Chanceler da RDC diz que suposta agressão de Ruanda é 'declaração de guerra'
© AP Photo / Moses SawasawaTropas do governo congolês são posicionadas fora de Goma, República Democrática do Congo, em 24 de janeiro de 2025, enquanto rebeldes do M23 estão se aproximando da cidade
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A ministra das Relações Exteriores da República Democrática do Congo, Thérèse Kayikwamba Wagner, afirmou que as Formas Armadas ruandesas lançaram uma "ofensiva sem precedentes" no leste da RDC, o que representa uma violação da soberania do país e uma "declaração de guerra".
"Enquanto falo diante de vocês, uma ofensiva sem precedentes está em andamento diante do mundo inteiro. Forças ruandesas entraram em nosso território, e isso é uma violação de nossa soberania. Isso é agressão, isso é uma declaração de guerra", disse Wagner durante uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
© AP Photo / Yuki IwamuraA ministra de Estado da República Democrática do Congo, ministra das Relações Exteriores, Cooperação Internacional e Francofonia, Thérèse Kayikwamba Wagner, discursa durante uma reunião do Conselho de Segurança na sede das Nações Unidas, 26 de janeiro de 2025.
A ministra de Estado da República Democrática do Congo, ministra das Relações Exteriores, Cooperação Internacional e Francofonia, Thérèse Kayikwamba Wagner, discursa durante uma reunião do Conselho de Segurança na sede das Nações Unidas, 26 de janeiro de 2025.
© AP Photo / Yuki Iwamura
Nos últimos dias, rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) lançaram uma ofensiva no estado congolês de Kivu do Norte. No sábado (25), eles dominaram a cidade de Sake e, neste domingo (26), já penetraram em bairros periféricos da capital da região, Goma.
Tanto a RDC quanto a ONU acusam Ruanda de apoiar os rebeldes do M23, mas Kigali nega.
Uma reunião do Conselho de Segurança foi convocada para discutir a escalada do conflito. Nela, Vasily Nebenzya, embaixador russo na ONU, disse que Moscou está profundamente preocupada e condena o acirramento das tensões.
O diplomata notou que a Rússia está "particularmente preocupada" com o uso de sistemas de armas avançados na área de confrontos, bem como artilharia pesada perto de instalações de infraestrutura civil.
A Federação da Rússia também observa com "preocupação" o uso de sistemas de guerra eletrônica, que representam uma ameaça à aviação civil, e expressa seu pesar pela morte dos soldados de manutenção de paz da ONU.
"Infelizmente, a missão de estabilização da ONU [MONUSCO] na RDC já está sofrendo perdas. Expressamos nossas condolências às famílias dos soldados da paz da África do Sul e Uruguai que morreram, bem como aos governos desses países."
© AP Photo / Yuki IwamuraO Embaixador de Ruanda e Representante Permanente nas Nações Unidas, Ernest Rwamucyo, discursa durante uma reunião do Conselho de Segurança na sede das Nações Unidas, 26 de janeiro de 2025
O Embaixador de Ruanda e Representante Permanente nas Nações Unidas, Ernest Rwamucyo, discursa durante uma reunião do Conselho de Segurança na sede das Nações Unidas, 26 de janeiro de 2025
© AP Photo / Yuki Iwamura
Secretário-geral da ONU se manifesta
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu aos militares de Ruanda que parem de apoiar os rebeldes do M23 e se retirem do território da RDC, informou o porta-voz Stéphane Dujarric neste domingo.
"Ele pede ao M23 que cesse imediatamente todas as ações hostis e se retire das áreas ocupadas. Ele também pede às Forças de Defesa de Ruanda que cessem o apoio ao M23 e se retirem do território da RDC", disse a declaração.
O secretário-geral também pediu às partes que respeitassem o acordo de cessar-fogo, reafirmou o apoio das Nações Unidas ao processo de Luanda e apelou para uma retomada imediata das negociações dentro dessa estrutura.
Kinshasa e Kigali aceitam reunião
O presidente do Quênia, William Ruto, anunciou que os líderes de Ruanda, Paul Kagame, e da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, aceitaram participar de uma cúpula extraordinária da Comunidade da África Oriental (EAC) dentro das próximas 48 horas.
O Quênia e Angola compartilham preocupações com a escalada do conflito no leste da RDC. Em 2022, o presidente angolano João Lourenço realizou uma cúpula com os dois países, onde Tshisekedi e Kagame concordaram em acalmar as tensões entre as nações.
De acordo com uma declaração do gabinete do presidente congolês, o roteiro exigia uma cessação imediata das hostilidades e uma retirada imediata e incondicional dos militantes do M23 de posições na RDC. No entanto, os rebeldes do M23 disseram que não se consideravam obrigados a cumprir o roteiro.