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Senegal: recentes conquistas no setor de petróleo buscam transformar 'maldição' em bênção
Senegal: recentes conquistas no setor de petróleo buscam transformar 'maldição' em bênção
Sputnik Brasil
Calouro no refino do petróleo, o Senegal tornou-se recentemente um país livre da dependência do petróleo bruto importado processado com as novas atividades no... 14.03.2025, Sputnik Brasil
2025-03-14T21:40-0300
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Para além dos ganhos econômicos e energéticos, o feito gera vantagens geopolíticas para os senegaleses, de acordo com o mestre em ciência política e doutor em estudos estratégicos internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Mamadou Alpha Diallo.Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, nesta sexta-feira (14), ele destacou ainda a relevância social da independência nesse tipo de exploração.Além disso, salientou, o refino do petróleo nacional fortalece as relações com os países vizinhos, como Mauritânia, Mali, Guiné e Gâmbia, que também possuem esse tipo de recurso."Com esse início de exploração do petróleo no Senegal, com tecnologia, ou pelo menos pela própria empresa, pela empresa Petrosen, do Senegal, já é um avanço muito grande, porque o Senegal sempre foi uma vitrine, vista como um país que pode dar um exemplo aos outros países", comentou.Entretanto, ele frisou que esse novo marco é fruto da mudança de postura política dentro do cenário africano e global, com foco na autonomia e independência dos países do continente sobre seus recursos, após décadas de colonização e expropriações.Ele lembrou que o petróleo na região foi descoberto na década de 1950, quando ainda era colônia da França, e já foi motivo de conflitos com Guiné-Bissau, na década de 1990, assim como em vários países ricos em petróleo que não conseguiram converter esse recurso em desenvolvimento, originando inclusive o termo "maldição do petróleo" para descrever tal situação.A mudança de chave, segundo ele, foi a readequação dos contratos e uma valorização da capacidade e do know-how de exploração senegaleses para permitir uma parceria com empresas internacionais, dentro de uma perspectiva ganha-ganha, e assim evitar disparidades entre o lucro e o investimento social para os 17 milhões de habitantes senegaleses.Sobre a estatal Petrosen, ele comentou que, quanto maior for a capacidade da petroleira senegalesa de extração, transformação e distribuição dos recursos, recursos naturais e humanos, mais força terá o Estado politicamente no cenário internacional.O analista comentou que, após anos de instabilidade política e social, o Senegal aponta para uma reestruturação do Estado de longo prazo, para dar mais autonomia à Justiça e transparência aos processos seletivos, abrindo concurso em setores estratégicos e rumando para a independência alimentar:"[…] eles olharam cada região para pensar qual é a potencialidade daquela região, para colocar o foco naquela potencialidade, e a gente está falando de gás, de petróleo, mas o Senegal tem uma quantidade gigantesca de ouro, que sempre foi explorado na região, na fronteira com o Mali."Outra prioridade do atual governo, segundo ele, é estreitar as relações Sul-Sul, inclusive com o Brasil:"Espero que Senegal seja exemplo, não na exploração do petróleo, mas na gestão dos recursos, dos benefícios que vêm desses recursos. Que seja um exemplo para os outros países africanos também, para que a gente possa ultrapassar esta dicotomia: países muito ricos, só que populações muito pobres", concluiu Diallo.
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Senegal: recentes conquistas no setor de petróleo buscam transformar 'maldição' em bênção
21:40 14.03.2025 (atualizado: 17:05 17.03.2025) Especiais
Calouro no refino do petróleo, o Senegal tornou-se recentemente um país livre da dependência do petróleo bruto importado processado com as novas atividades no campo offshore de Sangomara.
Para além dos ganhos econômicos e energéticos, o feito gera vantagens geopolíticas para os senegaleses, de acordo com o mestre em ciência política e doutor em estudos estratégicos internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Mamadou Alpha Diallo.
Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, nesta sexta-feira (14), ele destacou ainda a relevância social da independência nesse tipo de exploração.
