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Ocidente impõe sua visão de democracia para subjugar outras nações, diz presidente do Senado russo
Ocidente impõe sua visão de democracia para subjugar outras nações, diz presidente do Senado russo
Sputnik Brasil
Em entrevista ao diretor-geral do grupo midiático Rossiya Segodnya, Dmitry Kiselev, que inaugurou o novo escritório da Sputnik na Etiópia, a presidente do... 19.02.2025, Sputnik Brasil
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Para Matvienko, o mundo caminha cada vez mais para um sistema multipolar mais justo, em que a África vai desempenhar um papel essencial no novo equilíbrio global. "África já é e continuará sendo um dos pilares fundamentais desse mundo multipolar, pois seu desenvolvimento está avançando rapidamente. O continente possui um imenso potencial, vastos recursos minerais e, o mais importante, uma população que conquistou sua independência a um custo elevado. E ninguém os desviará desse caminho", declarou. Além disso, a presidente do Conselho da Federação da Rússia citou como exemplo uma comissão criada no parlamento para impedir interferências externas no país. "A experiência da Rússia nesse sentido tem sido compartilhada com outros parlamentos, e vários países já aprovaram leis semelhantes. Vejam o que aconteceu na Geórgia, quando o governo tentou proteger sua soberania com uma legislação sobre agentes estrangeiros. Não havia nada de errado com essa lei, que já existe nos Estados Unidos há muitos anos. No entanto, os opositores entenderam que ela impediria futuras interferências ilegais e, por isso, tentaram combatê-la com protestos massivos", declarou. Veja abaixo a íntegra da entrevistaKiselev: Os países ocidentais impõem ao mundo sua própria visão da democracia. Como a cooperação entre parlamentares da Rússia e da África pode contribuir para a preservação da soberania e da identidade cultural dos países africanos que escolheram seu próprio caminho de desenvolvimento?Matvienko: Bem, acredito que a imposição da democracia já é um clichê ultrapassado. Na realidade, o Ocidente conduz uma política de repressão e submissão à sua vontade, de forma rígida, buscando apenas seus próprios interesses nacionais, sem levar em consideração os direitos soberanos de qualquer país, sua legislação, sua constituição e suas tradições culturais. Eles impõem suas diretrizes de maneira inflexível, muitas vezes disfarçadas sob o pretexto da democracia, determinando como um ou outro país deve se desenvolver. E esses cenários são simplesmente terríveis. Recentemente, vimos isso acontecer na Geórgia, na Romênia e na Moldávia. O mesmo processo ocorre na África, onde proíbem os países africanos de cooperar com a Rússia, impondo outras restrições e sanções.Mas estou convencida de que essas tentativas representam um esforço para manter uma hegemonia que está escapando de suas mãos e a relutância em reconhecer os processos históricos objetivos. O mundo está se movendo ativamente em direção a uma ordem multipolar, mais justa, que levará em conta os interesses dos povos africanos, entre outros. A África já é e continuará sendo um dos pilares fundamentais desse mundo multipolar, pois seu desenvolvimento está avançando rapidamente. O continente possui um imenso potencial, vastos recursos minerais e, o mais importante, uma população que conquistou sua independência a um custo elevado. E ninguém os desviará deste caminho.Onde quer que eu vá à África, independentemente das pessoas com quem me encontre, percebo que, apesar das gerações terem mudado, eles ainda guardam uma memória positiva do apoio que a União Soviética ofereceu na luta pela sua independência. Nossa nação ajudou no desenvolvimento de jovens Estados soberanos sem exigir nada em troca, diferentemente do Ocidente. Construímos fábricas, escolas e estradas sem nenhum interesse econômico. E eles se lembram disso. Está enraizado neles de forma orgânica, e tenho certeza de que jamais trairão essa memória. Eles estão muito interessados em fortalecer a cooperação com a Rússia. Hoje, estamos vivendo um verdadeiro renascimento dessa parceria, que já está trazendo resultados concretos.Sobre a chamada democracia, recentemente foram divulgadas informações sobre o que certas organizações estavam realmente fazendo (falo neste momento da USAID) sob o pretexto de ajuda humanitária. A Rússia já alertou repetidamente, em diversas plataformas internacionais, sobre a natureza prejudicial dessas abordagens, a atividade subversiva e as tentativas de fomentar o terrorismo. A grande mídia global desconsiderava nossas advertências, chamando-as de "propaganda russa" ou "propaganda do Kremlin". No entanto, agora foi confirmado que essas entidades não estavam fornecendo assistência humanitária ou combatendo a fome, a pobreza e as doenças. Elas estavam, de forma direcionada e sistemática, financiando