https://noticiabrasil.net.br/20250210/eleicoes-2-turno-inesperado-sinaliza-forca-da-polarizacao-no-equador-notam-analistas-38460971.html
Eleições: 2º turno inesperado sinaliza força da polarização no Equador, notam analistas
Eleições: 2º turno inesperado sinaliza força da polarização no Equador, notam analistas
Sputnik Brasil
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analistas apontam que a polarização que havia arrefecido em 2023 retornou sob um novo formato, com a... 10.02.2025, Sputnik Brasil
2025-02-10T17:20-0300
2025-02-10T17:20-0300
2025-02-10T22:16-0300
panorama internacional
américas
daniel noboa
guillermo lasso
equador
brasil
sputnik brasil
conselho nacional eleitoral (cne)
eleições
segundo turno
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e9/02/0a/38461412_0:256:2731:1792_1920x0_80_0_0_a05756506b2fec574286edf72f79a2ce.jpg
O Equador foi às urnas no domingo (9) para eleger o novo presidente do país em um pleito polarizado entre os dois principais candidatos, o atual presidente, o direitista Daniel Noboa, e a candidata de oposição da esquerda Luisa González.É a segunda vez em 16 meses que o país vai às urnas. Em 2023, o ex-presidente Guillerme Lasso, em meio a um processo de impeachment, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições antecipadas. Na ocasião, Noboa foi eleito para um mandato-tampão de 15 meses, vencendo González ao obter 52% dos votos. Ao longo desse pleito, cinco políticos foram assassinados, incluindo Fernando Villavicencio, um dos presidenciáveis.Com cerca de 18 milhões de habitantes, o Equador atualmente é um país sufocado pela violência e registra uma taxa de homicídio de 38 mortes a cada 100 mil habitantes.O pleito de domingo foi encerrado com um segundo turno confirmado entre Noboa e González, marcado para 13 de abril. Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, Noboa obteve 44,31% dos votos, contra 43,83% de González. O resultado surpreendeu, uma vez que as pesquisas apontavam vantagem de Noboa, com chance de vitória em primeiro turno.O resultado mostra que a polarização no país, que ensaiou um arrefecimento na gestão Lasso, reacendeu com força. É o que aponta, em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, Ghaio Nicodemos, coordenador do Núcleo de Estudos de Atores e Agendas de Política Externa (NEAAPE), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).Ele afirma que a expectativa de arrefecimento da polarização tinha como base a nova configuração do Congresso estabelecida por Noboa, quando, pela primeira vez, a direita convidou os correístas para integrar a coalizão de governo. Segundo ele, isso se manteve até abril de 2024, quando ocorreu o incidente da invasão da embaixada do México para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava refugiado na missão diplomática."Esse momento é o momento em que o correísmo rompe com o governo Noboa, afinal de contas foi decisão da polícia e, consequentemente, ordem do Ministério do Interior, e isso faz com que essa polarização se restaure."No entanto ele acrescenta que há uma diferença no cenário, uma vez que González conseguiu captar parte da oposição que não é correísta, criando um cenário de polarização mais amplo, que não se limita a correístas e anticorreístas, mas sim a governo e oposição.Adriano Cerqueira, professor de relações internacionais do Ibmec Belo Horizonte, afirma ao podcast Mundioka que a surpresa do segundo turno indica uma mudança na comunicação política, que cada vez mais é feita pelas redes sociais."Se antes a transmissão de informações, as últimas notícias vinham pela imprensa, a pessoa tinha que ler, aí conversar com o amigo, com o vizinho, enfim, hoje a coisa é mais instantânea. Isso gera uma possibilidade de mudanças de última hora, dependendo de como quem está disputando a política lá está usando as redes sociais", afirma.Entretanto, ele acrescenta que os resultados divergentes das pesquisas também podem ser fruto de problema metodológico dos institutos."O ideal é que pesquisas feitas no mesmo período — e se são bem feitas, os resultados dentro das respectivas margens de erro de cada pesquisa — os resultados possam bater […], mas o que a gente vê, muitas vezes, são resultados bastante disparatados, que, mesmo usando a margem de erro, não chegam a coincidir."O especialista destaca que a polarização no Equador tem um elemento diferente da do Brasil, por conta da proximidade do país com os EUA, o que faz com que seja mais explorada politicamente.Segundo Cerqueira, esse cenário foi muito bem explorado por todos os lados, levando "esse quadro bem polarizado para o segundo turno".Por sua vez, Nicodemos aponta que é preciso manter os olhos abertos em relação ao Equador, porque ainda que "hoje seja considerado o país menos relevante na América do Sul" (em termos de cooperação), já foi por muito tempo "um polo onde a convergência da cooperação sul-americana se estabelecia"."A sede da Unasul [União de Nações Sul-Americanas] foi no Equador. Então o Equador tinha, principalmente na gestão do Correa, esse papel que, de alguma forma, ajudava a unir uma região que hoje está cada vez mais fragmentada e separada."Segundo Nicodemos, caso Noboa vença o segundo turno, é provável que não se alinhe automaticamente a Donald Trump, mas sim avalie, conforme a conveniência, e fique do lado de "quem pagar a conta".
