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'Uber com armas': popularização do serviço pode gerar adeptos no Brasil?
'Uber com armas': popularização do serviço pode gerar adeptos no Brasil?
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Nos últimos dias, em Nova York e em Los Angeles, um aplicativo esteve entre os mais baixados na categoria viagens. O serviço oferece aos clientes a... 25.02.2025, Sputnik Brasil
2025-02-25T19:29-0300
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Transformar militares da ativa, veteranos do Exército e policiais em guarda-costas armados sob demanda com um clique, isso é o que faz o Protector, aplicativo disponível nos EUA que permite que usuários contratem escoltas de agentes armados. Em seu perfil no LinkdIn, o Protector usa o caso do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, e simula em um vídeo que a situação teria sido diferente caso agentes contratados através do aplicativo estivessem presentes. A iniciativa, para Abian Laginestra, professor e pesquisador em cibersegurança, traz uma materialidade e uma popularização dos chamados contractors — uma espécie de prestador de serviços —, comuns na sociedade americana. A funcionalidade nos EUA, onde o porte de arma é mais livre e há uma massa que já passou por treinamento militar, "é normal", segundo o analista. Já em lugares de "violência conflagrada", como países da América Latina e Leste Europeu, o uso do aplicativo é "questão de tempo". Entretanto, há desafios para promover esse serviço nesses locais. Protector pode chegar ao Brasil?Violência conflagrada, presença de facções criminosas, impossibilidade do Estado de prover a segurança do cidadão: todas essas situações descritas por Laginestra podem pressionar a chegada do Protector no Brasil. Porém, o que pode frear e desencadear outras situações em relação ao serviço são os desafios de operar dentro da legalidade no país. Outro problema que pode incorrer com o Protector no Brasil, também envolvendo a legislação, é o fato de o aplicativo estar cadastrado na corte de Nova York. Nesse sentido, qualquer ilegalidade geraria ônus ao prestador de serviço, não à empresa. Para operar no Brasil, dentro da legalidade, uma das implicações dependeria de um registro na Polícia Federal para as empresas de segurança e, para o porte de arma, a necessidade de ter registro no Exército.Guilherme Neves, professor do Ibmec, diretor de cibersegurança da Sociedade Internacional de Automação (ISA, na sigla em inglês) e pesquisador em cibersegurança no Instituto Militar de Engenharia (IME), entende que, caso seja legalizado no Brasil, o Protector funcionaria como um marketplace de empresas de segurança.O especialista cita profissionais da segurança pública, como policiais, que atuam informalmente em serviços de segurança privada em horário livre, regulamentado. Entretanto, a qualidade e o treinamento dos eventuais prestadores de serviço do aplicativo podem ser uma questão nebulosa e que precisaria ser melhor esmiuçada. Lobby pode acelerar chegada do serviço ao Brasil?Laginestra destaca que a violência brasileira é, por vezes, vista de forma binária, mas não percebem que há "diversos atores capturando recursos, monetizando, criando novas formas de negócio" em cima desse problema.Hoje há, segundo ele, uma indústria bélica voltada ao Brasil e, consequentemente, há um lobby corrente, "fruto da violência pública". O Brasil pode ser exposto a riscos com a ferramenta?A atuação na ilegalidade, seja por uso paralelo do serviço ou por uso ostensivo, persistindo contra a lei brasileira, são possibilidades aventadas por Laginestra, que não demonstra dúvidas que, ao ser cogitado o uso, esse tipo de serviço começará a ser ofertado. Outra preocupação, demonstrada desta vez por Neves, é o perigo cibernético atrelado ao vazamento de dados. Ao fio e ao cabo, ao avaliar o que esse tipo de serviço representa, Laginestra descreve como "uberização de uma milícia". E o Estado, "por um vácuo legal ou o vácuo neoliberal de 'podemos tudo para monetizar, é um produto lícito', deixa acontecer".
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américas, brian thompson, brasil, nova york, rio de janeiro, exército, apple, aplicativo, segurança privada, segurança pública, defesa, eua, uber, armas, exclusiva, segurança
'Uber com armas': popularização do serviço pode gerar adeptos no Brasil?
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Nos últimos dias, em Nova York e em Los Angeles, um aplicativo esteve entre os mais baixados na categoria viagens. O serviço oferece aos clientes a possibilidade de contratar um carro por aplicativo, mas com uma novidade: com seguranças armados. À Sputnik Brasil, especialistas avaliam a ferramenta e aventam a possibilidade da chegada ao Brasil.
Transformar militares da ativa, veteranos do Exército e policiais em guarda-costas armados sob demanda com um clique, isso é o que faz o Protector, aplicativo disponível nos EUA que permite que usuários contratem escoltas de agentes armados.
