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'É inevitável': Ocidente terá de aprender a dividir o poder com o Sul Global, dizem analistas
'É inevitável': Ocidente terá de aprender a dividir o poder com o Sul Global, dizem analistas
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Diante de um novo cenário global, o Ocidente tenta manter seu controle da condução geopolítica a todo custo. Seus esforços, contudo, são inúteis, e o eixo... 20.03.2025, Sputnik Brasil
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A reforma das instituições de governança internacional, proposta central do BRICS, foi tema do episódio desta quinta-feira (20) do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.Ao programa, Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), explicou que as organizações internacionais, como as Nações Unidas e seu Conselho de Segurança (CSNU), vivem um grande processo de desgaste.No Conselho, diz a especialista, essa crise é ainda mais perceptível devido ao poder de veto que os membros permanentes possuem.Nesse sentido, o professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador do Laboratório de Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos Antissistêmicos (LabGRIMA), Charles Pennaforte, afirma que a gênese dessa problemática se deu no final do século XX, com o fim da União Soviética e da Guerra Fria.Na época, os EUA se consolidaram como única potência a nível mundial, mas não foram capazes de impedir a ascensão da China e o ressurgimento da Rússia. "Os Estados Unidos não possuem mais a mesma força que tinham anteriormente", disse Pennaforte. Tampouco conseguiram evitar o declínio da União Europeia.Como resposta a essas mudanças, os países do dito Ocidente — em especial os Estados Unidos e os europeus — vêm tentando reforçar seu controle dos ditames globais, seja pela via das sanções à Rússia, seja pela ameaça de tarifas por Donald Trump, feitas mais pela coerção política do que pela proteção econômica."É uma tentativa de você manter uma estrutura baseada em alicerces antigos e na qual os Estados Unidos procuram manter a sua força e não dividir o poder", explica o professor. Mas o processo de reorganização das peças geopolíticas é "inevitável".Para Denilde Holzhacker, toda essa mudança levará algum tempo para se consolidar, uma vez que depende não só da conquista de espaço político, mas também do desenvolvimento econômico dos países do Sul Global, e nesse aspecto os países da América Latina, África e Ásia já entenderam que o poder econômico está se transferindo para o continente asiático e que a China "é a grande potência".No final, pondera Pennaforte, a transição de centro global ocorrerá como "uma economia de mercado": quem tiver mais capacidade de oferecer os melhores serviços vai captar "mais clientes"."Com o tempo as pessoas vão ver que existem outras saídas que não sejam o FMI, que não sejam o Banco Mundial, e aí vão se deslocar naturalmente por um processo, mas não no sentido de que seja uma ruptura abrupta, rápida, mas um processo de convivência."
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'É inevitável': Ocidente terá de aprender a dividir o poder com o Sul Global, dizem analistas
21:00 20.03.2025 (atualizado: 13:45 21.03.2025) Especiais
Diante de um novo cenário global, o Ocidente tenta manter seu controle da condução geopolítica a todo custo. Seus esforços, contudo, são inúteis, e o eixo euro-atlântico terá de aprender a "dividir o poder".
A reforma das instituições de governança internacional, proposta central do BRICS, foi tema do episódio desta quinta-feira (20) do
Mundioka,
podcast da Sputnik Brasil apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.
Ao programa, Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), explicou que as organizações internacionais, como as Nações Unidas e seu Conselho de Segurança (CSNU), vivem um grande processo de desgaste.
No Conselho, diz a especialista, essa crise é ainda mais perceptível devido ao poder de veto que os membros permanentes possuem.
"As organizações internacionais não existem por si só, elas são reflexos das vontades dos Estados que estão lá nos seus assentos e dos governos que vão decidir quais serão os rumos."
Nesse sentido, o professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador do Laboratório de Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos Antissistêmicos (LabGRIMA),
Charles Pennaforte, afirma que a gênese dessa problemática se deu no final do século XX,
com o fim da União Soviética e da Guerra Fria.
Na época, os EUA se consolidaram como única potência a nível mundial, mas não foram capazes de impedir a ascensão da China e o
ressurgimento da Rússia. "Os Estados Unidos não possuem mais a mesma força que tinham anteriormente", disse Pennaforte. Tampouco conseguiram evitar o declínio da União Europeia.
"É inevitável a mudança. O mundo que está se abrindo agora para essa primeira metade do século XXI é totalmente diferente do mundo do século XX."
Como resposta a essas mudanças, os países do dito Ocidente — em especial os Estados Unidos e os europeus — vêm tentando reforçar seu controle dos ditames globais, seja pela via das sanções à Rússia, seja pela ameaça de tarifas por Donald Trump, feitas mais pela coerção política do que pela proteção econômica.
"É uma tentativa de você manter uma estrutura baseada em alicerces antigos e na qual os Estados Unidos procuram manter a sua força e não dividir o poder", explica o professor. Mas o processo de
reorganização das peças geopolíticas é "inevitável".
"Eles terão, no mínimo, que dividir o poder com outros países."
Para Denilde Holzhacker, toda essa mudança levará algum tempo para se consolidar, uma vez que depende não só da conquista de espaço político, mas também do desenvolvimento econômico dos países do Sul Global, e nesse aspecto os países da América Latina, África e Ásia já entenderam que o poder econômico está se transferindo para o continente asiático e que a China "é a grande potência".
No final, pondera Pennaforte, a transição de centro global ocorrerá como "uma economia de mercado": quem tiver mais capacidade de oferecer os melhores serviços vai captar "mais clientes".
"Com o tempo
as pessoas vão ver que existem outras saídas que não sejam o FMI, que não sejam o Banco Mundial, e aí vão se deslocar naturalmente por um processo, mas não no sentido de que seja uma ruptura abrupta, rápida, mas um processo de convivência."
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