"O petróleo, para os países africanos, os recursos naturais, principalmente quando explorados ou extraídos, transformados pelos próprios países, tem uma importância, primeiro, social, porque há uma necessidade primeira de atender às necessidades da sociedade senegalesa", pontuou o especialista.
Além disso, salientou, o refino do petróleo nacional
fortalece as relações com os países vizinhos, como Mauritânia, Mali, Guiné e Gâmbia, que também possuem esse tipo de recurso.
"Com esse início de exploração do petróleo no Senegal, com tecnologia, ou pelo menos pela própria empresa, pela empresa Petrosen, do Senegal, já é um avanço muito grande, porque o Senegal sempre foi uma vitrine, vista como um país que pode
dar um exemplo aos outros países", comentou.
Entretanto, ele frisou que esse novo marco é fruto da mudança de postura política dentro do cenário africano e global, com foco na autonomia e independência dos países do continente sobre seus recursos,
após décadas de colonização e expropriações.
"O objetivo é fortalecer a economia, mas também beneficiar a sociedade senegalesa dentro de uma perspectiva de uma gestão transparente, […] mas também beneficiar a África em geral, porque quando você reinaugura novas formas de contrato, novas formas de relacionamento dos países africanos com o resto do mundo, e principalmente com os gigantes do petróleo, você está trazendo uma nova perspectiva, porque até então o que a gente tem é exploração de recursos energéticos, recursos naturais que beneficiam uma parcela mínima da elite política local e enriquece as empresas multinacionais e os países aliados, como as antigas potências coloniais."
Ele lembrou que o petróleo na região foi descoberto na década de 1950, quando ainda era colônia da França, e já foi motivo de conflitos com Guiné-Bissau, na década de 1990, assim como em vários países ricos em petróleo que não conseguiram converter esse recurso em desenvolvimento, originando inclusive o termo "maldição do petróleo" para descrever tal situação.
A mudança de chave, segundo ele, foi a readequação dos contratos e uma valorização da capacidade e do know-how de exploração senegaleses para permitir uma parceria com empresas internacionais, dentro de uma perspectiva ganha-ganha, e assim evitar disparidades entre o lucro e o investimento social para os 17 milhões de habitantes senegaleses.
"[…] No lugar onde são extraídos esses recursos, nem estrada a população tem", comentou como exemplo. "O tempo todo é falta de energia, e nem por isso a conta da energia baixa. A energia é super cara, fato que explica que hoje você tem várias famílias que não têm condições de ter uma geladeira em casa, porque não conseguem pagar a conta de luz."
Sobre a estatal Petrosen, ele comentou que, quanto maior for a capacidade da petroleira senegalesa de extração, transformação e distribuição dos recursos, recursos naturais e humanos, mais força terá o Estado politicamente no cenário internacional.
O analista comentou que, após
anos de instabilidade política e social, o Senegal aponta para uma reestruturação do Estado de longo prazo, para dar mais autonomia à Justiça e transparência aos processos seletivos, abrindo concurso em setores estratégicos e rumando para a independência alimentar:
"[…] eles olharam cada região para pensar qual é a potencialidade daquela região, para colocar o foco naquela potencialidade, e a gente está falando de gás, de petróleo, mas o Senegal tem uma quantidade gigantesca de ouro, que sempre foi explorado na região, na fronteira com o Mali."
Outra prioridade do atual governo, segundo ele, é estreitar as relações Sul-Sul, inclusive com o Brasil:
"O Brasil tem um espaço muito grande no continente africano, e isso historicamente. Infelizmente houve vários momentos que os governos não enxergavam isso. Queriam se distanciar da África, porque queriam o embranquecimento do país, mas o Brasil sempre tem espaço para o continente africano, pois é visto como o irmão do outro lado, o país com maior população negra fora do continente africano."
"Espero que Senegal seja exemplo, não na exploração do petróleo, mas na gestão dos recursos, dos benefícios que vêm desses recursos. Que seja um exemplo para os outros países africanos também, para que a gente possa ultrapassar esta dicotomia: países muito ricos, só que populações muito pobres", concluiu Diallo.
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