golpes de Estado, revoluções coloridas e a derrubada de governos considerados indesejáveis. Acredito que agora a maioria dos países finalmente entenderá que "não existe almoço grátis" e redobrará sua vigilância.Os parlamentares podem fazer muito para combater esse tipo de interferência. No Conselho da Federação da Rússia, temos uma comissão especial para impedir a ingerência externa nos assuntos do nosso país. O parlamento russo elaborou uma legislação eficiente que desmantelou as operações de organizações que recebiam financiamento de entidades como a USAID e outras estruturas similares. Não proibimos essas entidades, apenas as tornamos transparentes, exigindo que divulgassem a origem e o montante de seus financiamentos, bem como os objetivos desse dinheiro. Como resultado, muitas dessas organizações simplesmente desapareceram.A experiência da Rússia nesse sentido tem sido compartilhada com outros parlamentos, e vários países já aprovaram leis semelhantes. Vejam o que aconteceu na Geórgia, quando o governo tentou proteger sua soberania com uma legislação sobre agentes estrangeiros. Não havia nada de errado com essa lei, que já existe nos Estados Unidos há muitos anos. No entanto, os opositores entenderam que ela impediria futuras interferências ilegais e, por isso, tentaram combatê-la com protestos massivos.Estamos sempre abertos ao diálogo. E, acreditem, apesar das sanções, nossos contatos e encontros parlamentares não diminuíram. Pelo contrário, nosso diálogo se intensificou. Muitas pessoas nos dizem que não sabiam de nada disso porque só tinham acesso a uma única fonte de informação.Eu acho que depois de descobrir o sentido verdadeiro dessa estrutura, todo esse movimento de instituições não-governamentais, independentes, vai diminuindo. Mas eu não sou infantil para acreditar que isso vai acabar. Eu acredito que esse trabalho vai continuar com um novo guarda-chuva, talvez com guarda-chuva do Departamento de Estado. Então todo mundo tem que ficar de olho.Kiselev: Vocês estão abrindo os olhos deles, na prática?Matvienko: Sim, eles dizem que não sabiam nada disso.Kiselev: A Etiópia foi o primeiro país a cair sob o domínio do fascismo italiano em 1935 e o primeiro a se libertar desse jugo. Recentemente, a Etiópia apoiou a resolução russa na Assembleia Geral da ONU contra a glorificação do nazismo, assim como outros países africanos. Você acredita que a África poderia se tornar um novo centro de resistência antifascista no mundo? Afinal, o nazismo e o fascismo estão ressurgindo.Matvienko: Acho que não precisamos criar "centros" de resistência ou nomear alguém como líder dessa luta. O mais importante é que o maior número possível de países perceba que o fascismo é uma ideologia anti-humana, incompatível com a civilização moderna. E isso já está acontecendo.Cada vez mais países não apenas apoiam a resolução russa sobre a proibição da glorificação do nazismo, mas também estão se levantando contra essa ameaça. No caso dos países africanos, acredito que, devido à sua história de colonização, eles possuem um repúdio genético a qualquer ideologia discriminatória e genocida. Por isso, eles sempre se posicionaram como antifascistas convictos.O que está acontecendo hoje em alguns países é alarmante. Na Ucrânia, a ideologia nazista levou a uma tragédia terrível. A Rússia continuará a unir todas as forças progressistas do mundo para combater essa ideologia.Kiselev: Você é nossa primeira convidada neste estúdio, em nossa representação que acabamos de abrir na Etiópia, fora da África Árabe. No entanto, trabalhamos na África há muito tempo e vemos como as pessoas são abertas, como nos recebem de forma amigável e como estão interessadas em informações alternativas, apesar de todas as tentativas do Ocidente de impedir nossas atividades com sanções, perseguições e assim por diante. E vemos esse interesse até no aumento das visualizações de nossas mídias, nossos recursos. Certamente está crescendo. Você acha que o Ocidente perdeu a África definitivamente? Eles estão prontos para reconhecer os erros que cometeram aqui? Matvienko: Sim, erros é dizer pouco. Vou começar pela última pergunta. Claro, o Ocidente às vezes se arrepende, mas apenas em palavras, não em ações. Eles não querem assumir a responsabilidade pelos crimes terríveis que cometeram durante o colonialismo, explorando recursos, usando trabalho escravo da população local, saqueando valores culturais e históricos, cometendo crimes reais. E, sabe, na jurisprudência há um conceito chamado "arrependimento ativo". Acho que os países africanos devem exigir esse arrependimento ativo e compensação por todo o sofrimento que esses países causaram. E quero dizer que essa questão já foi levantada várias vezes em várias plataformas internacionais. Seria justo, seria correto. E quanto à questão de o Ocidente ter perdido a África, sabe, já