Estudos de pântanos: quão delicado é o equilíbrio que se esconde debaixo de suas águas?
05:36 18.01.2025 (atualizado: 05:41 18.01.2025)
© Foto / Nauchnaya Rossiya / Aleksandr KozlovEstudo do solo de um pântano
© Foto / Nauchnaya Rossiya / Aleksandr Kozlov
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Os pântanos absorvem dióxido de carbono, mas também liberam metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes. Em uma entrevista ao portal Nauchnaya Rossiya (Rússia Científica, em tradução livre), a candidata em ciências químicas Elizaveta Linkevich explica por que é importante estudar os pântanos e o que os cientistas descobriram.
Os pântanos são principalmente sumidouros de carbono, explica a cientista.
Estima-se que a capacidade de absorção deles seja maior do que suas taxas de emissão de carbono.
No entanto, o delicado equilíbrio é altamente dependente das mudanças climáticas, adverte a especialista.
Especialistas acham que o aquecimento climático e as alterações hidrodinâmicas podem ter um forte impacto no aumento das emissões de gases de efeito estufa.
Nesse caso, a vegetação e os tipos de bactérias que vivem na turfa, o microclima, a temperatura do solo e o nível das águas subterrâneas mudam no pântano, adverte.
"O estudo dos fenômenos multifatoriais da formação de gases de efeito estufa nos pântanos se torna a tarefa mais importante do processo de monitoramento, cujo objetivo é acumular dados e identificar os fatores relevantes e insignificantes para buscar formas de regular o processo."
Pesquisas dos pântanos do noroeste da Rússia
Linkevich ressalta que a república russa da Carélia foi uma das primeiras regiões do noroeste da Rússia onde os pesquisadores começaram a medir os gases de efeito estufa na superfície dos ecossistemas dos pântanos na década de 1990.
"Usando equipamentos de campo modernos, retomamos esses estudos e melhoramos nossa abordagem para estimar as emissões de gases de efeito estufa. [...] Agora posso concluir que, onde os pântanos estão ficando mais quentes, a emissão de gases de efeito estufa será mais intensa", enfatiza a analista.
O verão de 2024 foi anormalmente quente na Carélia, quebrando muitos recordes de temperatura. Uma das áreas de pesquisa da cientista é analisar o impacto desse fenômeno nos gases de efeito estufa.
"Observamos alguma correlação entre a seca do ano corrente e o aumento das emissões de gases de efeito estufa."
© Foto / Nauchnaya Rossiya / Aleksandr KozlovAmostras de alguns pântanos da Rússia
Amostras de alguns pântanos da Rússia
© Foto / Nauchnaya Rossiya / Aleksandr Kozlov
Em 2024, a quantidade de precipitação na região foi menor do que em 2023, e esses indicadores foram especialmente baixos em agosto e setembro, lembra ela.
A temperatura do ar atmosférico excedeu os valores normais em 2-3 °C em comparação com 2023.
"Nesses meses, as emissões de gases de efeito estufa quase dobraram em comparação com 2023", revela.
De acordo com seus dados, os cientistas observaram um aquecimento mais profundo, de até 90 cm, do solo e um rebaixamento significativo do nível freático.
"Descobrimos que o aquecimento do solo, a diminuição da precipitação e o aumento da exposição à luz provocam um aumento das taxas de emissão de dióxido de carbono no pântano", enfatiza.
Com que ajuda se realiza a pesquisa?
Para o estudo, Linkevich usa estações meteorológicas de solo para registrar o aquecimento do pântano em diferentes profundidades e as mudanças de umidade durante a estação de crescimento.
"Planejamos identificar fatores que regulam as emissões de gases de efeito estufa. Um desses fatores é avaliar a atividade dos micro-organismos envolvidos na liberação de gases de efeito estufa", comenta a cientista.
© Foto / Nauchnaya Rossiya / Aleksandr KozlovLaboratório de estudos de pântanos
Laboratório de estudos de pântanos
© Foto / Nauchnaya Rossiya / Aleksandr Kozlov
Além disso, se planeja estudar a estrutura dos depósitos de turfa para aumentar o conhecimento sobre os processos subjacentes da formação de emissões de gases de efeito estufa em combinação com a atividade da microbiota da turfa.
No futuro, Linkevich planeja expandir seus experimentos. Assim, a analista e sua equipe vão determinar a intensidade e o padrão de emissão de metano dos pântanos e relacionar essa emissão ao microclima do pântano.