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Independência histórica da África do Sul assusta Trump, declaram especialistas
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Sputnik Brasil
Enraizada em sua história, a política independente da África do Sul a faz não se submeter aos Estados Unidos e demais potências hegemônicas, notam analistas em... 04.04.2025, Sputnik Brasil
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem batendo na tecla de que descendentes de europeus estão sendo perseguidos ao redor do mundo e, para reforçar esse ponto, o líder norte-americano cita o exemplo da África do Sul.Por que Trump expulsou o embaixador sul-africano dos Estados Unidos? O que a nação africana fez para atrair a ira do governo Trump? Essa crise diplomática foi debatida no Mundioka desta sexta-feira (4), podcast da Sputnik Brasil, apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.Recebido de braços abertosEbrahim Rasool, embaixador da África do Sul nos Estados Unidos, foi expulso por Donald Trump e declarado persona non grata no país em meados de março, com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, acusando Rasool de "incitar o racismo".Ao chegar em seu país, contudo, o diplomata foi recebido com cantos de apoio por manifestantes no aeroporto. "Uma declaração de persona non grata tem o objetivo de humilhá-lo", disse Rasool aos que estavam presentes, acompanhado de um megafone."Mas quando vocês retornam a multidões como esta, e com o calor como está, então usarei minha persona non grata como um distintivo de dignidade. Não foi nossa escolha voltar para casa, mas voltamos para casa sem arrependimentos."O enviado sul-africano foi expulso do país depois de dizer que o movimento Make America Great Again (MAGA, ou "Torne a América Ótima Novamente", em tradução livre) respondia a um instinto supremacista.Contudo, esta não foi a única vez em que Trump usou a África do Sul como aceno a seus seguidores. Em discursos, ele vem ressaltando os problemas de segurança pública do país, dando enfoque especial no assassinato de fazendeiros brancos no interior.'Uma boa desculpa'Ao Mundioka, o pesquisador sênior do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA, na sigla em inglês) Gustavo Carvalho explicou que Trump instrumenta as questões raciais do país como forma de buscar apoio em sua base. Nesse ponto, diz o especialista, o político se utiliza do mito do genocídio branco."Na verdade, quando olhamos estatísticas, há um problema de criminalidade na África do Sul que afeta a maioria negra de uma forma muito mais extrema", pondera Carvalho.No entanto, como mais de 70% das terras sul-africanas estão no controle de brancos, que representam 7% da população, os crimes nas zonas rurais tendem a afetar mais essa parcela da população. "Mas daí a dizer que existe um genocídio branco, que existe uma criminalidade que foca nos brancos, já é muito fora da realidade que vivemos."Carvalho esclareceu ao podcast que o Congresso Nacional Africano (CNA), principal partido sul-africano pós-apartheid, possui forte identificação com os movimentos palestinos, tendo estabelecido contato desde a época em que ambos representavam seus povos no Movimento dos Países Não Alinhados, enquanto os governos oficiais — Israel e apartheid — relutavam em se unir ao movimento internacional.Independente e altivaPara a pesquisadora do Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC) Luisa Barbosa, essa busca por integrar fóruns internacionais anti-hegemônicos é outro aspecto da política externa sul-africana que incomoda Washington, uma vez que leva a África do Sul a se aproximar de países malvistos pelos norte-americanos, como a Rússia e a China, parceiras dos sul-africanos no BRICS.Recém-expandido para 11 membros plenos e outros nove parceiros, o agrupamento de países visa reformar as instituições de governança global, tanto as políticas — como as Nações Unidas e seu Conselho de Segurança — quanto as financeiras — como bancos de desenvolvimento e sistemas de pagamento.Esse processo histórico que forma a África do Sul como conhecemos hoje é também responsável por formular todo o posicionamento geopolítico do país, em especial sua decisão de aderir ao BRICS em 2011.Segundo os especialistas, ao participar do BRICS, a África do Sul coloca em prática os mesmos preceitos pelo qual conseguiu se livrar da segregação racial institucional. "A África do Sul é um país que vê uma primazia de processos de diálogo", destaca Carvalho.
