https://noticiabrasil.net.br/20250417/apartheid-tecnologico-poucos-terao-acesso-aos-beneficios-da-colonizacao-interplanetaria-39216638.html
Apartheid tecnológico: 'Poucos terão acesso aos benefícios da colonização interplanetária'
Apartheid tecnológico: 'Poucos terão acesso aos benefícios da colonização interplanetária'
Sputnik Brasil
Curiosidade científica, ampliação da fronteira do conhecimento, instinto de sobrevivência inerente à espécie humana, dominação geopolítica e ampliação da... 17.04.2025, Sputnik Brasil
2025-04-17T21:40-0300
2025-04-17T21:40-0300
2025-04-17T22:52-0300
ciência e sociedade
ciência e tecnologia
sociedade
elon musk
estados unidos
lua
marte
spacex
espaço
corrida espacial
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e6/02/09/21338171_0:0:3073:1728_1920x0_80_0_0_7ee07bd2d8638113925f7c1847a816c6.jpg
A possibilidade de vida, sobretudo humana, fora da Terra, alimenta um debate interminável. Sem dúvidas, como garante a professora Raquel dos Santos, docente de relações internacionais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), doutora em estudos estratégicos e especialista em cooperação espacial internacional, não há ambiente mais favorável para a vida humana do que o planeta Terra.Os gastos que se sucedem com iniciativas de chegar a destinos como Marte, na intenção alegada de viabilizar um plano B para a humanidade, "poderiam ser alocados à preservação da própria Terra", diz ela. Além do mais, a chegada ao planeta vizinho leva em média, segundo estudiosos, cerca de nove anos.Nenhum humano pisou ainda no Planeta Vermelho, apesar de já haver metas públicas. Em 2012, por exemplo, conforme lembra Dos Santos, "Elon Musk disse que em dez anos eles estariam em Marte; 2022 passou e eles não chegaram a Marte", mostrando que os prazos são simbólicos.Além disso, os períodos propostos esbarram em "impeditivos tecnológicos, orçamentários e políticos". Outra complexidade evidente é enviar uma tripulação ao planeta. Ou seja, ainda há inúmeros desafios.Trata-se, portanto, de um processo novo e cheio de interrogações. Segundo a analista, um paralelo possível para tentar compreender a corrida espacial seria o período das grandes navegações.Nesse sentido, cabem também na comparação os propósitos dos "navegantes", que antes agiram em nome dos interesses imperiais e atualmente respondem pelas grandes empresas de tecnologia espacial em nome dos Estados, como é o caso da SpaceX, de Elon Musk, que "carrega a bandeira dos EUA".Para a analista, inclusive Musk e a SpaceX vão liderar essa nova era da corrida espacial, haja vista o número de satélites, lançadores e lançamentos realizados anualmente pelos Estados Unidos. Por outro lado, a liderança da iniciativa privada tende a gerar "um cenário muito mais instável do que foi, por exemplo, a primeira fase da exploração espacial ainda na Guerra Fria".Ao fim e ao cabo, a astropolítica — pensar as relações políticas e estratégicas a partir do espaço exterior — é o que está no seio da corrida espacial. Trocando em miúdos: "Estão projetadas sobre o espaço as disputas estratégicas que nós temos aqui mesmo na Terra. E, ao projetar essas disputas, significa que existem zonas com maior ou menor valor. Marte, a Lua, algumas zonas orbitais possuem um extremo valor dentro dessa disputa", explica Dos Santos.O processo de extensão da forma política para o Espaço também projetaria características sociais, uma vez que "a política espacial não está desvinculada da política terrestre. Ela, na verdade, funciona como uma extensão desse apartheid tecnológico que já acontece na Terra", explica.Com esse apartheid espacial, poucos terão acesso, de fato, "aos benefícios da colonização interplanetária", acrescenta. Além disso, o processo de militarização do espaço é evidente e cada vez mais vem se intensificando, enquanto a fiscalização do Espaço exterior é bastante frágil.De acordo com a professa da UFRJ, poucos países atuam na fronteira do conhecimento na tecnologia espacial, como EUA, Rússia e China (que também tem um projeto de enviar, futuramente, uma missão tripulada a Marte), além de iniciativas importantes de União Europeia, Japão e Índia. Nesse aspecto, ela volta a ressaltar os prováveis beneficiários de uma colonização espacial: bilionários, nações hegemônicas e elites tecnológicas.Ou seja, em um caso hipotético de colapso terrestre, apenas as elites escapariam: "Nem todos vão nessa nave, [...] é a nova Arca de Noé", arremata.
