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Rússia e EUA: o que falta para normalizar relações diante de sanções, conflito e tensões com Europa?
Rússia e EUA: o que falta para normalizar relações diante de sanções, conflito e tensões com Europa?
Sputnik Brasil
Após um rompimento quase total no mandato do ex-presidente Joe Biden, a chegada do republicano Donald Trump ao poder começou a mudar o quadro das relações... 07.04.2025, Sputnik Brasil
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Após mais de quatro anos, uma ligação telefônica de quase duas horas entre as principais figuras políticas dos Estados Unidos e da Rússia dava início a uma reviravolta no quadro geopolítico global. Ainda durante a campanha eleitoral, o presidente Donald Trump chegou a prometer que resolveria o conflito ucraniano em apenas 24 horas e citou a estima pelo homólogo russo, Vladimir Putin.Apesar das tensões ainda não terem sido resolvidas, o país ajudou a dar passos importantes rumo à paz na região, mesmo com as investidas da União Europeia em sentido contrário. A doutoranda em ciência política da Universidade de São Paulo (USP) Giovana Branco lembrou ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, que um primeiro passo já foi tomado em relação às fortes sanções econômicas contra Moscou que marcaram os últimos três anos.Além disso, a especialista acrescentou que, diferentemente dos democratas, a China passou a ser colocada como principal inimigo dos Estados Unidos, e não a Rússia."E isso pode fazer de Moscou se tornar um aliado bastante interessante, mas temos que lembrar que a Rússia tem uma forte aliança com os chineses. Mesmo assim, parece que o Trump, recorrendo a esse aspecto mais pessoal da sua relação com o Putin, tem tentado trazer a Rússia para a sua zona de influência ou, pelo menos, para uma negociação mais possível, algo que nunca aconteceu durante o governo Biden", diz.Putin e Trump: relacionamento pessoal é amistoso?Já o professor, analista de relações internacionais em defesa e criador do canal História Militar em Debate, Ricardo Cabral, enfatizou ao podcast Mundioka que desde o primeiro mandato de Trump, o relacionamento pessoal do republicano com Putin é amistoso, apesar da característica egocêntrica e da imprevisibilidade da figura do presidente norte-americano. Isso também já tem contribuído para a retomada das relações entre os dois países.Mesmo assim, o especialista acredita que o lado russo tem demonstrado paciência nas últimas negociações quanto ao conflito ucraniano e outras questões ligadas aos dois países, como o acordo firmado para suspender ataques contra a infraestrutura energética na Rússia e na Ucrânia, que chegou a ser violado pelo regime de Vladimir Zelensky."Passamos por uma quadra muito difícil do sistema internacional. E os europeus querem acirrar o conflito. A dúvida é se eles querem trazer a Rússia para o campo de batalha ou entrar na batalha contra a Rússia, mesmo não dispondo dos meios necessários para isso. Será que eles pensam em arrastar os Estados Unidos e pegar o Trump pela vaidade para isso? É algo muito preocupante", analisa.OTAN e possível afastamento dos EUAOutra situação que pode influenciar no quadro geopolítico global é também a relação dos Estados Unidos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Principal financiador da aliança militar, que se envolveu diretamente no conflito ucraniano ao treinar militares e enviar armas e outros equipamentos a Kiev, Trump é crítico ao desequilíbrio na contribuição de outros países, principalmente europeus, para o funcionamento da entidade.Ademais, o especialista faz críticas à atuação da presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, que, segundo ele, deseja se colocar acima dos interesses dos Estados-membros."Ela tem uma agenda própria que, muitas das vezes, é contrária aos interesses dos países e tenta arrastá-los para isso. E tem recebido apoio de líderes como Emmanuel Macron [presidente da França], que precisa de qualquer cortina de fumaça para distrair os franceses sobre os verdadeiros problemas do país, mas também tem colocado no combo a Alemanha, o próprio Reino Unido e a Espanha. Ursula von der Leyen carrega toda essa carga belicosa contra a Rússia".Rússia quer 'concessões verdadeiras' para continuar retomada das relaçõesPor fim, Ricardo Cabral frisou que há um clima favorável para relações cada vez mais próximas entre Rússia e Estados Unidos, mas que também são necessárias concessões reais do lado norte-americano.
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Rússia e EUA: o que falta para normalizar relações diante de sanções, conflito e tensões com Europa?
19:55 07.04.2025 (atualizado: 20:31 07.04.2025) Especiais
Após um rompimento quase total no mandato do ex-presidente Joe Biden, a chegada do republicano Donald Trump ao poder começou a mudar o quadro das relações entre Rússia e Estados Unidos. Mas essa aproximação é suficiente para alterar o xadrez político marcado por disputas estratégias, sanções e interesses globais opostos dos dois países?
Após mais de quatro anos, uma ligação telefônica de quase duas horas entre as principais figuras políticas dos Estados Unidos e da Rússia dava início a uma
reviravolta no quadro geopolítico global. Ainda durante a campanha eleitoral, o
presidente Donald Trump chegou a prometer que resolveria o
conflito ucraniano em apenas 24 horas e citou a estima pelo homólogo russo, Vladimir Putin.
Apesar das tensões ainda não terem sido resolvidas, o país ajudou a dar passos importantes rumo à paz na região,
mesmo com as investidas da União Europeia em sentido contrário. A doutoranda em ciência política da Universidade de São Paulo (USP) Giovana Branco lembrou ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, que um primeiro passo já foi tomado em relação às
fortes sanções econômicas contra Moscou que marcaram os últimos três anos.