na pergunta há uma armadilha. Como se o Ocidente tivesse algum direito sobre a África? Não, eles não têm nenhum direito especial sobre a África.O importante é que os próprios africanos não percam a África, que continuem a determinar seu próprio caminho de desenvolvimento. Que escolham esse caminho, que mantenham sua soberania, sua independência. E é isso que está acontecendo, porque pagaram um preço muito alto por sua libertação. E, para eles, essa independência é um valor especial. Portanto, as tentativas do Ocidente de retornar à África para continuar a se beneficiar dela estão sendo interrompidas, e não é mais possível enganá-los. Eles não têm força para isso. E os africanos estão tomando suas próprias decisões sobre com quem cooperar. Veja, estamos na Etiópia, um Estado absolutamente soberano, com sua própria posição sobre todos os problemas internacionais e regionais, defendendo claramente sua posição. E este é um país que, com razão, aspira a ser um líder no continente africano. É a capital diplomática da África. Aqui está a sede da União Africana. E a forma como este país está se desenvolvendo dinamicamente, e como está posicionando sua independência, com uma política ponderada e sensata, a Etiópia está se tornando cada vez mais um país influente e respeitado no mundo. Não é por acaso que se tornou um membro pleno do BRICS. E, claro, a participação no BRICS abre novas e enormes oportunidades para este país. Portanto, estou certa de que a África não se perderá para os africanos, e os próprios africanos sempre decidirão seu destino.Hoje, estamos abrindo uma nova página não apenas na cooperação russa, mas também nas relações entre Rússia e África. Os africanos têm uma grande demanda por informações objetivas. Eles não confiam tão facilmente em fake news. A criação desse poderoso recurso informativo, o centro editorial da Sputnik na África, terá um impacto significativo em todo o continente.Vocês sempre foram associados a informações objetivas, sem viés, verificadas e, quando necessário, críticas. Isso ajudará a avançar em muitas questões importantes.E há um simbolismo especial no fato de estarmos abrindo esse centro justamente no dia 17 de fevereiro. Em 1898, há 120 anos [127], a Rússia estabeleceu relações diplomáticas com a Etiópia. Agora, estamos ampliando esse campo informativo para novas oportunidades.
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Entrevista concedida pela presidente do Conselho da Federação da Rússia (câmara alta do parlamento), Valentina Matvienko, à Sputnik Etiópia
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Para Matvienko, o
mundo caminha cada vez mais para um sistema multipolar mais justo, em que a África vai desempenhar um
papel essencial no novo equilíbrio global.
"África já é e continuará sendo um dos pilares fundamentais desse mundo multipolar, pois seu desenvolvimento está avançando rapidamente. O continente possui um imenso potencial, vastos recursos minerais e, o mais importante, uma população que conquistou sua independência a um custo elevado. E ninguém os desviará desse caminho", declarou.
Além disso, a presidente do
Conselho da Federação da Rússia citou como exemplo uma comissão criada no parlamento para impedir interferências externas no país.
"A experiência da Rússia nesse sentido tem sido compartilhada com outros parlamentos, e vários países já aprovaram leis semelhantes. Vejam o que aconteceu na Geórgia, quando o
governo tentou proteger sua soberania com uma legislação sobre agentes estrangeiros. Não havia nada de errado com essa lei, que já existe nos Estados Unidos há muitos anos. No entanto, os opositores entenderam que ela impediria
futuras interferências ilegais e, por isso, tentaram combatê-la com protestos massivos", declarou.
Veja abaixo a íntegra da entrevista
Kiselev: Os países ocidentais impõem ao mundo sua própria visão da democracia. Como a cooperação entre parlamentares da Rússia e da África pode contribuir para a preservação da soberania e da identidade cultural dos países africanos que escolheram seu próprio caminho de desenvolvimento?
Matvienko: Bem, acredito que a imposição da democracia já é um clichê ultrapassado. Na realidade, o Ocidente conduz uma política de repressão e submissão à sua vontade, de forma rígida, buscando apenas seus próprios interesses nacionais, sem levar em consideração os direitos soberanos de qualquer país, sua legislação, sua constituição e suas tradições culturais. Eles impõem suas diretrizes de maneira inflexível, muitas vezes disfarçadas sob o pretexto da democracia, determinando como um ou outro país deve se desenvolver. E esses cenários são simplesmente terríveis. Recentemente, vimos isso acontecer na Geórgia, na Romênia e na Moldávia. O mesmo processo ocorre na África, onde proíbem os países africanos de cooperar com a Rússia, impondo outras restrições e sanções.