https://noticiabrasil.net.br/20250208/equador-vai-as-urnas-para-escolher-entre-continuidade-do-governo-noboa-ou-volta-do-correismo-38435748.html
https://noticiabrasil.net.br/20250203/equador-impoe-tarifas-de-27-a-importacoes-do-mexico-38368815.html
https://noticiabrasil.net.br/20241201/policia-do-equador-confirma-o-massacre-de-10-estrangeiros-no-pais-37565532.html
equador
brasil
estados unidos
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2025
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e9/02/0a/38461412_0:0:2729:2047_1920x0_80_0_0_d17f18335c220f7510ed59c5265d409b.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
américas, daniel noboa, guillermo lasso, equador, brasil, sputnik brasil, conselho nacional eleitoral (cne), eleições, segundo turno, podcast, mundioka, rafael correa, polarização, oposição, estados unidos, eua, exclusiva
américas, daniel noboa, guillermo lasso, equador, brasil, sputnik brasil, conselho nacional eleitoral (cne), eleições, segundo turno, podcast, mundioka, rafael correa, polarização, oposição, estados unidos, eua, exclusiva
Eleições: 2º turno inesperado sinaliza força da polarização no Equador, notam analistas
17:20 10.02.2025 (atualizado: 22:16 10.02.2025) Especiais
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analistas apontam que a polarização que havia arrefecido em 2023 retornou sob um novo formato, com a candidata Luisa González angariando apoio contra Daniel Noboa para além da anterior disputa entre a esquerda correísta e a direita anticorreísta.
O
Equador foi às urnas no domingo (9) para
eleger o novo presidente do país em um pleito polarizado entre os dois principais candidatos, o atual presidente, o direitista Daniel Noboa, e a candidata de oposição da esquerda
Luisa González.
É a segunda vez em 16 meses que o país vai às urnas. Em 2023, o ex-presidente Guillerme Lasso, em meio a um processo de impeachment, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições antecipadas. Na ocasião, Noboa foi eleito para um mandato-tampão de 15 meses, vencendo González ao obter 52% dos votos. Ao longo desse pleito, cinco políticos foram assassinados, incluindo Fernando Villavicencio, um dos presidenciáveis.
Com cerca de 18 milhões de habitantes, o Equador atualmente é um país
sufocado pela violência e
registra uma taxa de homicídio de 38 mortes a cada 100 mil habitantes.
O pleito de domingo foi encerrado com um segundo turno confirmado entre Noboa e González, marcado para 13 de abril. Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, Noboa obteve 44,31% dos votos, contra 43,83% de González. O resultado surpreendeu, uma vez que as pesquisas apontavam vantagem de Noboa, com chance de vitória em primeiro turno.
O resultado mostra que a polarização no país, que ensaiou um arrefecimento na gestão Lasso, reacendeu com força. É o que aponta, em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, Ghaio Nicodemos, coordenador do Núcleo de Estudos de Atores e Agendas de Política Externa (NEAAPE), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
"O Equador, desde o ciclo político que se iniciou com a saída do Rafael Correa, lá em 2017, começou a se assentar em um eixo político entre correístas e anticorreístas. Mas os últimos dois anos foram bastante atípicos, por conta do fim do governo Lasso […]. Então foi necessário estabelecer um mandato-tampão. E, de alguma forma, parecia, nesse contexto eleitoral que se produziu em 2023, que essa polarização seria amenizada", explica.
