública,
informou a publicação chinesa Global Times.
A
entrada da Indonésia no BRICS foi bem avaliada pelos analistas ouvidos pela Sputnik Brasil. O professor Rinaldi notou que a Indonésia é a maior economia do Sudeste Asiático e “alvo preferencial de investimentos por parte dos EUA, Japão e União Europeia”. Com população numerosa e jovem, a Indonésia ostenta crescimento de cerca de 5% ao ano na última década.
"A entrada da Indonésia no BRICS me parece ser relevante tanto para Jacarta – já que a coloca ao lado de atores centrais das relações internacionais atuais, como China, Rússia e Índia – quanto para o arranjo, pois expande seu alcance geográfico, traz mais um país com economia relevante e disposto a engrossar os desejos de reforma e atualização da ordem internacional atual", declarou Rinaldi.
O bom relacionamento da Indonésia tanto com potências ocidentais quanto com Rússia e China faz afastar a percepção do grupo como um divisor do sistema internacional em blocos, acredita a pesquisadora do BRICS Policy Center Rodriguez.
"Além disso, a Indonésia tem um papel simbólico, por ter sido
uma das líderes históricas do movimento anticolonial, patrocinando a realização da Conferência de Bandung em 1955", lembrou Rodriguez. "Esse elemento é muito relevante para o BRICS, um agrupamento que defende maior participação do Sul Global na governança global."
Além da entrada da Indonésia como membro pleno, o
BRICS também recebe em suas fileiras mais oito países associados em 2025. Caberá à presidência brasileira integrar Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia e Uzbequistão às atividades do grupo e incluí-los em seus projetos internacionais.
"Penso que o BRICS precisa, antes de mais nada, decantar as duas rodadas de expansão do arranjo", acredita Rinaldi. "Será necessário debater a agenda do bloco [isto é, os temas que o BRICS abordará nos seus encontros], suas propostas [em termos de ações concretas] e tonalidade [se adotarão uma postura mais antiocidental ou reformista da ordem internacional]."
O ano de 2025 também será fundamental para identificar os parâmetros de participação dos países associados, definindo se poderão participar de todos os grupos de trabalho e se terão direito a voto, notou Rinaldi.
"Esse é um momento de muito trabalho interno para o BRICS. O Brasil não é contra a expansão do bloco, mas gostaria que o processo fosse mais consistente, previsível e transparente. Por isso o Brasil incluiu dentre os pontos de destaque da sua agenda para esse ano no BRICS a questão da institucionalização do bloco", explicou Rodriguez.
Segundo ela, o processo de institucionalização terá como meta adotar mecanismos de monitoramento da implementação das metas do BRICS, além de colocar em debate questões fundamentais sobre a identidade e rumo do bloco.
Apesar da agenda robusta prevista para 2025, o
Brasil terá que dividir os seus esforços no BRICS com a realização de outros eventos internacionais, como a COP-30, a ser realizada em Belém do Pará no segundo semestre de 2025. Por isso, o Itamaraty apontou que concentrará as atividades do BRICS nos primeiros meses do ano.
"O Brasil está cheio de compromissos internacionais e talvez o BRICS fique em uma agenda intermediária", concedeu Rodriguez. "Mesmo assim, acho que o BRICS é muito importante, por ter uma agenda com a qual o Brasil se identifica e que é muito cara ao presidente Lula."
Nesse contexto, a estratégia de Brasília será de incluir temas da COP-30, como sustentabilidade e mudanças climáticas, na agenda do BRICS. Para Rinaldi, é possível "trabalhar com as duas iniciativas em paralelo", já que "muitos líderes que estarão no Brasil no primeiro semestre para o encontro do BRICS também participarão da COP-30 em Belém do Pará".
"Acredito que a diplomacia brasileira vá dar à presidência rotativa do BRICS a mesma atenção que deu ao G20. O arranjo tem se consolidado como uma força geopolítica importante nas relações internacionais atuais e atuação é cada vez mais incontornável", concluiu Rinaldi.
A presidência brasileira do BRICS iniciou em janeiro e deve se estender oficialmente até o fim de 2025. Com o lema "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável", os temas centrais da liderança brasileira do grupo serão governança digital, inteligência artificial, reforma tributária internacional, entre outros. A Cúpula de Chefes de Estado do BRICS está prevista para ocorrer no mês de junho, na cidade do Rio de Janeiro.
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