Mas estou convencida de que essas tentativas representam um esforço para manter uma hegemonia que está escapando de suas mãos e a relutância em reconhecer os processos históricos objetivos. O mundo está se movendo ativamente em direção a uma ordem multipolar, mais justa, que levará em conta os interesses dos povos africanos, entre outros. A África já é e continuará sendo um dos pilares fundamentais desse mundo multipolar, pois seu desenvolvimento está avançando rapidamente. O continente possui um imenso potencial, vastos recursos minerais e, o mais importante, uma população que conquistou sua independência a um custo elevado. E ninguém os desviará deste caminho.
Onde quer que eu vá à África, independentemente das pessoas com quem me encontre, percebo que, apesar das gerações terem mudado, eles ainda guardam uma memória positiva do apoio que a União Soviética ofereceu na luta pela sua independência. Nossa nação ajudou no desenvolvimento de jovens Estados soberanos sem exigir nada em troca, diferentemente do Ocidente. Construímos fábricas, escolas e estradas sem nenhum interesse econômico. E eles se lembram disso. Está enraizado neles de forma orgânica, e tenho certeza de que jamais trairão essa memória. Eles estão muito interessados em fortalecer a cooperação com a Rússia. Hoje, estamos vivendo um verdadeiro renascimento dessa parceria, que já está trazendo resultados concretos.
Sobre a chamada democracia, recentemente foram divulgadas informações sobre o que certas organizações estavam realmente fazendo (falo neste momento da USAID) sob o pretexto de ajuda humanitária. A Rússia já alertou repetidamente, em diversas plataformas internacionais, sobre a natureza prejudicial dessas abordagens, a atividade subversiva e as tentativas de fomentar o terrorismo. A grande mídia global desconsiderava nossas advertências, chamando-as de "propaganda russa" ou "propaganda do Kremlin". No entanto, agora foi confirmado que essas entidades não estavam fornecendo assistência humanitária ou combatendo a fome, a pobreza e as doenças. Elas estavam, de forma direcionada e sistemática, financiando golpes de Estado, revoluções coloridas e a derrubada de governos considerados indesejáveis. Acredito que agora a maioria dos países finalmente entenderá que "não existe almoço grátis" e redobrará sua vigilância.
Os parlamentares podem fazer muito para combater esse tipo de interferência. No Conselho da Federação da Rússia, temos uma comissão especial para impedir a ingerência externa nos assuntos do nosso país. O parlamento russo elaborou uma legislação eficiente que desmantelou as operações de organizações que recebiam financiamento de entidades como a USAID e outras estruturas similares. Não proibimos essas entidades, apenas as tornamos transparentes, exigindo que divulgassem a origem e o montante de seus financiamentos, bem como os objetivos desse dinheiro. Como resultado, muitas dessas organizações simplesmente desapareceram.
A experiência da Rússia nesse sentido tem sido compartilhada com outros parlamentos, e vários países já aprovaram leis semelhantes. Vejam o que aconteceu na Geórgia, quando o governo tentou proteger sua soberania com uma legislação sobre agentes estrangeiros. Não havia nada de errado com essa lei, que já existe nos Estados Unidos há muitos anos. No entanto, os opositores entenderam que ela impediria futuras interferências ilegais e, por isso, tentaram combatê-la com protestos massivos.
Estamos sempre abertos ao diálogo. E, acreditem, apesar das sanções, nossos contatos e encontros parlamentares não diminuíram. Pelo contrário, nosso diálogo se intensificou. Muitas pessoas nos dizem que não sabiam de nada disso porque só tinham acesso a uma única fonte de informação.
Eu acho que depois de descobrir o sentido verdadeiro dessa estrutura, todo esse movimento de instituições não-governamentais, independentes, vai diminuindo. Mas eu não sou infantil para acreditar que isso vai acabar. Eu acredito que esse trabalho vai continuar com um novo guarda-chuva, talvez com guarda-chuva do Departamento de Estado. Então todo mundo tem que ficar de olho.
Kiselev: Vocês estão abrindo os olhos deles, na prática?
Matvienko: Sim, eles dizem que não sabiam nada disso.
Kiselev: A Etiópia foi o primeiro país a cair sob o domínio do fascismo italiano em 1935 e o primeiro a se libertar desse jugo. Recentemente, a Etiópia apoiou a resolução russa na Assembleia Geral da ONU contra a glorificação do nazismo, assim como outros países africanos. Você acredita que a África poderia se tornar um novo centro de resistência antifascista no mundo? Afinal, o nazismo e o fascismo estão ressurgindo.