"Mesmo com essa retórica mais branda do Trump, as sanções contra a Rússia na prática continuam. Isso revela um limite institucional dos Estados Unidos em relação à política externa? Sim, por mais que o presidente tenha abalado isso, ainda há limites do que ele pode fazer. Porém, há alguns indicativos de que as sanções, aos poucos, serão retiradas. Na semana passada, Trump decidiu suspender as restrições contra a Rússia no setor agrícola, e isso vai fazer um efeito bastante importante na economia russa. É um primeiro passo para, de fato, maior aproximação futura", pontua.
Além disso, a especialista acrescentou que, diferentemente dos democratas, a China passou a ser colocada como
principal inimigo dos Estados Unidos, e não a Rússia.
"E isso pode fazer de Moscou se tornar um aliado bastante interessante, mas temos que lembrar que a Rússia tem uma forte aliança com os chineses. Mesmo assim, parece que o Trump, recorrendo a esse aspecto mais pessoal da sua relação com o Putin, tem tentado trazer a Rússia para a sua zona de influência ou, pelo menos, para uma negociação mais possível, algo que nunca aconteceu durante o governo Biden", diz.
Putin e Trump: relacionamento pessoal é amistoso?
Já o professor, analista de relações internacionais em defesa e criador do canal História Militar em Debate, Ricardo Cabral, enfatizou ao podcast Mundioka que desde o primeiro mandato de Trump,
o relacionamento pessoal do republicano com Putin é amistoso, apesar da característica egocêntrica e da imprevisibilidade da figura do presidente norte-americano. Isso também já tem contribuído para a
retomada das relações entre os dois países.
"As coisas mais básicas e simples do contato entre diplomatas [dos dois países] na sede da ONU [Organização das Nações Unidas] estavam proibidas, isso tudo foi perdido. A administração Biden simplesmente destruiu as relações com a Rússia a um nível ainda mais profundo do que já havia acontecido no governo Barack Obama […]. Mas eu acredito que as relações russo-americanas tendem a uma melhora, apesar que você tem de um lado uma equipe que é extremamente inexperiente, que são empresários, e também tem o Marco Rubio [secretário de Estado dos EUA], que mostra bastante flexibilidade, mas não chega perto de Sergei Lavrov [ministro das Relações Exteriores da Rússia]", enfatiza.
Mesmo assim, o especialista acredita que o lado russo tem demonstrado paciência nas últimas negociações quanto ao conflito ucraniano e outras questões ligadas aos dois países, como o acordo firmado para
suspender ataques contra a infraestrutura energética na Rússia e na Ucrânia, que chegou a ser violado pelo
regime de Vladimir Zelensky.
"Passamos por uma quadra muito difícil do sistema internacional. E os europeus querem acirrar o conflito. A dúvida é se eles querem trazer a Rússia para o campo de batalha ou entrar na batalha contra a Rússia, mesmo não dispondo dos meios necessários para isso. Será que eles pensam em arrastar os Estados Unidos e pegar o Trump pela vaidade para isso? É algo muito preocupante", analisa.
OTAN e possível afastamento dos EUA
Outra situação que pode influenciar no quadro geopolítico global é também a relação dos Estados Unidos com a
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Principal financiador da aliança militar, que se envolveu diretamente no conflito ucraniano ao treinar militares e enviar armas e outros equipamentos a Kiev, Trump é crítico ao desequilíbrio na contribuição de outros países, principalmente europeus,
para o funcionamento da entidade.
"E a OTAN simplesmente não anda sem os EUA. Ao lado disso, temos que olhar a situação econômica da Europa, que está em uma situação muito difícil e ainda assumindo compromissos com um país [a Ucrânia] que é sabidamente corrupto e está perdendo o conflito. Esses bilhões e bilhões de euros fazem falta para reformar a economia europeia, cujo principal fator da crise foi justamente o corte na compra de gás e petróleo russo. Em vez de tentarem buscar uma solução conciliatória, a todo momento querem sabotar o processo de paz", argumenta.
Ademais, o especialista faz
críticas à atuação da presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, que, segundo ele, deseja se colocar
acima dos interesses dos Estados-membros.
"Ela tem uma agenda própria que, muitas das vezes, é contrária aos interesses dos países e tenta arrastá-los para isso. E tem recebido apoio de líderes como Emmanuel Macron [presidente da França], que precisa de qualquer cortina de fumaça para distrair os franceses sobre os verdadeiros problemas do país, mas também tem colocado no combo a Alemanha, o próprio Reino Unido e a Espanha. Ursula von der Leyen carrega toda essa carga belicosa contra a Rússia".
Rússia quer 'concessões verdadeiras' para continuar retomada das relações
Por fim, Ricardo Cabral frisou que há um clima favorável para relações cada vez mais próximas entre Rússia e Estados Unidos, mas que também são necessárias concessões reais do lado norte-americano.
"O grande problema dos norte-americanos neste momento é o acesso às terras raras e a determinados metais, como o titânio para a aviação deles, e isso é importantíssimo. Mas voltamos a esbarrar na questão das sanções que barram empresas dos EUA de fazer negócio com a Rússia. E o que os norte-americanos precisam fazer? Concessões, como acontece agora com a Boeing, que quer uma suspensão temporária [para comprar titânio da Rússia]. Mas os russos também querem concessões verdadeiras para poder avançar na retomada das relações, e esse não é um problema de agora", finaliza.
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