Em seu perfil no LinkdIn, o Protector usa o caso do CEO da
UnitedHealthcare, Brian Thompson, e simula em um vídeo que a situação teria sido diferente caso agentes contratados
através do aplicativo estivessem presentes.
A iniciativa, para Abian Laginestra, professor e pesquisador em cibersegurança, traz uma materialidade e uma popularização dos chamados contractors — uma espécie de prestador de serviços —, comuns na sociedade americana.
"As forças armadas americanas, em muitas missões, elas não usam as próprias tropas, elas usam os contractors. O que você tem de novidade agora é a possibilidade de contratar isso de maneira popular", explica.
A funcionalidade nos EUA, onde o porte de arma é mais livre e há uma massa que já passou por treinamento militar, "é normal", segundo o analista. Já em lugares de "violência conflagrada", como países da América Latina e Leste Europeu, o uso do aplicativo é "questão de tempo". Entretanto, há desafios para promover esse serviço nesses locais.
Protector pode chegar ao Brasil?
Violência conflagrada,
presença de facções criminosas, impossibilidade do Estado de prover a segurança do cidadão: todas essas situações descritas por Laginestra podem pressionar a chegada do Protector no Brasil.
Porém, o que pode frear e desencadear outras situações em relação ao serviço são os desafios de operar dentro da legalidade no país.
"Como no Brasil você simplesmente não pode comprar uma arma e se propor a esse serviço, precisa ter uma série de cursos a ser feito, vai ter uma certa dificuldade operacional para isso ser provido. Talvez o aplicativo não vá ficar na plataforma da Apple, do Android, mas numa deep web e, tal, as pessoas vão começar a fazer isso", sugere o especialista.
Outro problema que pode incorrer com o Protector no Brasil, também envolvendo a legislação, é o fato de o aplicativo estar cadastrado na corte de Nova York. Nesse sentido,
qualquer ilegalidade geraria ônus ao prestador de serviço, não à empresa.
"Quem presta esse serviço é um cidadão brasileiro, aí que esse cidadão vai estar infringindo a lei. Ou seja, a plataforma pode tentar se lançar mesmo infringindo a lei brasileira, mas ela não vai ser alcançada juridicamente".
Para operar no Brasil, dentro da legalidade, uma das implicações dependeria de um registro na Polícia Federal para as empresas de segurança e, para o porte de arma, a necessidade de ter registro no Exército.
Guilherme Neves, professor do Ibmec, diretor de cibersegurança da Sociedade Internacional de Automação (ISA, na sigla em inglês) e pesquisador em cibersegurança no Instituto Militar de Engenharia (IME), entende que, caso seja legalizado no Brasil, o Protector funcionaria como um marketplace de empresas de segurança.
O especialista cita profissionais da
segurança pública, como policiais, que atuam informalmente em serviços de segurança privada em horário livre, regulamentado. Entretanto, a qualidade e o treinamento dos eventuais prestadores de serviço do aplicativo podem ser uma questão nebulosa e que precisaria ser melhor esmiuçada.
"Não é só colocar uma pessoa com a arma que ele vira um segurança, tem todo um treinamento apropriado, tanto de direção defensiva, quanto de abordagem, perímetro, artes marciais, comportamento em público, comunicação, inteligência, tem toda uma preparação para esse profissional, é saber se esse aplicativo faz essa verificação", contesta Neves.
Lobby pode acelerar chegada do serviço ao Brasil?
Laginestra destaca que a
violência brasileira é, por vezes, vista de forma binária, mas não percebem que há "diversos atores capturando recursos, monetizando,
criando novas formas de negócio" em cima desse problema.

23 de setembro 2024, 16:10
Hoje há, segundo ele, uma indústria bélica voltada ao Brasil e, consequentemente, há um
lobby corrente, "
fruto da violência pública".
"Pode haver talvez uma pressão política muito forte para que isso se torne um serviço legal", avalia o cenário.
O Brasil pode ser exposto a riscos com a ferramenta?
A atuação na ilegalidade, seja por uso paralelo do serviço ou por uso ostensivo, persistindo contra a
lei brasileira, são possibilidades aventadas por Laginestra, que não demonstra dúvidas que, ao ser cogitado o uso, esse tipo de serviço começará a ser ofertado.
Outra preocupação, demonstrada desta vez por Neves, é o perigo cibernético atrelado ao vazamento de dados.
"Se não houver uma segurança muito bem feita, se houver vazamento de dados, por exemplo, de alguém que está querendo contratar esse aplicativo ou que contratou o serviço, [há risco] de ele vir a ser um alvo potencial", comenta.
Ao fio e ao cabo, ao avaliar o que esse tipo de serviço representa, Laginestra descreve como "uberização de uma milícia". E o Estado, "por um vácuo legal ou o vácuo neoliberal de 'podemos tudo para monetizar, é um produto lícito', deixa acontecer".
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