https://noticiabrasil.net.br/20250417/marte-proximo-alvo-do-imperialismo-dos-eua-39216929.html
https://noticiabrasil.net.br/20250310/como-paises-e-empresas-vao-lidar-com-propriedade-e-soberania-no-espaco-38786134.html
https://noticiabrasil.net.br/20250417/forca-espacial-dos-eua-aprimora-planos-de-armamento-para-nova-estrutura-de-combate-diz-midia--39214927.html
estados unidos
lua
china
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2025
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e6/02/09/21338171_39:0:2770:2048_1920x0_80_0_0_74d013b44e1aa3661f4824eb9436aeb2.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
ciência e tecnologia, sociedade, elon musk, estados unidos, lua, marte, spacex, espaço, corrida espacial, terra, exclusiva, rússia, china
ciência e tecnologia, sociedade, elon musk, estados unidos, lua, marte, spacex, espaço, corrida espacial, terra, exclusiva, rússia, china
Apartheid tecnológico: 'Poucos terão acesso aos benefícios da colonização interplanetária'
21:40 17.04.2025 (atualizado: 22:52 17.04.2025) Especiais
Curiosidade científica, ampliação da fronteira do conhecimento, instinto de sobrevivência inerente à espécie humana, dominação geopolítica e ampliação da fronteira do capitalismo: esses são os ingredientes que temperam a corrida à Marte no século XXI.
A
possibilidade de vida, sobretudo humana, fora da Terra, alimenta um debate interminável. Sem dúvidas, como garante a professora
Raquel dos Santos, docente de relações internacionais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), doutora em estudos estratégicos e especialista em cooperação espacial internacional, não há ambiente mais favorável para a vida humana do que o planeta Terra.
Os gastos que se sucedem com iniciativas de chegar a destinos como Marte, na intenção alegada de viabilizar um plano B para a humanidade, "
poderiam ser alocados à preservação da própria Terra", diz ela. Além do mais, a chegada ao planeta vizinho leva em média, segundo estudiosos,
cerca de nove anos.
Nenhum humano pisou ainda no Planeta Vermelho, apesar de já haver metas públicas. Em 2012, por exemplo, conforme lembra Dos Santos, "Elon Musk disse que em dez anos eles estariam em Marte; 2022 passou e eles não chegaram a Marte", mostrando que os prazos são simbólicos.
Além disso, os períodos propostos esbarram em "impeditivos tecnológicos, orçamentários e políticos". Outra complexidade evidente é enviar uma tripulação ao planeta. Ou seja, ainda há inúmeros desafios.
Trata-se, portanto, de um processo novo e cheio de interrogações. Segundo a analista, um paralelo possível para tentar compreender a
corrida espacial seria o
período das grandes navegações.
Nesse sentido, cabem também na comparação os propósitos dos "navegantes", que antes agiram em nome dos interesses imperiais e atualmente respondem pelas grandes empresas de tecnologia espacial em nome dos Estados, como é o caso da SpaceX, de Elon Musk, que "carrega a bandeira dos EUA".
"A gente não pode fechar os olhos para essa percepção do quanto que a empresa do Elon Musk está atrelada ao poder norte-americano e à presença dos Estados Unidos na exploração espacial. A gente tem aí uma mistura de duas percepções que, na verdade, caminham juntas: as grandes corporações privadas e os interesses do Estado em prol dessa corrida espacial."
Para a analista, inclusive
Musk e a SpaceX vão liderar essa nova era da corrida espacial,
haja vista o número de satélites, lançadores e lançamentos realizados anualmente pelos Estados Unidos. Por outro lado, a liderança da iniciativa privada tende a gerar "um cenário muito mais instável do que foi, por exemplo, a primeira fase da exploração espacial ainda na Guerra Fria".
Ao fim e ao cabo,
a astropolítica — pensar as relações políticas e estratégicas a partir do espaço exterior — é o que está no seio da corrida espacial. Trocando em miúdos: "Estão projetadas sobre o espaço as disputas estratégicas que nós temos aqui mesmo na Terra. E, ao projetar essas disputas, significa que existem zonas com maior ou menor valor. Marte,
a Lua, algumas zonas orbitais possuem um extremo valor dentro dessa disputa", explica Dos Santos.
O processo de extensão da forma política para o Espaço também projetaria características sociais, uma vez que "a política espacial não está desvinculada da política terrestre. Ela, na verdade, funciona como uma extensão desse apartheid tecnológico que já acontece na Terra", explica.
Com esse apartheid espacial, poucos terão acesso, de fato, "aos benefícios da colonização interplanetária", acrescenta. Além disso, o processo de
militarização do espaço é evidente e cada vez mais vem se intensificando, enquanto a fiscalização do Espaço exterior é bastante frágil.
De acordo com a professa da UFRJ, poucos países atuam na fronteira do conhecimento na tecnologia espacial, como
EUA, Rússia e China (que também tem um projeto de enviar, futuramente, uma
missão tripulada a Marte), além de iniciativas importantes de União Europeia, Japão e Índia. Nesse aspecto, ela volta a ressaltar os prováveis beneficiários de uma colonização espacial: bilionários, nações hegemônicas e elites tecnológicas.
Ou seja, em um caso hipotético de colapso terrestre, apenas as elites escapariam: "Nem todos vão nessa nave, [...] é a nova Arca de Noé", arremata.
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!
Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.
Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).