Europa declara apoio à Ucrânia, mas não pretende enviar tropas para o terreno, diz mídia
© AP Photo / Aurelien MorissardMinistros da Defesa do Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Polônia se reúnem para discutir o apoio à Ucrânia e à defesa europeia em Paris, 12 de março de 2025

© AP Photo / Aurelien Morissard
Nos siga no
Ante os esforços dos EUA de se chegar a um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, os principais ministros da Defesa da Europa reafirmaram seu apoio à Ucrânia, mas não prometeram o envio de tropas como garantia para o acordo.
Após reunião em Paris na quarta-feira (12), o ministro das Forças Armadas francesas, Sébastien Lecornu, anunciou que as negociações reais sobre a paz na Ucrânia estão prestes a começar, destacando que o tempo diplomático e militar é mais lento que o tempo da mídia. França, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Itália se reuniram para discutir o conflito ucraniano e a defesa da Europa com a possível redução dos compromissos dos EUA com a segurança no continente.
Os cinco países europeus, que são os maiores gastadores militares na Europa — com gastos combinados estimados em € 289 bilhões (cerca de R$ 1,8 trilhão) em 2024, se reuniram após os EUA e a Ucrânia endossarem uma proposta de cessar-fogo de 30 dias, que aguarda o parecer russo. O líder ucraniano Vladimir Zelensky afirmou que o cessar-fogo permitiria preparar um fim real para o conflito, o que, para Moscou, não pode ser uma estratégia de rearmamento para retomar as hostilidades.
Segundo o Defense News, o acordo entre os EUA e a Ucrânia foi considerado um passo vital para a Europa, mas os países europeus querem que o acordo de paz na Ucrânia seja um dispositivo que garanta uma segurança e paz duradouras para o continente.
Na contramão do que motivou a operação militar especial russa na Ucrânia, Lecornu enfatizou que a desmilitarização da Ucrânia não está em questão, e que, para o ministro da Defesa da Polônia, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, apoiar a Ucrânia é essencial para manter a Rússia longe dos países europeus, um risco sobre o qual Moscou já se manifestou, não estar respaldado na realidade.
A segurança da Europa, no entanto, está enfrentando a imprevisibilidade dos EUA. Para o ministro da Defesa alemão Boris Pistorius, o afastamento dos EUA da Europa era claro antes da eleição de Donald Trump, mas o ritmo e a extensão disso permanecem incertos, razão pela qual ele pediu um roteiro com os EUA para garantir uma transferência organizada de responsabilidade.
Dentre as prioridades para a Europa debatidas pelas autoridades estão a defesa aérea contra ameaças avançadas e drones e a necessidade de acelerar os planos de capacidade existentes, um ponto ressaltado pelo representante de Paris.
Para além da intensificação da Iniciativa Europeia Sky Shield (Escudo do Céu), o espaço é uma segunda prioridade. Propostas foram feitas para avançar em sistemas de alerta precoce para detectar possíveis lançamentos de mísseis em direção à região.
Os ministros discutiram gargalos na cadeia de suprimentos da indústria de defesa europeia e soluções sobre como trazer parte da produção de volta ao continente. Aumentar a produção de defesa europeia exigirá investir em novas linhas de produção, com ampliação de contratações e empregos no setor e a necessidade de padronização, contratos de estrutura conjunta e certificação uniforme de sistemas de armas para uma aquisição mais rápida e menos burocrática entre os países.