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Analistas: apesar de Milei, Brasil e China se consolidam como principais parceiros da Argentina

© AP Photo / Matilde CampodonicoO presidente da Argentina, Javier Milei, participa da Cúpula do Mercosul em Montevidéu, Uruguai, 6 de dezembro de 2024
O presidente da Argentina, Javier Milei, participa da Cúpula do Mercosul em Montevidéu, Uruguai, 6 de dezembro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 22.01.2025
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Em 2024, China e Brasil lideraram o comércio com a Argentina, que fechou o ano com superávit recorde na balança comercial devido à queda nas importações em meio à recessão e ao boom de Vaca Muerta. "É essencial promover o comércio apesar das diferenças ideológicas", disse um especialista à Sputnik.
Em 2024, a Argentina alcançou um forte superávit de US$ 18,9 bilhões (cerca de R$ 113,8 bilhões) na balança comercial, constituindo o segundo maior em 16 anos em valores constantes (e um recorde histórico em termos nominais). Além do vai e vem nas relações diplomáticas, Buenos Aires finalmente consolidou seus estreitos laços econômicos com o Brasil e a China, imunes às diferenças entre seus líderes.
Além de impulsionar as exportações, Vaca Muerta — uma das maiores reservas de petróleo e gás de xisto do mundo — foi fundamental na redução das importações: o fornecimento interno de gás e combustíveis fez com que as compras desses recursos do exterior despencassem em 50%.
Por outro lado, a recessão fez o seu efeito. O colapso do consumo interno — consequência do brutal ajuste implementado pelo governo de Javier Milei — fez com que a indústria argentina deixasse de demandar bens intermediários e de capital, cujas importações caíram quase 20% em cada caso.
Se 2024 mostrou alguma coisa, é que os laços econômicos entre os países transcendem as preferências pessoais de seus líderes. Embora Milei tenha desqualificado Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping em diversas ocasiões, Brasil e China se consolidaram como os dois principais parceiros comerciais da Argentina.
No primeiro caso, o câmbio atingiu US$ 28 bilhões (cerca de R$ 168,6 bilhões), sendo o principal destino de exportação e importação. Por sua vez, Pequim foi o segundo destino dos produtos argentinos, mas o primeiro em termos de importações. Os Estados Unidos permaneceram em terceiro lugar, com comércio equivalente a US$ 12,6 bilhões (mais de R$ 75,8 bilhões) de dólares.
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Aliança à prova de queixas

"O Brasil e a China são estruturalmente os principais parceiros da Argentina, cuja relevância ultrapassa o valor concreto do comércio. Por exemplo: embora o comércio com o Brasil seja deficitário, grande parte do nosso emprego bem remunerado é explicado pelas exportações para o seu vizinho. Um dano a esse relacionamento seria muito custoso para nós", disse o economista argentino Francisco Cantamutto à Sputnik.
O inevitável vínculo estratégico entre Buenos Aires e seus dois maiores parceiros parece quase intransponível. Em entrevista à Sputnik, o analista internacional Rodrigo Ventura de Marco explicou que, "apesar do fato de que a conduta diplomática tem sido muito errática no último ano, os laços econômicos nunca foram rompidos. Isso destaca a importância de abandonar as vendas ideológicas para enfrentar o comércio".

Segundo o especialista, a blindagem das trocas entre os países se explica pela vontade de seus líderes. "A Argentina precisa colocar sua macroeconomia em ordem e, nesse sentido, Milei traçou claramente um plano para impulsionar o comércio, apesar das diferenças ideológicas. As brigas são em público, porque em privado ele resolve todas as tensões", enfatizou o especialista.

"Argentina e China têm interesses comuns, como a questão das Malvinas e Taiwan. Por sua vez, o Brasil pode ser a ponta de lança dos interesses argentinos, como hidrocarbonetos ou entrada no BRICS em algum momento", disse o pesquisador.
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Fator Trump

O posicionamento geopolítico professado pelo governo Milei é indissociável das diretrizes do novo presidente dos EUA, Donald Trump, a quem o argentino se refere para desenvolver sua "batalha cultural" contra o progressismo em nível global. No entanto, os esperados laços de amizade entre os dois governos não levam necessariamente ao aumento do comércio bilateral.

Segundo Ventura de Marco, "se alguém ouve Trump dizendo publicamente que não tem interesse na América Latina, não há razão para pensar que a Argentina será a exceção. Com Washington, é mais provável que os laços políticos sejam fortalecidos do que comerciais".

Questionado sobre isso, Cantamutto concordou com a leitura do especialista. Segundo o economista, "os Estados Unidos não têm tantos bens que podemos exportar como temos para outros países. Além disso, Washington está ficando para trás no desenvolvimento tecnológico em comunicações e serviços, o que pode levar Pequim a relegá-lo ainda mais".

"O retorno de Trump pode forçar a Argentina a se posicionar geopoliticamente ignorando um de seus principais parceiros, e isso pode ameaçar sua cadeia produtiva. O alinhamento com os Estados Unidos pode afetar a competitividade da Argentina", disse Cantamutto.

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