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estados unidos, áfrica do sul, donald trump, cyril ramaphosa, áfrica, oriente médio e áfrica, américas, mundioka, exclusiva, congresso nacional africano (anc), brics, apartheid, yahya rasool, israel
Independência histórica da África do Sul assusta Trump, declaram especialistas
20:15 04.04.2025 (atualizado: 21:03 04.04.2025) Especiais
Enraizada em sua história, a política independente da África do Sul a faz não se submeter aos Estados Unidos e demais potências hegemônicas, notam analistas em entrevista à Sputnik Brasil. Em seu lugar, o país africano busca por fóruns de diálogo onde sua voz é verdadeiramente ouvida, como o BRICS.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem batendo na tecla de que descendentes de europeus estão sendo perseguidos ao redor do mundo e, para reforçar esse ponto, o líder norte-americano cita o exemplo da África do Sul.
Por que Trump expulsou o embaixador sul-africano dos Estados Unidos?
O que a nação africana fez para atrair a ira do governo Trump? Essa crise diplomática foi debatida no
Mundioka desta sexta-feira (4),
podcast da Sputnik Brasil, apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.
Recebido de braços abertos
Ebrahim Rasool, embaixador da África do Sul nos Estados Unidos,
foi expulso por Donald Trump e declarado persona non grata no país em meados de março, com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, acusando Rasool de "incitar o racismo".
Ao chegar em seu país, contudo, o diplomata foi recebido com cantos de apoio por manifestantes no aeroporto. "Uma declaração de persona non grata tem o objetivo de humilhá-lo", disse Rasool aos que estavam presentes, acompanhado de um megafone.
"Mas quando vocês retornam a multidões como esta, e com o calor como está, então usarei minha persona non grata como um distintivo de dignidade. Não foi nossa escolha voltar para casa, mas voltamos para casa sem arrependimentos."
O enviado sul-africano foi expulso do país depois de dizer que o movimento Make America Great Again (MAGA, ou "Torne a América Ótima Novamente", em tradução livre) respondia a um instinto supremacista.
Contudo, esta
não foi a única vez em que Trump usou a África do Sul como aceno a seus seguidores. Em discursos, ele vem ressaltando os problemas de segurança pública do país, dando enfoque especial no assassinato de fazendeiros brancos no interior.
Ao Mundioka, o pesquisador sênior do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA, na sigla em inglês) Gustavo Carvalho explicou que Trump instrumenta as questões raciais do país como forma de buscar apoio em sua base. Nesse ponto, diz o especialista, o político se utiliza do mito do genocídio branco.
"Na verdade, quando olhamos estatísticas, há um problema de criminalidade na África do Sul que afeta a maioria negra de uma forma muito mais extrema", pondera Carvalho.
No entanto, como mais de 70% das terras sul-africanas estão no controle de brancos, que representam 7% da população, os crimes nas zonas rurais tendem a afetar mais essa parcela da população. "Mas daí a dizer que existe um genocídio branco, que existe uma criminalidade que foca nos brancos, já é muito fora da realidade que vivemos."
"E é uma boa desculpa para esses grupos reagirem a certas posições que a África do Sul teve nos últimos anos, particularmente em relação ao seu caso contra Israel."
Carvalho esclareceu ao podcast que o Congresso Nacional Africano (CNA), principal partido sul-africano pós-apartheid, possui forte identificação com os movimentos palestinos, tendo estabelecido contato desde a época em que ambos representavam seus povos no Movimento dos Países Não Alinhados, enquanto os governos oficiais — Israel e apartheid — relutavam em se unir ao movimento internacional.
Para a pesquisadora do Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC) Luisa Barbosa, essa busca por integrar fóruns internacionais anti-hegemônicos é outro aspecto da política externa sul-africana que incomoda Washington, uma vez que leva a África do Sul a se aproximar de países malvistos pelos norte-americanos, como a Rússia e a China, parceiras dos sul-africanos no BRICS.
Recém-expandido para 11 membros plenos e outros nove parceiros, o agrupamento de países visa
reformar as instituições de governança global, tanto as políticas — como as Nações Unidas e seu Conselho de Segurança — quanto as financeiras — como bancos de desenvolvimento e sistemas de pagamento.
Esse processo histórico que forma a África do Sul como conhecemos hoje é também responsável por formular todo o posicionamento geopolítico do país, em especial sua decisão de aderir ao BRICS em 2011.
Segundo os especialistas, ao participar do BRICS, a África do Sul coloca em prática os mesmos preceitos pelo qual conseguiu se livrar da segregação racial institucional. "A África do Sul é um país que vê uma primazia de processos de diálogo", destaca Carvalho.
"Se olharmos, por exemplo, a posição sul-africana com relação ao conflito Rússia-Ucrânia, o argumento é de que um diálogo é necessário entre as duas partes. Essa é a condição fundamental e necessária para uma paz sustentável."
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