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Tropas brasileiras de paz na Ucrânia: ação 'pouco viável' devido a contexto interno, avalia analista

© flickr.com / Ricardo Stuckert / PRO presidente da China, Xi Jinping, cumprimenta o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia oficial de recepção do líder brasileiro em Pequim, em 14 de abril de 2023
O presidente da China, Xi Jinping, cumprimenta o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia oficial de recepção do líder brasileiro em Pequim, em 14 de abril de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 19.02.2025
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O anúncio de que Brasil e China podem enviar tropas para a Ucrânia como forças de paz após o fim do conflito com a Rússia, divulgado pela revista The Economist, não foi confirmado por nenhum dos dois países citados.
De acordo com a matéria publicada na segunda-feira (17), autoridades norte-americanas consideram, entre outras opções, o envio de tropas estrangeiras para a Ucrânia, citando como exemplos Brasil e China.
Com as negociações avançando entre EUA e Rússia e a possibilidade de um cessar-fogo mostrar-se cada vez mais viável, analistas ouvidos pela Sputnik Brasil avaliam que a participação brasileira e chinesa seria muito positiva para o fim definitivo do conflito.
Para o professor do curso de Geografia da Universidade do Estado de Mato Grosso, Vinicius Modolo Teixeira, a proposta dos EUA tem como principal objetivo tirar o peso da Europa dessa mediação.

"Você estaria transferindo para países de fora do continente a responsabilidade pela manutenção de uma força de paz. Em tese, tentaria colocar países que seriam mais neutros, mesmo que o Brasil e China tenham uma proximidade muito maior com a Rússia, elas são parte do BRICS e, de certa maneira, tenham até apoiado as questões russas durante o conflito, muito mais a China, até com o envio de equipamento", comentou ele.

O analista militar e autor do livro "Guerra na Ucrânia: análises e perspectivas", Rodolfo Laterza, também concorda que a participação de países do Sul Global tem muito a contribuir nesse processo de paz.
"Ambas nações possuem alinhamento diplomático com a Rússia e Ucrânia, o que permite maior equilíbrio nas mediações e equidistância ideológica ou de adesões a blocos de poder antagônicos. Isso facilita interlocuções e mediações".
No caso do Brasil, a experiência em missões de paz como Haiti, sul do Líbano, na República Democrática do Congo e nos Bálcãs e as relações diplomáticas neutras com Rússia e Ucrânia viabilizam o país diplomática e geopoliticamente a enviar tropas de paz, pontuaram os entrevistados:
O analista também destacou que o envio e sucesso da missão representariam para o Brasil demonstração de importância na resolução pacífica de conflitos e mediação cooperativa, além de maior reconhecimento em canais multilaterais de soluções para problemas mundiais.

"Ao contrário de países europeus como França e Reino Unido, que por fornecerem equipamentos militares e assistência direta à Ucrânia, são partes diretamente envolvidas", acrescentou Laterza.

Teixeira também enfatizou que enviar tropas em missão de paz europeias seria "colocar exércitos europeus dentro da Ucrânia, coisa que a Rússia já declarou, seria um chamado para a guerra do continente, então seria um problema usar tropas europeias".
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Entretanto, o professor de geografia considera que o momento político atual brasileiro não favorece o envio de homens das Forças Armadas ao outro país, apesar de ser positivo no cenário político internacional, com o Brasil ganhando visibilidade.

"Fazer um chamamento da população para apoiar isso, não seria algo viável do sentido político nesse momento, ainda mais com o governo passando certas dificuldades, não seria como justificar um gasto militar [...] você tem um mercado cada vez mais cercando o governo para que corte gastos, corte com o orçamento do Estado e, ao mesmo tempo, que você tem uma inflação de alimentos e disparo de mensagens e fake news sobre a inflação e corrosão dos nossos padrões de consumo", opinou ele.

Além disso, Teixeira lembrou que a experiência brasileira no Haiti foi muito criticada, sobretudo por envolver militares que estão ou na carreira política, ou se envolveram em questões ligadas à tentativa de golpe no Brasil.
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"Internamente eu vejo um cenário bastante complicado para que justifique isso, mais uma vez, questões econômicas e políticas internas são complicadas e também o peso da missão de paz no Haiti e o cenário que isso gerou anos depois com o governo Bolsonaro e tentativos de golpe que foram feitos por generais que participaram efetivamente da missão no Haiti".
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