Ele afirma que a expectativa de arrefecimento da polarização tinha como base a nova configuração do Congresso estabelecida por Noboa, quando, pela primeira vez, a direita convidou os correístas para integrar a coalizão de governo. Segundo ele, isso se manteve até abril de 2024, quando ocorreu o incidente da invasão da embaixada do México para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava refugiado na missão diplomática.
"Esse momento é o momento em que o correísmo rompe com o governo Noboa, afinal de contas foi decisão da polícia e, consequentemente, ordem do Ministério do Interior, e isso faz com que essa polarização se restaure."
No entanto ele acrescenta que há uma diferença no cenário, uma vez que González conseguiu captar parte da oposição que não é correísta, criando um cenário de polarização mais amplo, que não se limita a correístas e anticorreístas, mas sim a governo e oposição.
"Não sei se hoje a gente pode dizer que essa polarização se constitui integralmente nessa divisão correísmo-anticorreísmo, mas talvez em uma oposição atual ao governo, que de fato tem tido uma gestão bastante problemática dos principais desafios do país, seja na segurança, seja na economia, a crise energética que teve […] no último trimestre do ano passado…", afirma.
Adriano Cerqueira, professor de relações internacionais do Ibmec Belo Horizonte, afirma ao podcast Mundioka que a surpresa do segundo turno indica uma mudança na comunicação política, que cada vez mais é feita pelas redes sociais.
"Se antes a transmissão de informações, as últimas notícias vinham pela imprensa, a pessoa tinha que ler, aí conversar com o amigo, com o vizinho, enfim, hoje a coisa é mais instantânea. Isso gera uma possibilidade de mudanças de última hora, dependendo de como quem está disputando a política lá está usando as redes sociais", afirma.
Entretanto, ele acrescenta que os resultados divergentes das pesquisas também podem ser fruto de problema metodológico dos institutos.
"O ideal é que pesquisas feitas no mesmo período — e se são bem feitas, os resultados dentro das respectivas margens de erro de cada pesquisa — os resultados possam bater […], mas o que a gente vê, muitas vezes, são resultados bastante disparatados, que, mesmo usando a margem de erro, não chegam a coincidir."

1 de dezembro 2024, 19:47
O especialista destaca que a polarização no Equador tem um elemento diferente da do Brasil, por conta da proximidade do país com os EUA, o que faz com que seja mais explorada politicamente.
"Se aqui no Brasil já vivemos um ambiente de forte polarização de esquerda e direita e em relação à própria presença americana, à influência dos EUA aqui no Brasil, imagina lá no Equador, que é muito mais próximo [dos EUA], perto do canal do Panamá, [com] a economia dolarizada há vários anos […]. Ou seja, a importância dos EUA no dia a dia do equatoriano é muito maior do que aqui no Brasil, e isso alimenta tanto o sentimento de aproximação quanto o de rejeição aos EUA."
Segundo Cerqueira, esse cenário foi muito bem explorado por todos os lados, levando "esse quadro bem polarizado para o segundo turno".
Por sua vez, Nicodemos aponta que é preciso manter os olhos abertos em relação ao Equador, porque ainda que "hoje seja considerado o país menos relevante na América do Sul" (em termos de cooperação), já foi por muito tempo "um polo onde a convergência da cooperação sul-americana se estabelecia".
"A sede da Unasul [União de Nações Sul-Americanas] foi no Equador. Então o Equador tinha, principalmente na gestão do Correa, esse papel que, de alguma forma, ajudava a unir uma região que hoje está cada vez mais fragmentada e separada."
Segundo Nicodemos, caso Noboa vença o segundo turno, é provável que não se alinhe automaticamente a Donald Trump, mas sim avalie, conforme a conveniência, e fique do lado de "quem pagar a conta".
"E, no caso da González, a gente tem perspectivas um pouco mais positivas e proativas, principalmente em cooperação com os governos progressistas da região. Então acho que esse é, talvez, o meu prognóstico hoje. [...] Vamos ver como os próximos meses vão andar, porque até abril muita coisa pode mudar, levando em conta a história recente do Equador", conclui o analista.
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!
Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.
Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).