Matvienko: Acho que não precisamos criar "centros" de resistência ou nomear alguém como líder dessa luta. O mais importante é que o maior número possível de países perceba que o fascismo é uma ideologia anti-humana, incompatível com a civilização moderna. E isso já está acontecendo.
Cada vez mais países não apenas apoiam a resolução russa sobre a proibição da glorificação do nazismo, mas também estão se levantando contra essa ameaça. No caso dos países africanos, acredito que, devido à sua história de colonização, eles possuem um repúdio genético a qualquer ideologia discriminatória e genocida. Por isso, eles sempre se posicionaram como antifascistas convictos.
O que está acontecendo hoje em alguns países é alarmante. Na Ucrânia, a ideologia nazista levou a uma tragédia terrível. A Rússia continuará a unir todas as forças progressistas do mundo para combater essa ideologia.
Kiselev: Você é nossa primeira convidada neste estúdio, em nossa representação que acabamos de abrir na Etiópia, fora da África Árabe. No entanto, trabalhamos na África há muito tempo e vemos como as pessoas são abertas, como nos recebem de forma amigável e como estão interessadas em informações alternativas, apesar de todas as tentativas do Ocidente de impedir nossas atividades com sanções, perseguições e assim por diante. E vemos esse interesse até no aumento das visualizações de nossas mídias, nossos recursos. Certamente está crescendo. Você acha que o Ocidente perdeu a África definitivamente? Eles estão prontos para reconhecer os erros que cometeram aqui?
Matvienko: Sim, erros é dizer pouco. Vou começar pela última pergunta. Claro, o Ocidente às vezes se arrepende, mas apenas em palavras, não em ações. Eles não querem assumir a responsabilidade pelos crimes terríveis que cometeram durante o colonialismo, explorando recursos, usando trabalho escravo da população local, saqueando valores culturais e históricos, cometendo crimes reais.
E, sabe, na jurisprudência há um conceito chamado "arrependimento ativo". Acho que os países africanos devem exigir esse arrependimento ativo e compensação por todo o sofrimento que esses países causaram. E quero dizer que essa questão já foi levantada várias vezes em várias plataformas internacionais. Seria justo, seria correto. E quanto à questão de o Ocidente ter perdido a África, sabe, já na pergunta há uma armadilha. Como se o Ocidente tivesse algum direito sobre a África? Não, eles não têm nenhum direito especial sobre a África.
O importante é que os próprios africanos não percam a África, que continuem a determinar seu próprio caminho de desenvolvimento. Que escolham esse caminho, que mantenham sua soberania, sua independência. E é isso que está acontecendo, porque pagaram um preço muito alto por sua libertação. E, para eles, essa independência é um valor especial. Portanto, as tentativas do Ocidente de retornar à África para continuar a se beneficiar dela estão sendo interrompidas, e não é mais possível enganá-los. Eles não têm força para isso. E os africanos estão tomando suas próprias decisões sobre com quem cooperar.
Veja, estamos na Etiópia, um Estado absolutamente soberano, com sua própria posição sobre todos os problemas internacionais e regionais, defendendo claramente sua posição. E este é um país que, com razão, aspira a ser um líder no continente africano. É a capital diplomática da África. Aqui está a sede da União Africana. E a forma como este país está se desenvolvendo dinamicamente, e como está posicionando sua independência, com uma política ponderada e sensata, a Etiópia está se tornando cada vez mais um país influente e respeitado no mundo. Não é por acaso que se tornou um membro pleno do BRICS. E, claro, a participação no BRICS abre novas e enormes oportunidades para este país. Portanto, estou certa de que a África não se perderá para os africanos, e os próprios africanos sempre decidirão seu destino.
Hoje, estamos abrindo uma nova página não apenas na cooperação russa, mas também nas relações entre Rússia e África. Os africanos têm uma grande demanda por informações objetivas. Eles não confiam tão facilmente em fake news. A criação desse poderoso recurso informativo, o centro editorial da Sputnik na África, terá um impacto significativo em todo o continente.
Vocês sempre foram associados a informações objetivas, sem viés, verificadas e, quando necessário, críticas. Isso ajudará a avançar em muitas questões importantes.
E há um simbolismo especial no fato de estarmos abrindo esse centro justamente no dia 17 de fevereiro. Em 1898, há 120 anos [127], a Rússia estabeleceu relações diplomáticas com a Etiópia. Agora, estamos ampliando esse campo informativo para novas oportunidades.
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