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Ameaça tarifária de Trump ao Brasil 'deve ser motivo de preocupação' para o Mercosul, diz analista

CC BY 2.0 / Hamner Fotos / Fachada do prédio do Mercosul (foto de arquivo)
Fachada do prédio do Mercosul (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 06.02.2025
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A ameaça do governo de Donald Trump de impor tarifas sobre produtos brasileiros deve preocupar o Mercosul porque é o "prelúdio" de mais medidas tarifárias para países da região, disseram dois especialistas em comércio à Sputnik. No entanto, uma reação conjunta do bloco pode não ser a melhor estratégia para os outros parceiros.
A possibilidade de o Brasil acabar sendo incluído na lista de países que o governo Donald Trump vai sancionar com tarifas comerciais pode se tornar uma preocupação para o Mercosul, bloco comercial que o gigante sul-americano divide com Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Embora a ameaça ainda não tenha se concretizado, as divergências entre Washington e Brasília sobre o envio de voos com deportados e a irritação dos EUA com a possibilidade de o BRICS se afastar do dólar colocam o Brasil na mira das ameaças de Trump.

"As ameaças tarifárias dos EUA sobre produtos brasileiros devem ser motivo de preocupação para todo o Mercosul, já que este é o maior e mais influente membro do bloco e qualquer medida que afete sua economia pode ter repercussões em toda a região", disse o economista argentino Miguel Ponce em entrevista à Sputnik.

Para o especialista em comércio exterior, uma medida desse tipo contra o Brasil "afeta a estabilidade comercial de todo o bloco", mas também "abre um precedente" que pode facilitar a aplicação de ações semelhantes "contra outros países do Mercosul".
Também consultado pela Sputnik, o consultor uruguaio especializado em Comércio Internacional, Ignacio Bartesaghi, concordou que, se implementada, a medida pode ser "o prelúdio para o envolvimento de mais membros do bloco", já que é "altamente provável" que a "guerra comercial" que já afeta as economias da China, Canadá e México também se espalhe para outros países da região.
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No entanto, o analista ressaltou que a medida de Trump teria como objetivo impor tarifas aos produtos brasileiros, por isso deve ser considerada uma medida bilateral e não uma ação contra todo o bloco.
Além disso, ele afirmou que a medida foge das recomendações da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas não viola nenhum tratado porque não há acordo de livre comércio entre Estados Unidos e Brasil ou com o Mercosul como bloco.

"Do ponto de vista pragmático, o melhor para os outros membros é deixar o Brasil resolver seu problema com os EUA, porque é o país que mais tem comércio com o país norte-americano e o que será mais afetado", aconselhou o consultor.

Bartesaghi sugeriu que uma reação conjunta do Mercosul às barreiras tarifárias poderia prejudicar economias menores como a do Uruguai, apesar da importância das exportações de carne para os EUA. Já Ponce acredita que o Mercosul deveria se posicionar contra as ameaças de Trump, mas reconheceu que as divisões internas dificultam uma resposta unificada. Para ele, uma guerra tarifária entre EUA e China poderia levar a uma depressão global semelhante à dos anos 1930, portanto, o Mercosul deveria fortalecer laços comerciais com outras regiões, como a Ásia e a União Europeia (UE).

Brasil pode exportar para os EUA pelo Mercosul?

Ambos os especialistas concordaram que, pelo menos em teoria, existe a possibilidade de que, se os EUA de fato impuserem novas tarifas ao Brasil, as empresas brasileiras sejam tentadas a enviar seus produtos ao mercado norte-americano por meio de empresas sediadas em seus vizinhos do Mercosul.
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Para Bartesaghi, esse tipo de operação poderia ser realizada "se os EUA não exigissem certificado de origem" para os produtos que compram do Mercosul, algo que não ocorre atualmente porque não há acordos de livre comércio entre a potência norte-americana e nenhum dos países do Mercosul.

"É possível que, à medida que os EUA comecem a aplicar tarifas a alguns países e não a outros, uma solicitação de certificado de origem possa começar a ser associada a isso", explicou.

Ponce também alertou que é esperado que os EUA comecem a ficar "vigilantes a esse tipo de prática" e possam começar a estabelecer medidas para preveni-la e até mesmo "sanções" para países que participem desse tipo de operação.

Ponce acredita que algumas empresas brasileiras podem decidir se mudar para outros países do bloco, em busca de melhores condições para exportar para os EUA. "As empresas poderiam ir para Argentina, Paraguai ou Uruguai, onde os custos de exportação são melhores, e esses países poderiam se beneficiar, desde que conseguissem atrair empresas", disse ele.

Pensando no país mais industrializado da região depois do Brasil, a Argentina, ela deveria ter a "capacidade de oferecer um ambiente de negócios atraente e competitivo" às empresas, mas a atual defasagem cambial que afeta o país seria seu principal obstáculo, concluiu Ponce.
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